Sabemos que
chegar bem à velhice implica em perdas e ganhos. Mas quem aprende a aceitar e a
valorizar mais a maturidade tende a enfrentar a senescência com melhor
qualidade de vida. Assim, educar as diversas gerações para a compreensão do
processo de envelhecimento, marcado por transformações biopsicossociais, é
importante instrumento de promoção da longevidade ativa com tudo que a compõe,
inclusive saúde mental.
Já é sabido que
fatores como o acesso à educação, condição socioeconômica e gênero influenciam
a velhice. Por isso, estimular o desenvolvimento de competências e recursos
para o enfrentamento das vulnerabilidades individuais e ambientais dessa fase
da vida é importante para preservação cognitiva, sem a qual não existe
autonomia e independência.
É uma questão
urgente diante do avanço de diagnósticos de quadros demenciais. A demência já
afeta quase 50 milhões de indivíduos de baixa e média renda, segundo
Organização Mundial da Saúde. Estima-se que em 2030 esse número ultrapasse 75
milhões, com custo global dos cuidados em demência estimado em mais de US$ 1
trilhão. Os dados são do relatório do Plano Global de Ações em Demências, que
destaca ainda ser o Alzheimer o tipo de demência de maior incidência.
Está comprovado que a idade é um fator de risco não genético de grande potencial. E embora as pesquisas ainda sejam limitadas, há evidências suficientes para intervir com propostas para um envelhecimento digno e significativo para a população, sendo algo que todos os países podem fazer, independentemente de situação atual ou do grau de desenvolvimento econômico.
Estudo
apresentado no Congresso de Geriatria e Gerontologia, da pesquisadora Locimara
Ramos Kroef, psicóloga da Universidade para a Terceira Idade da UFRGS, destaca
que o saber adquirido pode realizar uma reformulação no contexto social e
pessoal da velhice, trazendo uma prevenção mais eficiente para evitar o
agravamento dos problemas próprios do envelhecimento, caso da demência.
Então porque não englobar também as fases que antecedem o envelhecimento na construção da cultura de aceitação da velhice? Aprender a envelhecer pode ser tão importante quanto compreender as particularidades dos idosos, que envolvem transtornos frequentes de depressão, ansiedade e suicídio.
Vale destacar novamente que as oportunidades educacionais são importantes antecedentes de ganhos evolutivos na velhice porque intensificam trocas de contatos e promovem aperfeiçoamento pessoal. Desenvolver sentimentos como autoconfiança e amor próprio são tão essenciais quanto recursos para novas pesquisas na luta contra os transtornos mentais.
Entre as iniciativas que favorecem a prevenção destacam-se a garantia de acesso do idoso a políticas públicas já implementadas, como as Universidades para a Terceira Idade (UniAtis). Trata-se de uma ação que favorece a intergeracionalidade, ferramenta eficiente para a promoção da saúde integral.
Promover o engajamento em grupos de atividades físicas também melhora a capacidade cognitiva. Aliás, qualquer tipo de lazer promove envolvimento social e não demanda grandes investimentos. Um caso bacana é o sarau literário para incentivar a escrita e a leitura de textos próprios ou de autores diversos. Algo que o grupo Estação LongevIDADE Ativa tem feito por meio do Facebook.
Nesse caminho, a tecnologia ajuda muito. Aprender a jogar, bem como aprender a programar os próprios jogos online têm dado bons resultados. Isso porque a estimulação mental faz nascer novos neurônios.
Disseminar eventos como a Virada da Maturidade, que acontece anualmente em grandes centros como a cidade de São Paulo, é outra ótima ferramenta intergeracional para educar e conscientizar toda a população da importância de aceitar bem o envelhecer. Algo inerente à natureza humana.
Diversos eventos estão programados para a semana que celebra o Dia Internacional das Pessoas Idosas, no dia 1 outubro. Entre todas as ações e atividades, a Longevidade Expo + Forum, em sua edição primeira, se destacou. Reuniu em São Paulo mais de 250 expositores e palestrantes que mostraram ser possível envelhecer com qualidade de vida. Mas a data – instituída pela ONU há 37 anos – deve nos conscientizar que, fora dos holofotes, muita coisa ainda precisa de atenção. Principalmente nos recônditos desse Brasil Sênior.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde um em cada seis idosos é vítima de algum tipo de violência. O dado faz
parte de um relatório publicado na revista Lancet Global Health, que alerta que
mais de 16% das pessoas com mais de 60 anos sofrem algum tipo de abuso. O
documento reforça que este tipo de violência vem aumentando.
Conforme a Lei 10.741, a
violência contra pessoa idosa é crime, portanto, não deve ser encarada como
algo normal. São necessárias campanhas que levem conhecimento às pessoas com
mais de 60 anos, para que eles conheçam seus direitos e tenham voz ativa para
se defender. O Disque 100, canal da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, é
um meio que pode ser utilizado e precisa ser divulgado.
Levantamento feito pelo
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos revelou que, em 2018, o
Disque 100 registrou um aumento de 13% no número de denúncias sobre violência
contra idosos, em relação ao ano anterior. Isso sem contar o que não é
denunciado. O serviço de atendimento recebeu 37.454 notificações, sendo que a
maioria das agressões foi cometida nas residências das vítimas (85,6%), por
filhos (52,9%) e netos (7,8%).
A triagem revela ainda que a
suscetibilidade das mulheres idosas é maior. Elas foram vítimas em 62,6% dos
casos e os homens, em 32,2%. Em 5,1% dos registros, o gênero da vítima não foi
informado.
Quanto à faixa etária, os dois
perfis que predominam são de pessoas com idade entre 76 e 80 anos (18,3%) e
entre 66 e 70 anos (16,2%). O relatório também destaca que quase metade das
vítimas (41,5%) se declarou branca, 26,6% eram pardas, 9,9% pretas e 0,7%
amarelas. As vítimas de origem indígena representam 0,4% do total.
As violações mais comuns
foram negligência (38%); violência
psicológica (26,5%), configurada quando há gestos de humilhação, hostilização
ou xingamentos; e a violência patrimonial, que ocorre quando o idoso tem seu
salário retido ou seus bens destruídos (19,9%).
A violência física
figura em quarto lugar, estando presente em 12,6% dos relatos levados ao Disque
100. Em alguns casos, mais de um tipo de violência foi cometido e, portanto,
comunicado à central.
Geograficamente, as
ocorrências estão concentradas no estado de São Paulo, que aparece em primeiro
lugar na lista, com 9.010 dos casos reportados. O estado de Minas Gerais ocupa
a segunda posição, com 5.379 registros, seguido por Rio de Janeiro, com 5.035 e
Rio Grande do Sul, que responde por 1.919 ocorrências.
Abandono e exclusão social
também são violência
Para o secretário
nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do ministério,
Antônio Costa, a violência contra idosos vai além de agressões classificadas
como maus tratos. Ele inclui o abandono e a exclusão social dessas pessoas como
graves problemas.
Uma das ações
governamentais de proteção a pessoas idosas é o Programa Viver, que tem como
finalidade a ampliação de oportunidades aos idosos, por meio da inclusão
digital e social. As ações abrangem as áreas da tecnologia, educação, saúde e
mobilidade física.
O programa tem o
propósito de resgatar a autoestima, conscientizar a pessoa idosa no âmbito da
educação financeira e dos direitos a ela inerentes. Além do programa, o governo
federal articula a Campanha Junho Lilás, que visa prevenir e identificar
situações de abuso contra idosos. Lançada este ano, a iniciativa integra um
movimento global de alusão ao Dia Internacional de Conscientização e Combate à
Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado no dia 15 de junho.
Nesta data, como em
todos os outros dias, é importante que a
gente se mobilize para compartilhar dados e disseminar iniciativas que ajudem a
coibir essa cruel realidade.
Com Agência Brasil, Unifesp e Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
Mais do que
as estatísticas, as histórias de vida com as quais nos deparamos no cotidiano
mostram que as mulheres são o sexo mais forte quando se trata não só de
longevidade, mas de sobrevivência. E não é só porque tradicionalmente se cuidam
mais. Existe uma combinação de fatores históricos que leva e eleva a discussão
da feminização da velhice para outros patamares. Porque como já é sabido, viver
mais não significa necessariamente viver melhor.
Documento
Envelhecimento saudável: uma política de saúde, da Organização Mundial de Saúde
(OMS), mostra que as mulheres até possuem a vantagem da vida longa, mas são
vítimas mais frequentes da violência doméstica e de discriminação no acesso à
educação, salário, alimentação, trabalho significativo, assistência à saúde,
heranças, medidas de seguro social e poder político.
Assim, as desigualdades por
sexo promovidas pelas condições estruturais e socioeconômicas em muitas
situações alteram além das condições de saúde, renda e dinâmica familiar. Por
isso, a parcela feminina da população idosa tem provocado maior impacto nas
demandas por políticas públicas e prestação de serviços de proteção social.
Inspiração para lidar com a nova realidade
O problema
não está restrito à população brasileira e um olhar sob o que tem sido feito
globalmente para enfrentar esse fenômeno da transição demográfica pode inspirar
a construção de uma sociedade mais preparada para lidar com essa realidade.Segundo
as estatísticas, em 2002 existiam 678 homens para cada mil mulheres idosas no
mundo. É bem maior o número de mulheres idosas, e as expectativas são as de que
as mulheres vivam, em média, de cinco a sete anos mais que os homens.
A estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU)
para 2040 aponta um número de 23,99 milhões de homens e 30,19 milhões de
mulheres, uma diferença de 6,2 milhões de mulheres em relação à população idosa
masculina. A razão de sexo deve cair para 79 homens para cada 100 mulheres
entre a população idosa. Ou seja, nos próximos anos vai crescer o excedente de
mulheres em cada grupo etário do topo da pirâmide.
No Brasil, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), as mulheres vivem, em média,
sete anos a mais do que os homens no país. Além disso, enquanto a expectativa
de vida das mulheres é de 78,6 anos, a expectativa de vida da população
masculina é de 71,3 anos. Isso ocorre porque as mulheres, na maioria das vezes,
possuem hábitos mais saudáveis do que os homens, além de procurarem com mais
frequência acompanhamento médico, o que permite a identificação e o tratamento
de possíveis doenças.
Outro fator de impacto é o aumento da criminalidade
no Brasil, que tem sido responsável pela redução da população masculina,
principalmente dos jovens com idade entre 18 e 29 anos, fato que tem
contribuído para esse desequilíbrio entre o número de homens e mulheres.
Acompanha ainda o processo de mudança uma maior participação social feminina. É
cada vez mais comum mulheres chefiando famílias e o seu ingresso no mercado de
trabalho, escreve José Eustáquio Alves, pesquisador do IBGE em artigo para o
Portal do Envelhecimento.
A velhice é feminina
Como resultado desse cenário, os
problemas e mudanças que acompanham o envelhecimento são predominantemente
femininos, pelo que se pode dizer que a velhice se feminilizou. Os aspectos do
envelhecimento feminino incluem além da discriminação e gerofobia, perdas
físicas e sociais, pobreza e solidão. Algo que implica em maior incidência de
doenças crônico-degenerativas e estados depressivos.
Desse contingente majoritário, existe uma alta
proporção de mulheres idosas que moram sozinhas em diferentes situações. Esse
fato foi denominado no passado de pirâmide da solidão. Mas como morar sozinho
não significa ser solitário, o denominado fenômeno da “pirâmide da solidão”,
indica apenas a existência de um crescente número de mulheres idosas sem companheiros.
Um fato positivo, entretanto, é que o novo
contingente de mulheres com mais de 60 anos tem revertido a desigualdade de
gênero na educação, fazendo com que o nível de escolaridade do sexo feminino
atualmente seja maior do que o do sexo masculino também entre a população
idosa. E a sociedade brasileira precisa saber aproveitar o potencial dessas
recém-chegadas à terceira idade, que possuem altos níveis educacionais, além de
ricas experiências de trabalho e de vida. Os idosos e, em especial, as idosas
podem se transformar em fonte de sabedoria e difusão de conhecimentos para toda
a sociedade.
Essa tal
sororidade
É, porém, essencial uma reflexão nesse caminho da
dissolvição dos preconceitos: a relação entre as próprias mulheres. Há uma tendência latente no meio social de idosas
cuidando de outras idosas.
Assim, além de questionar as
razões que levam mulheres brasileiras a aceitar e fortalecer, com seus medos e
inseguranças, os preconceitos com relação ao envelhecimento feminino, é preciso
uma mudança no modo como enxergamos e julgamos umas às
outras, a partir do conceito da sororidade, para tecer nossas vidas com
liberdade e apoio.
Outro
fato a se considerar é que a maioria das idosas de hoje vêm de uma juventude
dura, carregada por um estilo de vida familiar completamente diferente do cotidiano
da atualidade. Muitas sequer tiveram direto de escolhas. Diante da vida
moderna, enfrentam um choque cultural e tendem a se angustiar.
Por
isso, a questão da saúde mental é cada vez mais preocupante e demanda políticas
públicas mais consistentes, voltadas para a feminização da velhice. Um trabalho
de ressocialização, por exemplo, é uma alternativa viável para as mulheres
longevas encarem o envelhecimento como um momento em que dá para realizar
sonhos, viajar, estudar e ampliar seus horizontes.
Não é algo ainda tão visível. Aos poucos, o movimento de inclusão etária nas empresas começa a refletir a nova realidade demográfica. Isso não significa, contudo, uma mudança de mentalidade. Algo que ainda precisa ser disseminado para acompanhar o envelhecimento do Brasil e atender as necessidades do mercado de trabalho.
É velho o discurso de que o desequilíbrio entre a decrescente mão de obra jovem – e idosos recebendo suas aposentadorias – sobrecarrega o sistema previdenciário e de saúde. Mas o que estamos fazendo para que ônus se torne bônus? Porque existem sim alternativas para resolver a equação.
E uma delas está diretamente relacionada ao entendimento das empresas sobre esse processo de envelhecimento e seu impacto nos negócios. Algo que deve começar por uma liderança que seja capaz de criar uma cultura organizacional, segundo Susana Falchi, CEO da HSD Consultoria.
Ainda que o percentual de pessoas acima de 60 anos no mercado de trabalho venha crescendo segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – uma minoria tem carteira assinada, o que pode ser considerado artigo de luxo hoje em dia em qualquer idade. A maior parte ainda está na informalidade ou em ocupações por conta própria, como todos os brasileiros.
Contudo, algumas empresas passaram a lançar programas com vagas abertas apenas para pessoas de idade mais avançada. É parte de um esforço de diversidade que já era observado em relação a gênero e raça.
O mais usual é que o trabalho seja flexível, por meio de empreendedores, autônomos, ou à distância. Até aí também uma tendência global que aumenta no mundo todo, independentemente da idade.
Contrapartida do profissional
Essa abertura exige contrapartida dos mais velhos, que além de compreenderem que a dinâmica de trabalho agora é outra, precisam se requalificar, principalmente, no que se refere ao uso das tecnologias.
Nesse caminho, já existem inúmeras iniciativas voltadas para ressignificar essa etapa da vida. A Uni Inversidade, iniciativa do Lab60+, por exemplo, organiza dois programas, o Reinvente-se! e o Empreenda-se!, cuja proposta é contribuir para a reinvenção profissional a partir da segunda metade da vida. A ideia é disseminar o conceito de autoempreender.
O Reinvente-se! faz uma reflexão retrospectiva, ao fortalecer e apreender o que a pessoa já desenvolveu. E segue para uma análise prospectiva daquilo que ela pode passar a oferecer profissionalmente, a partir da definição de um propósito de vida para esta nova etapa. A partir daí, o Empreenda-se! ajuda a concretizar esta possibilidade de uma forma mais objetiva, trazendo uma visão de modelo de negócios.
Trata-se de uma iniciativa desenvolvida de forma colaborativa com universidades, empresas B, seniores e profissionais, todos associados ao Movimento LAB60+, vinculados com a causa da longevidade, e em parceria com redes de inovação e impacto social, como SESI, SESC, ImpactHub e o Sistema B.
Sistema B é um movimento global que pretende redefinir o conceito de sucesso nos negócios e identificar empresas que utilizem seu poder de mercado para solucionar algum tema social e ambiental. Criada nos Estados Unidos, a iniciativa tem o objetivo de apoiar e certificar as empresas que criam produtos e serviços voltados para resolver problemas socioambientais.
Criando novas profissões
Recentemente também o Lab60+ lançou o Labora, que tem como alvo as empresas. A meta é convencer as organizações a ter 15% de sua força de trabalho com perfil 50+. “Para isso, o desafio é criar profissões que aproveitem todo o potencial desse público”, conta Sérgio Serapião, fundador do movimento Lab+, em entrevista ao Instituto da Longevidade Mongeral Aegon.
Bancos, farmacêuticas e empresas de beleza já indicaram interesse em participar. Para o Itaú, por exemplo, foi criada criamos uma profissão que deve melhorar a qualidade de atendimento nas agências. O sênior vai orientar o cliente que está se preparando para aposentar a ter um planejamento financeiro.
Vinte sêniores estão sendo treinados para essa função, que se vale das inteligências relacional e emocional do trabalhador. Por ser uma nova área de atuação, a expectativa é que não tire a posição de outro profissional.
Trabalho para aposentados
Outra iniciativa é o projeto de lei que cria o Regime Especial de Trabalho do Aposentado (Reta), proposto em conjunto pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A flexibilização das regras seria aplicada sobre os aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e do funcionalismo público.
A ideia é empregar esse contingente, que teria apenas o salário mensal sem os demais direitos trabalhistas, como férias e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com o estímulo da isenção da contribuição previdenciária e do FGTS para o empregador, a projeção é que, em 10 anos, poderiam ser incorporados ao mercado de trabalho 1,8 milhão de aposentados.
Se o interesse das empresas por trabalhadores mais velhos nunca foi notável, ao menos se percebe agora um olhar um pouco mais amigável para a diversidade etária e a convivência entre gerações dentro (e fora) do ambiente corporativo. Já é alguma coisa.
Não precisa ser idoso
nem cuidador para participar de debates em busca de cidades mais
inclusivas. Qualquer cidadão pode
integrar os conselhos municipais e ajudar a pensar políticas públicas que, no
futuro, vão beneficiar todo mundo. Questões importantes como a mobilidade
urbana ainda precisam ser asseguradas e estão longe de um consenso. E falar sobre esse tema significa estar
atento a várias situações do espaço público, que impactam diretamente nas
nossas vidas. Não se trata de criticar o governo, mas de se empenhar para
transformar o ambiente coletivo.
Agora, se o conselho dá voz aos idosos, ou maduros, seja lá qual for o nome dado ao envelhecimento, essa população ainda está muda. Hoje só metade das cidades tem esse canal de comunicação. O quadro piora quando se olham os estados isoladamente. Em Alagoas, 16% dos municípios contam com conselho. No Pará, no Amapá e em Roraima, 27%. Na Bahia, no Piauí e em Minas Gerais, 34%. Os dados são do IBGE.
Essa tímida difusão é um problema porque deixa a população mais velha quase tão invisível como era antes do governo Itamar, quando a lei pela primeira vez trouxe uma lista de direitos específicos para os brasileiros com mais de 60 anos. Era 1994. Um dos artigos determinou que cada cidade abrigaria um Conselho Municipal do Idoso, com a incumbência de fazer os novos direitos valerem e impedir que o poder público e a sociedade continuassem atropelando os mais velhos.
E, em razão das limitações de saúde
típicas da idade, os idosos dificilmente conseguem se mobilizar em ONGs que militem
por seus direitos — ao contrário de outros grupos também ignorados, como os
negros, os portadores do HIV e as pessoas com deficiência.
A presidente do Conselho do Idoso
de Florianópolis, Leny Nunes, afirma que os mais velhos são vítimas dos mais
variados tipos de violência o tempo todo. Ou seja, o idoso é violentado quando
lhe negam prioridade no banco, no ônibus ou no hospital, quando a cidade não
oferece infraestrutura adaptada para que ele possa ir e vir, quando a família
se apossa de sua aposentadoria, e quando os filhos o despejam numa instituição
de longa permanência [a atual denominação do asilo].
“O Brasil tem leis e políticas
suficientes e boas para o idoso, mas elas não são postas em prática. O que os
conselhos fazem é lutar para que o idoso tenha o respeito que merece”, diz.
Pioneira, a lei de 1994 foi criada
para atender o artigo da Constituição de 1988 que diz que “a família, a
sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas”. Ela, contudo,
vinha sendo ignorada sem pudor. Por isso, o Congresso aprovou em 2003 o
Estatuto do Idoso, mais abrangente, detalhado e punitivo do que a lei anterior.
Com o estatuto, os conselhos municipais tiveram sua utilidade reforçada.
Em Brasília, por exemplo, o
conselho do idoso pressiona o governo local a abrir vagas na educação de jovens
e adultos (EJA), o antigo supletivo, especificamente no período diurno. Há
poucos idosos na EJA porque as aulas quase sempre são ministradas à noite, nas
escolas que durante o dia oferecem o ensino regular a crianças e adolescentes.
Os mais velhos evitam sair à noite por motivos como a escassez de transporte
público, o risco aumentado de assaltos e até mesmo a friagem, que lhes ameaça a
saúde.
A demanda por escola na velhice não
é pequena. Enquanto a taxa de analfabetismo da população brasileira como um
todo é de 7%, o índice sobe para 20% entre os idosos e chega a 30% no caso dos
idosos negros. “Quando se fala no idoso,
pensa-se muito na pessoa adoecida, que precisa apenas de políticas públicas de
saúde e de assistência social. Mas não pode ser só isso”, diz o presidente do
Conselho do Idoso de Brasília, Ronnes Pereira.
Isso porque as pessoas estão cada
vez mais envelhecendo com saúde. Para não ser apartado da sociedade, o idoso
também tem de contar com políticas de educação, trabalho, esporte, lazer e
cultura.
Quando faltam políticas, cabe ao
conselho municipal acionar a prefeitura e os vereadores. Quando elas existem e
são desrespeitadas, recorre-se à polícia e ao Ministério Público. As leis
permitem que cada conselho crie um fundo, alimentado com verba pública e
doações, para custear projetos.
O conselho é formado por
funcionários da prefeitura e cidadãos comuns, que atuam de forma voluntária,
sem salário. Mesmo havendo conselheiros indicados pelo poder público, suas
despesas administrativas são custeadas pelos cofres municipais. O órgão não é
subordinado à prefeitura.
Ao mesmo tempo em que tanto acontece, parece que nada de novo se apresenta no universo da transição demográfica e do envelhecimento. Mas não é bem assim. Histórias de vida são sempre bem-vindas e nos trazem inspiração não só para escrever, como para tomar decisões que farão a diferença na nossa existência. Mas precisamos replicar essas boas experiências de alguma forma. Foi assim, conversando com o jornalista Ricardo Mucci, um ativista da maturidade moderna como eu, que despertei para o tema da importância do papel dos Conselhos de Idosos.
A nossa conversa foi justamente para entender melhor o projeto dele que, embora recém- nascido, já está estruturado para ganhar corpo. Trata-se da Rede Amigo do Idoso de São Paulo-RAISP, que envolve132 municípios com população acima de 50 mil habitantes.
Uma iniciativa aprovada e certificada pelo Conselho Estadual do Idoso de São Paulo e pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado de São Paulo. E que tem a Umana, empresa do Ricardo, e a Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino, Tecnologia e Cultura (Fapetec) à frente. Algo possível porque a Umana é o embrião da UP Sênior, uma plataforma de comunicação especializada na temática da longevidade.
Entre as ações verticais que integram o projeto está o lançamento do canal de TV-web ViverAgorae da promoção da SêniorWeek; a largada dos workshops SêniorDigitale a estreia do SouDino.com,que será o protagonista de palestras, conferências e eventos. A estratégia está alicerçada na produção e difusão de conteúdos em formato de estudos, projetos, palestras, portais, cursos e vídeos.
O conceito macro é composto por três pilares: Comunicar. Incluir. Transformar. “Entendemos que a qualidade da longevidade da geração sênior está diretamente ligada ao acesso à informação e ao conhecimento”, conta Ricardo.
A ideia é justamente atualizar e formar os Conselhos para conscientizar não só os idosos, mas toda sociedade da necessidade de discutir e implementar políticas públicas. Além disso, é preciso esclarecer para a população que os maduros superativos são exceção e não regra.
“Para a maioria a idade chega e há desafios que passam longe de bater recordes esportivos ou pular de paraquedas. São questões do dia a dia de quem enfrenta o envelhecimento na prática”.
Os conselhos funcionam como organização capaz de estreitar a relação entre o governo e sociedade civil a partir da participação popular em conjunto com a administração pública nas decisões regentes na sociedade. Um exercício de democracia na busca de soluções para os problemas sociais, com benefício da população como um todo.
Mas se os conselhos são tão fundamentais para desenvolvimento de áreas sociais porque o atual governo deu um passo atrás ao alterar seu funcionamento na esfera da União? É um retrocesso, de fato, como a maior parte das decisões que tem tomado o presidente Jair Bolsonaro.
Não à toa, a medida foi contestada pelo Grande Conselho Municipal do Idoso de São Paulo, presidido pela professora Marly Feitosa, que aprovou na sua assembleia da última semana Moção de Repúdio ao Decreto Federal 9893 de junho de 2019. Uma medida que desmontou o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa e criou um novo modelo que restringe a participação da sociedade civil.
Isso, contudo, não impede que os conselhos de âmbito municipal, permaneçam atuantes e contribuam para a definição dos planos de ação da cidade. Cada conselho atua de maneira diferente, de acordo com a realidade local. E, dentre as suas atribuições, inclui-se a defesa dos direitos dos cidadãos idosos.
Assim, mesmo quem ainda está longe da velhice também pode e precisa se mobilizar, inclusive participando desses conselhos. Muitos jovens ainda não veem que, quando lutam pelos idosos, acabam agindo em causa própria.
Os direitos que os jovens derem agora a essa população serão desfrutados por eles próprios no futuro.
Somos 13 milhões de brasileiros desempregados. É muita gente fora do mercado de trabalho, apesar de o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicar nesta sexta (28) ligeiro aumento no número de ocupados no segundo trimestre. Essa melhora está relacionada ao aumento do trabalho informal e da subocupação, quando se trabalha menos do que se pode e se precisa. Um cenário que tem levado muitas pessoas a transformar suas dificuldades em oportunidades de negócios. É o caso daqueles que lidam na prática com as questões do envelhecimento, em seus mais diversos aspectos.
Soma-se a isso o fato de o País oferecer muito pouco aos idosos e temos a equação perfeita para o surgimento de novas atividades. “Não é só questão de assistência e de mobilidade, é também companhia para quem se sente só”, diz Luciene Bottiglieri. E foi por experiência própria que ela, formada em Administração de Empresas e pós-graduada pela Faap em Mercadologia, decidiu mudar de rumo e criar a LB Concierge de Idosos.
Luciene é solteira, tem 48 anos de idade e não tem filhos. É a única mulher em uma família de 4 homens. Aprendeu a conviver com a demência progressiva do seu pai, já falecido, por 25 anos, mais o Alzheimer da sua mãe, também falecida, por 6 anos.
Arquivo pessoal LB Concierge de Idosos.
Concierge é um termo da língua francesa e é um cargo comum no ramo hoteleiro, consistindo na função do profissional responsável por atender as necessidades básicas e especiais dos hóspedes. Por se tratar de um conceito novo no Brasil, o concierge de idosos ainda é confundido com o cuidador ou com um acompanhante de idosos.
Na prática, a LB Concierge de Idosos é um “amigo social”, um facilitar na vida do idoso nas atividades que ele deseja realizar fora de casa. “Desenvolvemos um trabalho profissional, mas que preserva o caráter humanizado em que o idoso é sempre ouvido e respeitado”.
De acordo com ela, a tarefa é proporcionar comodidades ao idoso, e à família do mesmo, por meio da troca de experiências e um importante trabalho de assistência em atividades do cotidiano, lazer, entretenimento, bem estar e saúde.
Não é a única a perceber uma janela de oportunidades. Com mais de 14% das pessoas vivendo sozinhas, das quais 44,3% com mais de 60 anos de idade – segundo o próprio IBGE -, e a taxa de desemprego nas alturas, muita gente está se oferecendo como filho ou neto de aluguel.
Foi diante desse cenário e em busca de renda extra que engenheiro civil Aloísio Melo, 46 anos, virou neto de aluguel. Não foi diferente com o segurança Everaldo Silva, 48 anos, que criou um blog para vender o serviço de filho de aluguel.
Um na Grande Vitória (ES) e outro na Grande São Paulo (SP), respectivamente, usaram a criatividade para se recolocar no mercado e driblar a crise. E, na essência, oferecem o mesmo serviço: acompanhar o contratante em compromissos e atividades. Para ambos, a ideia surgiu a partir do trabalho como motorista do aplicativo Uber. Nas corridas, perceberam a carência de companhia e de auxílio de parte do público com mais de 60 anos de idade.
Paciência é a maior aliada
Aloísio foi além do acompanhamento. Ao ensinar uma senhora a baixar o app de transporte, percebeu que tinha jeito para ensinar esse público a “decifrar” as novas tecnologias. Passou, assim, a oferecer aulas. É preciso, diz ele, trabalhar no “tempo da pessoa”. “A paciência é minha grande aliada”, garante.
Já a proposta de Everaldo é oferecer transporte diferenciado. “A ideia é acompanhar ao médico, ao supermercado, ao banco ou ao shopping para um momento de lazer, tudo dentro de uma relação de amizade e confiança”, conta.
Não é, dizem eles, que a família não tem interesse em estar no dia a dia. Mas a rotina corrida dos filhos e dos netos nem sempre permite uma brecha na agenda. E filhos e netos de aluguel podem acompanhar nas consultas médicas e até ser parceria em viagem.
Referências de custo ainda são problema
E quanto custa o serviço de netos de aluguel? Nenhum dos dois fala em valores. Dizem que tudo é negociável no contato com os clientes. Há quem cobre por hora. E existe quem feche um preço pelo serviço, aos moldes do já popular marido de aluguel, contratado para fazer pequenos reparos domésticos.
Os contratantes ainda preferem os serviços de um cuidador, que tem formação na área e é uma atividade que passou a ser regulamentada, opina Claudio Hara, diretor do Centro Dia Angels4U e mestre em gerontologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Também é difícil mensurar um valor mínimo desse tipo de acompanhamento”, diz. “Talvez por isso ainda tenha se popularizado tão devagar.”
Apesar de ser uma opção para quem precisa de companhia em compromissos, o neto de aluguel ainda é visto por alguns com desconfiança. “Aqui em Marília [interior de São Paulo] não pegou apesar da oferta voluntária”, diz Adriana Cavallaris, 48 anos, outra potencial filha de aluguel “por vocação”.
Inspiração que vem da Espanha
Por falar em trabalho voluntário, não é a primeira vez que trago inspiração da Espanha, onde a moradia compartilhada para os maduros já faz um tremendo sucesso e parte da política pública. Leia aqui. Agora outro projeto que nasceu por lá ganha destaque. O “Adote Um Avô”, iniciativa de Alberto Cabanes, após uma visita ao próprio avô num lar para idosos, começou em Madri e se espalhou pelo país afora.
A ideia é levar companhia e alegria para milhares de idosos que vivem em asilos sem receber a visita de nenhum familiar. Mais de 1000 avôs e avós já foram “adotados”, por mais de 200 voluntários. “Tive a sorte de ser criado pelos meus avós e de aprender com eles valores valiosos. Ninguém merece estar só. E nos lares há muita solidão”, disse Alberto em entrevista ao El Mundo.
Divulgação
Em Portugal, uma fotógrafa fascinada pela velhice e que fez disso seu ganha-pão. A portuguesa Sandra Ventura se especializou em fotografar idosos em centros de dia e lares. No início era ela quem entrava em contato com as instituições. Hoje, porém, são as instituições de diversas partes de Portugal que a chamam.
Ela fotografa todos os idosos que querem ser fotografados, mesmo que não tenham famílias que depois comprem as fotos. As fotos vendidas é que geram lucro. “Fotografar crianças renderia muito mais porque os pais compram tudo e com os velhos ainda não é assim porque são vistos como inúteis ”, disse em entrevista ao portal de notícias Magg.
Uma visão que precisa mudar, mesmo que a conta-gotas.
Quando os problemas ambientais vieram à tona, toda a sociedade teve de passar por uma reeducação que a levou a rever seu comportamento. De lá para cá, o entendimento do ciclo de vida de um produto faz parte do cotidiano das mais diversas gerações, que entenderam a preservação do meio ambiente como algo essencial para o futuro do planeta. O desafio agora é modificar a compreensão sobre o ciclo da vida humana para ressignificar a longevidade, um fenômeno inédito para os brasileiros.
Eu não sei bem ao certo quando começou meu interesse pela transição demográfica e pelo impacto do envelhecimento no mundo. Mas eu sei que tenho tido oportunidades incríveis de mudar meu olhar sobre a maturidade, arregaçar as mangas e tomar atitudes práticas para colaborar com esse processo.
Até meu temor de ficar velha e não ser mais quem eu sou passou. Não é porque envelhecemos que necessariamente perdemos nossa essência. E tenho tentado fazer a lição de casa direito, cuidando do corpo e da mente, já pensando numa velhice com autonomia.
“Toda idade tem prazer e medo”, como canta Frejat em Amor pra Recomeçar.
Mas eu penso que tenho tido mais prazer do que medo…Estou feliz em perceber que o correr dos anos me fez mais tolerante e generosa. É claro que isso não é uma regra e já tratamos da diversidade no envelhecimento aqui nesta Casa.
Óbvio que o despertar para a longevidade bem vivida se intensifica dia a dia desde que passei a conviver com as peripécias da minha dupla de velhinhos. Meus pais são fonte de inspiração para muitos dos temas aqui tratados por mim.
E se tem uma coisa que percebi ao me mudar pra uma cidade do interior por causa deles, é quão importante pode ser a colaboração nessa fase.
Conviver numa comunidade colaborativa pode nos tornar pessoas mais maleáveis. O que nos leva a aceitar os desafios impostos pelos anos e a envelhecer melhor.
E, vamos combinar, é igualzinho no mundo virtual, que abre oportunidades ímpares de colaboração. Esse blábláblá todo pra contar que encontrei muita gente bacana por esse caminho que a minha vida tomou.
Gente que, assim como eu, se dedica a buscar soluções para este Brasil Sênior.
E a partir do momento que temos a mesma (boa) intenção nada mais natural que exista uma colaboração entre nós. E que ela vá além da tecnologia. Assim surgiu minha parceria com a Ana, do Portal Plena, e com a Juraci, do Viva a Velhice. Um blog que como ela mesmo descreve é feito pra todas as idades.
Não podia deixar de me referir também a colega Katia Brito, do Nova Maturidade, um canal super bacana e do qual passo a reproduzir conteúdo. É de lá as informações que trago sobre a edição do Simpósio da Longevidade Ativa.
Munidos pelas novas tecnologias
Como tem sido anualmente, foi um dia todo de debate sobre quatro pilares do envelhecimento ativo – Cuidados, Informática, Preconceito e Saúde Mental. Realizado na USP, o evento trouxe a visão de especialistas como a professora Monica Perracini, do programa de Mestrado e Doutorado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid). Ela destacou a tecnologia como uma importante ferramenta para se viver melhor.
Como escrevi em Movimento para inclusão digital do idoso ganha força, a longevidade também tem aberto um enorme potencial para novos negócios. E atrai a atenção de startups, que apostam na criação de produtos e serviços que vão desde casas inteligentes e dispositivos de segurança até assistentes digitais de saúde e acompanhamento social e cognitivo.
“A tecnologia pode ajudar, mas não deve substituir o contato, que transforma quem recebe e quem oferece o cuidado”, alertou Monica.
Contato virtual estimula contato real
O contato real é essencial, mas a interação digital pode ajudar e muito. É que apontou a gerontóloga Glaucia Martins de Oliveira Alvarenga. Ela trouxe dados sobre os impactos das redes sociais na redução dos riscos de isolamento e solidão.
Sua pesquisa revela que com a maior integração, os idosos descobrem novas habilidades. A inclusão digital provoca ainda a atualização e colaboração, criando outras novas redes de suporte.
A tecnologia também pautou o diálogo com Fabio Ota, CEO da International School of Game, a IS Game. Ele apresentou o trabalho da empresa que ensina adultos 50+ a desenvolver games, contribuindo para o desenvolvimento do raciocínio lógico e a prevenção do declínio cognitivo. O projeto que funciona na Unicamp, tem unidades em São Paulo, e foi financiado pela Fapesp.
O principal desafio, segundo contou, foi e ainda é o preconceito por parte dos próprios idosos. Daí a criação do projeto Cérebro Ativo, uma academia de ginástica cerebral, que aos poucos vai quebrando essa barreira.
E falando em preconceito, o professor Egídio Lima Dórea, organizador do simpósio e coordenador da USP Aberta à Terceira Idade, moderou um módulo inteirinho sobre o assunto.
Foi quando o professor Jorge Felix, do Centro de Estudos da Economia da Longevidade, abordou a tradução do termo “ageism”, criado pelo psiquiatra americano Robert Butler, em 1968. Ele defende que o mais adequado seria adotarmos “idosismo”, e não “ageísmo” como é utilizado hoje. Isso porque, segundo Felix, o termo atual retira a ênfase da pessoa idosa, nega a velhice, não caracteriza a estigmatização e fragiliza o sujeito político na esfera pública.
Competências para o mercado de trabalho
O preconceito no mercado de trabalho foi discutido pela consultora organizacional psicodramatista, Izabela Toledo, da FESA Group. Ela trouxe o exemplo de seu avô Celso Falabella de Figueiredo Castro, que faleceu aos 103 anos, e foi lúcido até os cem.
Contando a história dele, ela destacou as competências que ele tinha e hoje são exigidas: adaptabilidade e resiliência; curiosidade pela vida e aprendizagem; coragem para experimentar e mudar; e relacionamento, além do sentido de pertencer.
Por isso, é preciso vencer os nossos próprios preconceitos, a dificuldade de lidar com o desconhecido, e encarar o novo como uma possibilidade de aprender algo diferente.
O preconceito nas instituições de saúde existe e foi destacado pela professora Ana Cláudia Bonilha, doutoranda em Saúde Coletiva. Na sua avaliação, a saída para amenizar o problema é ajustar o modelo de atendimento ao idoso, rever valores e crenças que causam a discriminação etária e formar profissionais capacitados.
Ana Cláudia usou o termo “gerontofobia sanitária” para a aversão do idoso no campo da saúde, que resulta na generalização de dores, uma investigação pouco minuciosa dos sintomas e o preconceito em diagnosticar doenças sexualmente transmissíveis.
O que eu posso fazer de verdade?
Dórea também foi moderador do módulo inicialmente chamado de Saúde Mental, mas renomeado por ele de Bem-estar. Rui Afonso, do Grupo de Bem-Estar e Práticas Contemplativas do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, abordou os benefícios da meditação, para qualidade de vida.
“Adotar um novo estilo de viver, atividade física e alimentação pode retirar a pessoa do envelhecimento mal sucedido”, disse.
Ele ressaltou os aspectos positivos da atenção sustentada na prática contemplativa, quando a pessoa se concentra e relaxa a lógica, ou seja, não analisa, não julga e não cria expectativas.
O tema “Envelhecimento e Propósito” encerrou o evento, que contou com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de José Gregori,ambos com 88 anos. “É um momento de requalificar, redimensionar, repensar as coisas, e perceber se ao que se dedicou valeu realmente a pena”, disse Gregori, presente também na edição do ano passado.
Para FHC, a vida é feita de acasos. Ele destacou a importância de viver a plenitude de cada momento, manter uma jovialidade espiritual e a capacidade de entender o que está mudando, diante das enormes transformações do mundo. E, em vez de pensar no que passou ou ficar idealizando o que vai acontecer, buscar o que de fato pode ser feito.
Todo dia quando encontro minha mãe ela reclama de algo no smartphone porque não sabe mexer direito. O fato é que ela fuça pra caramba e acho isso bom. Além de distrair-se com o WhatsApp, o ato estimula suas funções cognitivas como memória, velocidade de resposta e raciocínio. E isso já é comprovado cientificamente.
Mas antes da minha mudança aqui pra perto, ela sequer tinha acesso a internet. E além de pegar no seu pé pela alimentação e prática de atividade física, a estimulei a desbravar esse mundo novo de possibilidades, como acessar o internet banking para controlar o seu orçamento.
Embora tenha sido difícil no começo (e ainda é), é um dever da gente ajudar nessa transição. É claro que nem todo mundo tem paciência e eu mesma já perdi a minha zilhões de vezes, mas já há um movimento inteirinho destinado a inclusão dos 60+ nesse admirável mundo digital. O Senior Geek tá aí pra isso é a prova de que muita coisa bacana pode render a partir dessa boa vontade.
“Acreditamos que tecnologia serve para conectar e não para excluir. Ajudamos os 60+ a desenvolver habilidades no mundo digital de forma simples e divertida por meio de cursos, workshops e bate-papos”, conta o idealizador do projeto, Dudu Balochini, da Totalidade Produtora e Consultoria.
Sinal de que o movimento tem dado resultado vem do Google, que elegeu a Senior Geek como startup zone de 2019. Trata-se de um programa realizado no Campus de São Paulo em que o próprio Google oferece mentoria a iniciativas como a de Balochini.
Foi lá que aconteceu o encontro do qual participei no finalzinho de abril. Os assuntos tratados foram os mais diversos. As pautas incluíram desde a postura adequada para usar celular e o papel do influenciadores seniores, até o potencial do mercado prateado e a telemedicina.
Batizado Business for Senior, B2S, os negócios digitais para e idealizados por maduros têm ganhado espaço em todos os cantos. No final de abril também, a Vila Mariana, o bairro que me abrigou por mais de duas décadas em São Paulo, acolheu também o primeiro hub de inovação do Brasil especializado no público sênior.
Para quem está no limbo dos 50
De acordo com os sócios do projeto, um trio de professores egressos da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing, a NEXTT 49+ chega para auxiliar profissionais em transição de carreira e até mesmo aposentados que desejam empreender, investindo em um negócio próprio.
Um público que está em crescente ascensão na sociedade brasileira e que anda desassistido, seja como empreendedor, seja pelo próprio mercado, que lentamente vem descobrindo seu enorme potencial.
Embora não tenha acesso aos benefícios dos 60+, é um grupo que padece de atendimento. Os 49+ representam cerca de 50% da renda bruta familiar e não encontram produtos e serviços desenvolvidos especialmente para seu perfil.
E das 2,6 milhões empresas criadas no País no ano de 2018, 34,2% delas tem por trás pessoas acima dos 50 anos, de acordo com o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. É aí que a NEXTT 49+ pode ajudar, com metodologia desenhada para gerar valor e oportunidades para startups, envolvendo grandes empresas e investidores, em uma iniciativa que vai além de um local compartilhado de trabalho.
Além dos empreendedores, a NEXTT 49+ também vai atender executivos seniores que precisam se adaptar ao mercado de trabalho e às transformações digitais e, ainda, empresas de qualquer porte que desejam criar produtos ou serviços para o público maduro.
Tecnologia como aliada da longevidade
A terceira edição do Simpósio de Envelhecimento Ativo da USP – Universidade de São Paulo, é outra iniciativa que este ano dedicou dois painéis inteirinhos para o assunto ao tratar da revolução tecnológica como aliada da longevidade. Realizado hoje, 16 de maio, o evento reúne profissionais da saúde, estudantes e pesquisadores interessados na área da longevidade.
De acordo com o professor Egídio Lima Dórea, coordenador do Programa de Envelhecimento Ativo da USP, estamos vivendo uma revolução da longevidade que é fundamentada pelo aumento significativo da população idosa mundial. E pela ruptura de vários padrões relacionados ao idoso e do seu papel na sociedade.
“É de fundamental importância que seja criada uma cultura de saúde e bem-estar na maturidade, que inclua, pelos brasileiros, a adoção de hábitos mais saudáveis e atitudes preventivas para que se possa chegar a idades mais avançadas em boas condições física, mental, psicológica e espiritual”, destaca.
As palestras foram desenvolvidas tendo como base o conceito dos quatro pilares – saúde, segurança, participação e aprendizado continuado – desenvolvidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2002, quando lançou o alerta “Envelhecer bem deve ser prioridade global” ao constatar que a população de 60 anos será maior do que os menores de cinco anos em 2021.
O número de idosos cresceu 18% em cinco anos, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017, segundo pesquisa nacional realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. As mulheres são maioria expressiva nesse grupo, com 16,9 milhões (56%), enquanto os homens idosos são 13,3 milhões (44%). Outro estudo, realizado pelo Sistema Estadual de Análise de Dados – Seade, aponta que a população idosa do Estado de São Paulo representa 14,8% dos 44 milhões de habitantes.
Importante destacar que quando se tem boa vontade sempre dá pra ajudar. O nosso papel é incluir aqueles que estão mais próximos. E nessa hora é preciso uma geropedagogia que eduque o idoso para ele seja o protagonista do próprio envelhecer.
Faça sua parte!
Deixo como exemplo o caso do estudante de Direito Alexandre Drabecki, de Curitiba. Ele criou um tutorial para a avó da namorada aprender a usar o WhatsApp no primeiro smartphone da senhorinha.
Desenhado a mão, o manual traz os ícones da rede social e explica o significado de cada um em detalhes. Os comandos vão desde como abrir o aplicativo no celular até ouvir e gravar áudios.
As pessoas curtiram a postagem em que ele conta o feito e logo começaram a pedir para compartilhar o material disponibilizado por ele aqui.
Que tal ensinar algum amigo ou parente mais velho também?
Não são poucos os sinais de que até os países mais desenvolvidos enfrentam dificuldades para lidar com o envelhecimento. Reportagem recente da BBC mostra que aposentados japoneses têm cometido pequenos delitos em busca de abrigo nos presídios, onde recebem três refeições por dia e não tem nenhuma conta a pagar. O resultado disso é que quase um terço dos presos agora têm mais de 60 anos. E esse é apenas um aspecto das mudanças que ocorrem a partir da transição demográfica que atravessamos.
O fato é que nossa longevidade, associada à redução das crianças, implica em transformações profundas em todas as frentes. Assim, compreender o impacto global de um Brasil mais idoso será essencial para seu desenvolvimento.
Agora, se não é fácil administrar nem a família, imagina uma população que deve chegar a quase 65 milhões de pessoas em 2050, três vezes mais do que em 2010, segundo o IBGE.
É por isso que resolvi voltar aos bancos escolares para cursar Gerontologia. Mas e o Jornalismo? Calma lá! Dá para conciliar as duas coisas.
E, com certeza, serei bem mais útil para a sociedade adquirindo conhecimento para atender a demanda da população idosa, visto que o fortalecimento da área por aqui é vital para o País.
Você conhece a UNA-SUS?
Bom, tudo isso para contar que enquanto pesquisava as ofertas de cursos encontrei muita informação bacana. Também me matriculei na Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde pra sentir se daria conta dos estudos. Já ouviu falar da UNA-SUS?
Trata-se de uma plataforma que disponibiliza conhecimento e atualização para diversos profissionais gratuitamente. E da qual eu recebi hoje o certificado do curso Envelhecimento da População Brasileira – 2019.
Espero sinceramente que esse seja apenas o primeiro de muitos!
Embora nesta Casa eu tenha aprendido muito com a convivência de dois maduros – como agora são chamados os idosos -, entender a gestão da longevidade, do ponto de vista teórico, é essencial para tomada de decisões que afetarão minha vida futura. E, de quebra, é uma baita ginástica para minha mente.
Musculação para o cérebro
Porque não é só corpo que precisa se exercitar, não! E estudar, seja lá qual for o assunto, é musculação para o cérebro.
Se você exerce o papel de cuidador na família, super recomendo os cursos a distância da UNA-SUS para entender melhor esse contexto. O sistema foi criado em 2010 para atender às necessidades de capacitação e educação permanente dos profissionais que atuam no SUS. Mas extrapolaram essa barreira.
E hoje há opções para qualquer profissional. Mesmo os maduros interessados em conhecer melhor esta fase da vida podem acompanhar sem grandes dificuldades alguns programas na plataforma.
É importante pra todo mundo porque a gestão do envelhecimento demanda compreensão das mudanças do corpo; avaliação das condições psicológicas e sociológicas; conhecimento dos direitos humanos; além da percepção do impacto que a arquitetura de um ambiente causa no indivíduo.
Essas e outras questões são da alçada de um gerontólogo, que é bem diferente de um geriatra. A Geriatria, por sua vez, é uma especialidade médica que estuda doenças ligadas ao envelhecimento.
“Costumam achar que gerontólogo é dentista ou médico, além de confundirem com geriatria”.
Eva Bettine, presidente da Associação Brasileira de Gerontologia
Eva trabalhava com tecnologia da informação (TI) quando decidiu, por volta dos 50 anos, que começaria uma nova carreira. Assistindo à televisão, viu uma reportagem sobre os novos cursos da USP e se interessou por Gerontologia. “Acredito que a área tem o papel social de atender à demanda da população idosa, que antes não tinha muita qualidade de vida. Era como se a morte fosse ludibriada com as inovações médicas, mas não havia um ganho real”, conta.
Diversas áreas do saber
Sempre esteve claro para o professor Henrique Salmazo, da pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, a necessidade de investir nos estudos para consolidação da carreira como ciência e profissão. “Hoje, não se trata de demanda apenas de profissionais da Saúde”, diz.
Os interessados pelo curso, assim como esta que vos escreve, pertencem a diversas áreas do saber, incluindo economia, direito, psicologia, serviço social, entre outros.
Salmazo decidiu a carreira por uma questão muito afetiva: “Meus avós representam sabedoria, escuta e acolhida. Cuidar deles, para mim, era um privilégio”. Durante a graduação, teve oportunidade de participar da criação da Liga Acadêmica de Gerontologia e da Associação Brasileira de Gerontologia, onde ocupa o cargo de vice-presidente.
Em seu mestrado, realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, teve o desafio de implantar e coordenar a Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) no município de São Paulo. Depois, ajudou na implantação de centros-dia para idosos e nos grupos de trabalho que debatiam a regulamentação do exercício profissional do bacharel em Gerontologia.
“Creio que todos nós somos formadores de opinião para que o envelhecimento seja um processo assistido, orientado e bem cuidado”, afirma Salmazo, que está trabalhando em três projetos científicos na área.
Aprender para empreender
Jullyane Marques fez sua graduação e mestrado na USP. Agora, atua como diretora operacional e co-fundadora de uma empresa de cuidadores e home care, a Onix – Gestão de Cuidado ao Idoso. “Tudo o que o familiar não pode fazer, a gente faz. Desde acompanhar a pessoa idosa em passeios até pensar em como melhorar o ambiente domiciliar para aqueles que são mais dependentes”, conta.
Neste cenário, o gerontólogo cumpre papel de gestor que visualiza, ao menos, três pontos de vista: paciente, família e cuidador. “O papel da empresa também pretende evitar a opressão de um desses em relação ao outro. Para isso, a comunicação é um fator primordial”, explica.
Ela destaca que o gerontólogo sugere o encaminhamento do cuidado e supervisiona a situação, enquanto o cuidador cumpre uma tarefa mais operacional. Um grande desafio para ambos, entretanto, pode ser no entendimento da família com relação ao trabalho que estão exercendo.
“Algumas famílias ficam receosas com a presença de um gerontólogo em meio ao ambiente familiar. Não entendem que, para melhorar a qualidade de vida do paciente, temos que entender a situação por completo”, explica Jullyane.
Uma carreira, muitos caminhos
A cuidadora Tânia Maria Menezes de Oliveira acompanha Nazareth há quatro anos. A rotina de 12 horas compreende banhos, refeições e passeios. “Com 95 anos de idade, por conta da velhice natural, ela está precisando cada vez mais de cuidados. Tem dias em que ela está, assim como hoje, um pouco mais sonolenta, mas em outro está conversando bastante.
Tânia fez um curso de cuidados à saúde do idoso, no qual aprendeu a parte técnica da profissão. A escolha foi feita devido a uma identificação com idosos e de amor ao cuidado com o outro.
Tiago Nascimento Ordonez trabalha como coordenador do Centro de Convivência Municipal da Pessoa Idosa (CCMI) de Diadema. Ele elabora atividades que acontecem no local e pensa em políticas públicas na área. Uma de suas funções preferidas é organizar intervenções que abordam conceitos de intergeracionalidade.
“É importante para romper com estereótipos, por exemplo, o de crianças acharem que só existem idosos lentos e doentes. O intuito é relembrá-las de que uma pessoa idosa já foi uma criança antes”, afirma.
Quanto à gestão de políticas públicas para a pessoa idosa, Ordonez acredita que o Brasil está caminhando para isso. Ele fez uma especialização em Estatística e utiliza esse conhecimento para argumentar e realizar os projetos do equipamento público com base em dados reais: “fornece maior credibilidade”.
Ele estudou na segunda turma do curso de Gerontologia da EACH. Enquanto estava na graduação, teve a oportunidade de ajudar na implantação da Universidade Aberta à Terceira Idade da USP, no campus da zona leste de São Paulo, onde estudava. O convite foi feito pela professora Meire Cachioni, coordenadora do projeto.
De acordo com ele, é um pouco similar ao trabalho que realiza atualmente, no sentido de desenvolver grupos de encontros com temas que “agregassem para o bem-estar da pessoa idosa, além da Universidade servir como um centro de convivência social.” Ordonez se interessou por Gerontologia exatamente por ser uma profissão que permite o contato humano a partir de um papel de gestor.
Função estratégica
Tamiles Mayumi Miyamoto trabalha em uma operadora de saúde com foco em pessoas idosas. Ela é responsável por elaborar um plano de gestão da saúde do idoso. Uma de suas principais ferramentas são os indicadores de especialidade médica. “Faço um trabalho de analista de dados, o intuito é olhar de forma integrada aquilo o que está acontecendo com a pessoa idosa”, conta.
Um gerontólogo não precisa, necessariamente, ter contato direto com o paciente. É uma função mais estratégica. Ela ressalta que a formação compreende o entendimento do processo do envelhecimento e isso pode envolver muitos cargos diferentes dentro de uma mesma profissão.
Antes de fazer parte da operadora de saúde, Tamiles trabalhava em um núcleo de convivência do idoso. “Era uma ONG vinculada ao setor público. Nela, eu realizava um papel de gerenciamento de pessoas idosas e por isso tinha bastante contato com elas. Foi algo que trouxe bastante aprendizado, bem como o que faço agora no mundo corporativo”, conta.
Tamiles decidiu fazer Gerontologia na USP por ter uma preocupação com os idosos tanto no quesito psicológico quanto social. “Muito advém da vivência no dia a dia, como em transporte público, shoppings e mercados. É notável que a população idosa está cada vez maior.”