A primavera chegou, mas outubro continua amarelo

A cada 40 segundos, uma pessoa se mata no mundo. Isso é mais do que guerra e homicídios juntos. No Brasil, a taxa de homicídios é maior, mas o número não deixa de ser assustador: são 32 casos por dia. Apesar de ser chamada de “epidemia silenciosa”, há informações disponíveis que são muito úteis para prevenção. Precisam ser divulgadas e colocadas em prática.

Já escrevi aqui sobre o aumento alarmante de suicídio, principalmente entre idosos. E não custa retornar ao tema quando se dedica um mês inteiro, e um tantinho a mais, voltado a sua prevenção. A Universidade de São Paulo está com várias atividades abertas ao público até outubro.  O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) promove simpósios para ajudar os profissionais da Saúde a lidarem com a situação, tratada como epidemia silenciosa. E eu aproveito para recomendar a leitura de um livro incrível, que muito me ajudou durante a fase mais aguda da depressão que tive, há pouco mais de 15 anos. Chama-se “Demônio do meio-dia: Uma anatomia da depressão”, de Andrew Salomon.

Leitura para ser feita a qualquer tempo e em qualquer estação. Afinal, a Primavera está aí para florescer é dentro da gente! Eu gosto muito de uma letra do Ney Matogrosso (ele de novo, sim!!!!) – da época do Secos & Molhados. É uma poesia maravilhosa sobre resistência em qualquer circunstância:

“Quem tem consciência para ter coragem

Quem tem a força de saber que existe

E no centro da própria engrenagem

Inventa a contra-mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado

Quem já perdido nunca desespera

E envolto em tempestade decepado

Entre os dentes segura a primavera”

Primavera Nos Dentes

E para resistir, o primeiro passo é reconhecer a doença. E admitir que se é portador de algo que precisa ser tão controlado como diabetes ou hipertensão. Precisamos de um novo olhar para os transtornos mentais, que nada mais são que disfunções no funcionamento da mente. E sim, podem afetar qualquer pessoa e em qualquer idade e, geralmente, são provocados por complexas alterações do sistema nervoso central.

Existem diversos tipos de transtornos, que são classificados em tipos, e alguns dos mais comuns incluem aqueles relacionados à ansiedade, depressão, compulsão e alimentação, para citar alguns dos meus velhos conhecidos. E quanto mais informação divulgada maior a chance de prestar assistência a quem precisa. Então, vamos lá!

Debates e assistência psicológica

Até o dia 10 de outubro, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo promove atividades do Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Desde 11 de setembro tem sido realizadas palestras, mesas-redondas, oficinas e atividades culturais, voltadas ao debate e ao acolhimento sobre saúde mental.

Professores da FFLCH e de outras unidades da USP e especialistas de instituições de ensino e saúde vão discutir o assunto de uma forma interdisciplinar. Todas as atividades são gratuitas, mas é preciso inscrição para as oficinas. Interessados devem acessar a  página Setembro Amarelo FFLCHpara se cadastrar.

Plantão de atendimento

No Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), serão oferecidos plantões de atendimento psicológico, sob coordenação da psicóloga Margareth Labate. Eles são promovidos pela Comissão de Apoio à Comunidade (CAC) do instituto. Os atendimentos são gratuitos e acontecem nas salas 205 e 206 do prédio ICB IV, das 10 às 18 horas, às terças e quintas-feiras do mês de setembro.

São Carlos

Em São Carlos, a programação começou no dia 13 de setembro e foi desenvolvida conjuntamente entre a Prefeitura do Campus USP de São Carlos (Serviço Social, Centro Cultural e Cefer), Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Teatro da USP (Tusp), Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (Caaso) e Sanca Social.

Os eventos são destinados a toda a comunidade (alunos, professores e funcionários técnico-administrativos). Não é necessário realizar inscrição prévia. Informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3373-9111.

Ribeirão Preto

Serviços de rotina em saúde mental são oferecidos para todas as unidades do campus pela equipe do Centro de Orientação Psicológica (COPi) – setor especializado no atendimento clínico a alunos e funcionários, mantido pela Prefeitura do Campus da USP em Ribeirão Preto (PUSP-RP). A sede do COPi fica na Rua Clóvis Vieira, casa 32, no campus. Medicina, Direito, Administração e Educação Física também programaram atividades.

Rio Preto

Setembro RP

Em Rio Preto, o Centro de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Estadual de Saúde, promove, no dia 27 de setembro, o 1º Simpósio Regional de Prevenção ao Suicídio, com diversas palestras voltadas aos profissionais da área. Confira.

Com Portal Plena.

Leia também Depressão é a principal causa de suicídio entre idosos

Maturidade que inspira inovação

Estive sumida e não atualizo o Casa de Mãe faz um tempinho.  Mas juro que foi por uma boa causa. Fui buscar aprendizado, me atualizar e trocar ideias com gente que pensa diferente. Sair da minha bolha. E esse movimento é vida!

Se movimentar é necessário até mesmo na solidão para se confrontar consigo mesma. Mesmo em silêncio, sozinha, em busca de reforma íntima, é preciso suar muito para alcançar equilíbrio, no trato com a diversidade dos fatos, de pessoas e de situações.

E, em tempos tão sombrios como o atual, faço minhas as palavras de Paulo Freire. “É preciso esperança. É preciso esperançar. E esperançar é se levantar, é construir, é não desistir.”

É por isso que mesmo podendo atualizar o blog, não o fiz. Faltou-me inspiração para coisas realmente relevantes, do meu ponto de vista, é claro. Ia ser só mais conteúdo num mundo já repleto de informação inútil. E ia ser só mais um canal sem a minha identidade.

“Casa de ferreiro, espeto de pau”, muitos dirão. Mas não acredito nesse ditado. O exemplo é sempre o melhor caminho. E uma palavra pode mudar tudo. Mudar uma palavra pode mudar a vida de alguém. Está tudo integrado: pensamento, vibração, palavra e atitude. Somos seres múltiplos e plurais.

E aí está a dificuldade. Escrever por escrever não faz mais sentido.  Eu acredito que cada palavra transmite uma frequência que pode te elevar ou te derrubar.  E é justamente por acreditar no que prego que fui buscar conhecimento e, consequentemente,  elevação.

Social Media Week e o eterno aprendizado

Participei de diversas atividades do Social Media Week, que esse ano abriu espaço para a Economia Prateada. Sim, havia palestra e palestrante para nossos longevos! O que me deixou bastante feliz.

Também li alguns livros, tomei uns bons vinhos com amigos e ouvi histórias. Não tem coisa melhor… Principalmente se você enfrenta dificuldades em lidar com a rotina de pais idosos e com a própria vida. Não é fácil para ninguém, porque os problemas vão tomando proporções descomunais quando não se está sereno.

Em busca de inspiração também estive falando com alguns empreendedores, que têm impulsionado a inovação no Brasil ao buscar soluções para melhorar nossa perspectiva de vida diante da longevidade. Entre eles encontrei gente bacana, como a Mônica Perracini e seus três sócios.

Eles criaram uma plataforma de conteúdo para ajudar a melhorar a qualidade de vida dos cuidadores familiares de idosos. Só quem passa pelas dificuldades de tomar decisões todos os dias sabe o quanto a informação se torna um ativo dos mais valiosos. Sempre foi, mas o que esse time fez foi reunir tudo num único lugar. Conteúdo de qualidade e com respaldo de especialistas. Confere aqui  que vale muito a pena.

Um baita exemplo de como tecnologia e inovação são aliadas de quem cuida e de quem é cuidado. “A ideia é criar um market place com fornecedores capazes de suprir todos os tipos de necessidades, além de manter uma rede de compartilhamento de experiência”, conta Mônica.

A tecnologia e a inovação têm proporcionado a criação de uma ampla gama de produtos e serviços cada vez mais customizados para consumidores de faixas etárias mais avançadas. Por apostar em novos modelos de negócios, as startups têm tirado melhor partido das oportunidades sinalizadas pelo mercado 60+.

Foi assim que nasceu a ISGAME, uma escola de games inovadora que fortalece a saúde mental. E cá entre nós, a gente sabe como isso é importante.

Lá, o Fabio Ota desenvolveu uma metodologia inovadora que ensina pessoas com mais de 50 a jogar e a programar os próprios games, estimulando o raciocínio lógico, memória, criatividade e integração intergeracional. A história dele é incrível, começa com o cuidado com o avô e está detalhada aqui.

Outra que nasceu das inquietações de um filho sobre o acompanhamento da rotina de cuidados da mãe, de 84 anos, é a Gero360.

A intenção de Leônidas Porto de participar mais ativamente desta rotina, sem interferir na autonomia e na independência da mãe, o levou a se aprofundar nas necessidades de outros idosos e a buscar alternativas para o bem-estar do “adulto maduro” e para a tranquilidade de suas famílias.

A necessidade virou projeto. O projeto conquistou pessoas. Estas pessoas formaram uma equipe e, juntas, estão unindo conhecimento, experiência em diferentes áreas do saber e tecnologia para impactar positivamente a rotina dos mais de 25 milhões de idosos no Brasil e de suas famílias.

A startup desenvolve soluções tanto para o segmento B2C quanto para o B2B.  No B2C, o aplicativo visa organizar a rotina do idoso com autonomia, alertando-o para temas relevantes como horário de atividades, medicamentos, medições vitais, etc. e ainda conectando-o com quem desejar (família, cuidadores e amigos). No B2B, a inovação fica por conta de sistema para gerenciamento de estoques de medicamentos de ILPIs (Instituições de Longa Permanência) e assemelhados.

Gero 360, ISGame e Plug And Care não são as únicas a usarem a longevidade para impulsionar a inovação no Brasil. Espero trazer outras histórias mais, que nos façam refletir e resistir quando os problemas ganharem aquelas dimensões desproporcionais.