Efeitos colaterais, do modo off, em 2021

A avalanche de dados e informações que nos soterram todos os dias tem tornado mais frequente a necessidade de pausas. A tecnologia nos deu mais tempo, inclusive de existência, mas será que esse tempo a mais tem sido aproveitado para melhorar nossa qualidade de vida? É notável ao redor, que as pessoas estão sendo cada vez mais vítimas de crises de ansiedade e de uma busca infinita por produtividade. Óbvio que não existe qualidade de vida sem dinheiro, mas será que não dá mesmo para viver com menos?

Neste 2021 que começa todo torto me obriguei – pelos limites do próprio corpo – a me desconectar e entendi que nada foi aprendido ou compreendido com a pausa imposta pela tal da pandemia. O mesmo pode ocorrer com o envelhecimento.

Tem gente que não aprende nada. E não adianta querer ser reflexo do que se vê desse movimento todo que aflora na internet. Garotos-propaganda existem desde que o mundo é mundo. Só ganharam um nome pomposo agora: influencers. Isso não muda nada. Mais do que ser reflexo é preciso reflexão. E isso requer pausa.

Por isso, minha promessa de ano novo é gastar meu tempo mais devagar. Menos rede social e mais social na rede. De balanço. De preferência com um bom livro desses que não seja de autoajuda, mas que tanto me ajudaram nos meus dias off, como as batalhas quixotescas; a distopia da República de Gilead, o realismo fantástico de Macondo.

Foi nessa cadência de pensamento que veio à mente dois casos reais, de conhecidos, que devem se tornar objetos de estudos, e que me inspiraram a trazer à tona algo que pouco vejo. Não que não admire a revolução prateada e todo o ativismo que a longevidade e os maduros promovem principalmente online por conta da pandemia.

Mas é preciso banir estereótipos e ter em mente que nem todo velhinho é legal. Nem sempre a velhice será uma coisa bacana, bela e produtiva. Trata-se aqui de entender que é um processo construtivo.

Que em 2021 todo ativista do envelhecimento se lembre também das famílias que se desestruturam e precisam de apoio diante de idosos que perpetuam o mal que carregam dentro de si. Não é porque a idade chega que a pessoa de repente fica boa.

Não acredito em redenção só pelo correr dos anos.

E quando é a família a agredida? Apesar de ser muito gratificante oferecer cuidados, essa entrega também tem efeitos negativos. Que ações podem amenizar o estresse e consequente problemas de saúde, isolamento, cansaço e frustração que levam a uma sensação de desesperança e exaustação, impelindo ao desgaste de quem cuida e chegando até aos maus tratos da pessoa idosa?

Então, a longevidade é um processo que requer cuidado desde sempre?  Exato. E a gente que se cuide para não se tornar um daqueles velhos gagás e ranzinzas, e não transformar a vida da família num inferno. Basta parar de olhar um pouco para fora e para os outros e olhar para dentro de si para perceber que nem cem anos podem mudar certas coisas.

Eu andei meio perdida, confesso, com tanta tarefa, sem saber quais eram minhas prioridades, mas de uma coisa eu tive certeza durante meu modo off. Eu não quero ser uma velha desqualificada em prol do domínio da velocidade e das redes sociais. Nem tampouco apegada a quinquilharias sem valor. O desapego começa agora.

Outra coisa. Gente ruim existe. Jovem ou velha. E gente imbecil e fútil também. A internet está aí de prova, escancarou essa ferida, e não me deixa mentir.

 

 

 

 

O valor econômico do inestimável

É fundamental reconhecer o trabalho de quem cuida do idoso e encontrar novas maneiras de apoiá-lo.  É o que faz a Techstar Future of Longevity Accelerator, aceleradora de negócios da longevidade, financiada por Melinda Gates

Antes de a pandemia colocar em xeque o cuidado com os idosos milhões de pessoas cuidavam de seus parentes, a maioria sem apoio adequado. Ciente disso, Melinda Gates firmou parceria – por meio da Pivotal Ventures, empresa de investimentos criada em 2015 para incentivar negócios de impacto social voltados para mulheres e famílias nos Estados Unidos -, com a Techstars, rede mundial de fomento ao empreendedorismo, para criar uma aceleradora de projetos da longevidade.

Batizada Techstar Future of Longevity Accelerator, a iniciativa nasceu com o propósito de ajudar a encontrar soluções inovadoras para os americanos mais velhos e as pessoas que os amam e cuidam deles.  Um cenário que envolve 40 milhões de cuidadores familiares. Por lá, uma em cada três mulheres baby boomers cuida de um pai ou mãe idoso.

No Brasil, os desafios não são diferentes e se tornam cada vez mais urgentes.  Aqui como lá não é novidade que cuidar ainda é uma tarefa feminina. E são majoritamente mulheres aquelas que param a vida para viver a de um outro, simplesmente por questões culturais. De modo geral, o familismo impõe a uma única mulher a responsabilidade e o peso de retribuir os cuidados recebidos na infância. Como bem descreve Júlia Rocha, médica de família, trata-se de um processo violento e doloroso.

Pesquisa da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA mostra que 63% dos cuidadores morrem até quatro anos antes do que as pessoas que eles estão cuidando. Isso porque o esforço e tempo demandado são tão intensos que os cuidadores costumam descuidar de si próprios, abandonam emprego e o lazer e acabam desenvolvendo insônia, depressão e ansiedade, entre outras doenças.  “É preciso enxergar o caráter sistêmico destas condições e agir em busca de soluções sistêmicas”, escreve em seu blog Por Um Mundo Melhor.

Nesse sentido, o primeiro passo é reconhecer o trabalho de quem cuida do idoso e apoiá-lo. E foi isso que Melinda Gates fez ao lançar seu programa para acelerar projetos inovadores de ferramentas e serviços, que ajudem a melhorar esse ecossistema criado pelo envelhecimento da população. A  iniciativa está sob a tutela de Jason Towns, diretor da Techstar Future of Longevity Accelerator, que concedeu a seguinte entrevista para o Evoke:

Para quem não está familiarizado, pode definir o que o ecossistema de atendimento ao idoso envolve?

É difícil porque abrange uma ampla gama de serviços e soluções, mas de modo geral, o termo envolve todo tipo de cuidado para idosos que não podem mais viver com segurança de forma independente, muitas vezes devido a problemas de saúde ou mobilidade.  Esses cuidados podem ser em casa ou administrados por cuidadores empregados ou por comunidades de idosos. Cuidadores formais são funcionários pagos, enquanto cuidadores informais (muitas vezes esquecidos nessas conversas) costumam ser da família.

Existe alguma conexão pessoal com esse ecossistema?

Sim, quase sempre existe quando nos damos conta do processo de senescência. No meu caso, participar dos cuidados de meu avô durante seus últimos anos foi um dos componentes mais impactantes da minha infância. Vovô foi um dos meus heróis, e agora ter a oportunidade de acelerar a inovação que tem o potencial de melhorar a vida de adultos mais velhos e cuidadores é emocionante para mim. Passei a maior para da minha carreira identificando oportunidades negligenciadas em mercados carentes e este trabalho se encaixa perfeitamente nessa intersecção.

Como a pandemia mudou as necessidades não atendidas dos indivíduos que prestam e recebem cuidados de idosos?

A crise sanitária só exacerbou muito os desafios que já afetam os idosos, mas a maioria das empresas selecionada para receber apoio nesta primeira rodada está abordando o problema de frente.  Para se ter uma ideia, antes da pandemia, quase 45% dos adultos mais velhos relataram se sentir solitários.  Os impactos na saúde do isolamento social rivalizam com o fumo, a obesidade e a inatividade física. A startup Naborforce, uma das 10 selecionadas, tem combatido esse problema de isolamento social e solidão, fornecendo uma plataforma para conectar adultos mais velhos a seus “filhos” na comunidade, que são pessoas cadastradas que ganham para dar suporte sob demanda para recados, transporte e ajuda em casa.

Há alguma semelhança entre os fundadores das empresas que escolheu financiar?

A condução do processo de seleção até o início da pandemia forneceu uma visão sobre a determinação de cada equipe, o nível de comprometimento e a capacidade de responder às mudanças do mercado em tempo real. Esses foram dados comuns, inesperados, mas valiosos. Cada fundador tem uma visão única de como eles precisam acomodar o impacto da crise sanitária e como sua solução se encaixa no “novo normal”.

Conheça algumas das startups selecionadas:

#Braze Mobility

Desenvolveu o primeiro sistema de sensor de ponto cego do mundo que pode ser conectado a qualquer cadeira de rodas motorizada, transformando-a em uma cadeira de rodas “inteligente”. Com a Braze Mobility, os usuários podem identificar obstáculos com mais facilidade, ajudando a reduzir os riscos de lesões e danos à cadeira de rodas e ajudando os usuários a manter sua dignidade e independência.

# MemoryWell 

É uma plataforma digital que usa a narração de histórias para melhorar o atendimento aos idosos. Por meio de uma rede de escritores profissionais, a startup trabalha com famílias, comunidades de idosos e provedores baseados em casa e na comunidade, para substituir formulários e questionários de atendimento por meio de memórias do paciente.

#Rezilient Health 

Uma plataforma de telessaúde robótica que permite que os médicos não apenas forneçam visitas de vídeo padrão, mas também controlem remotamente o posicionamento de dispositivos médicos que estão localizados com o paciente em outro consultório médico, farmácia ou lar de idosos, entre outros locais.

#Rubitection 

Desenvolve um sistema de saúde e bem-estar da pele para melhorar a detecção, avaliação e gerenciamento de cuidados de condições vasculares e dermatológicas, como feridas e úlceras nos pés para idosos em casa, em lares de idosos ou em hospitais.

#Authored 

Cria roupas cuidadosamente projetadas com aberturas discretas que se adaptam às necessidades e limitações do corpo.  As peças promovem e prolongam a independência, permitem roupas mais seguras e reduzem o estigma e as lesões.

Leia também:  Maturidade que inspira inovação

Sociedade se acostumou a condenar quem “larga” seu idoso em um asilo

Mas só quem passa por esta experiência sabe quanto delicada é a situação e difícil este caminho. É o que nos conta Eliane Sobral *, na história a seguir. O relato abre uma série de casos da vida real, que vão ilustrar as dores e as delícias do envelhecer.  Acompanhem!

Hoje ela faz 85 anos. E há 56 anos e nove meses estamos juntas. Do passado distante, lembro das unhas sempre compridas e pintadas de vermelho. Ela sempre adorou vermelho. Lembro do batom – aquele de estojinho verde da Avon e do perfume Toque de Amor (que eu usava escondido para ir para a escola). Lembro que sempre foi uma mulher bonita, vaidosa. E, apesar dos poucos recursos dos quais dispúnhamos, estava sempre muito bem arrumada. 

Veio de Pernambuco com 14 anos. A viagem no pau-de-arara durou três dias e três noites, como ela sempre gosta de contar. Chegou em São Paulo sem eira e nem beira. Foi trabalhar de doméstica, chorou de fome e, quando ascendeu profissionalmente, virou metalúrgica. 

Sempre teve em mente que teria sua própria casa para morar e não mais que dois filhos. Acabou adotando a terceira. Lembro de um conjunto de lã verde musgo. Saia e casaquinho com botões grandes nas costas. Lembro também de um vestido florido, também verde, e de um blazer com grandes flores vermelhas que ganhou do meu pai – não sei se no dia das mães ou em um 14 de setembro. O vestido de noiva – lindíssimo – não sobrou nada. Retalhei para fazer roupinhas para as minhas bonecas… 

Sempre foi uma mulher forte e de opinião. Puxou a peixeira para uma vizinha que insistia em chamar sua mais velha, em tom jocoso, de baianinha. Todos na casa rezavam pela sua cartilha e quem quisesse contrariar ou pedir algo, sempre esperava ela acender o cigarro porque aparentava ficar mais calma. 

Não foi mulher de muitos amantes. Mas os que passaram por sua vida, estavam sempre a seus pés. Por medo, respeito e amor. Aqui também era ela quem dava as cartas. 

Quando perdeu o primeiro marido, acusou o golpe, mas não caiu. Com o segundo foi diferente. Não que gostasse mais deste do que daquele. Com o primeiro viveu mais de 30 anos. Com o segundo, não passou dos sete. O primeiro, porém, foi companheiro de batalha, de vida dura, de educar as filhas, dar conta da casa, de pagar as contas. O segundo veio quando ela achava que já tinha cumprido a missão. Daí, só bailes da terceira idade, escapadas para a praia, pizzas às sextas e até um estoque de filmes pornô. 

Quando o segundo se foi, parece ter levado também essa alegria de viver. Não sei se ela se achou velha para começar de novo, se não teve forças para recomeçar – mais uma vez. Fato é que se deixou cair. E nunca mais se levantou. Como os anos não diminuíram seu ímpeto, nem sua personalidade difícil, logo ela se transformou em uma questão a ser administrada pelas filhas. 

Dizem que quando envelhecemos, voltamos a ser criança. Não creio. Porque criança, normalmente, obedece aos mais velhos. Já os mais velhos… Ah, estes! 

Disposta a fazer nada e passar o dia inteiro diante da televisão, logo ela começou a ter dificuldades de locomoção. Inexplicavelmente começou a cair – mas os tombos só aconteciam quando havia alguém por perto para acudir. 

Foi viver com a filha do meio, pelo tempo necessário para se recuperar e voltar para a própria casa. Ficou duas semanas. Não queria fazer fisioterapia, muito menos seguir as recomendações de uma nutricionista. Não se dava também com a empregada que as filhas contrataram para cuidar dela. Enfim, quanto mais o tempo passava, mais caótica ficava a situação. Até que ela própria pediu que procurassem uma casa de saúde, onde ela pudesse se recuperar. 

Depois de inúmeras tentativas, ela parece estar bem na casa atual. Mas em todas, e é bom que se ressalve, em absolutamente todas, é ela que manda prender e manda soltar. As cuidadoras parecem ter um carinho verdadeiro por ela. E os demais internos, claramente, têm medo. Só ela tem uma poltrona exclusiva na sala de TV. E ninguém, em sã ou insana consciência, se atreve a sentar lá, quando ela dá uma saidinha. Fisioterapia, faz quando tem vontade – e quase nunca tem. 

O combinado era ela se empenhar na fisio, na dieta, ficar bem e voltar para a casa dela. Nunca cumpriu. 

Por muito tempo, muito mesmo, convivi com a culpa de ter colocado minha mãe num asilo. E várias vezes ela própria disse que nunca imaginou que, tendo três filhas mulheres, iria parar num asilo. 

Durante muito tempo a culpa foi minha companheira constante. E eu não conseguia assimilar como uma mulher como ela, a chefe da família, a geniosa, a manda chuva, tinha se deixado levar àquele ponto. Demorou muitos anos para que eu entendesse que ela fez as escolhas erradas e pagou por isso. E que, por mais que eu quisesse e tentasse, não a teria feito enxergar de outra forma.

Hoje, percebo que cada um escolhe seu caminho. Que o outro pode alertar, ajudar, indicar atalhos, mas escolha é e será sempre de cada um. Nestes dez anos que ela está num asilo, ou numa casa de repouso, ou numa clínica, como eu e minhas irmãs preferimos chamar, ela nunca ficou sem receber nossa visita.

Minha irmã mais velha vai aos sábados, eu aos domingos. A mais nova vai quando dá. Antes da pandemia, ela vinha sempre passar uns dias na minha casa, especialmente em feriados prolongados. Os passeios também sempre foram constantes. Praia, feijoada na quadra da escola de samba, que ela adora. Enfim, o que está ao nosso alcance e sempre um pouco mais. 

Nos últimos tempos, tenho dito e repetido que se cheguei aonde cheguei, se sou quem eu sou, devo a ela. E agradeço. Percebo que ela fica orgulhosa e com aquele olhar de “missão cumprida”. 

Hoje ela faz 85 anos. Está bem cuidada, saudável, tocando o terror no asilo e sendo paparicada pelas cuidadoras. Custou-me muito ficar com o coração em paz – embora eu ainda me pergunte se fizemos o certo ou não. 

Minha irmã mais velha se incomodava um pouco com o que os outros iam pensar sobre a decisão de colocar nossa mãe num asilo. Não sei se ainda se incomoda. A mim, nunca incomodou. E não incomodará. Porque só ela, eu e as minhas irmãs sabemos da nossa história. 

A mim o que importa é que ela esteja bem. Que tenha sempre a certeza de que ela é o grande amor da minha vida. E que, quando a pandemia passar, eu vou tocar Spyrogiro do Jorge Benjor, que ela ama, sempre que ela entrar no meu carro para gente ir passear.  

*Eliane Sobral, filha do meio da dona Maria do Carmo Barbosa Sobral, que em 14 de setembro de 2020 faz 85 anos, é jornalista e colaboradora do Casa de Mãe.  

Leia também: Como habitarei quando envelhecer?

Ouvir sem julgar é uma das práticas mais difíceis da gerontologia

Já tinha um tema pronto na cabeça quando abri o laptop para escrever. Eis que mal havia me sentado e recebo no WhatsApp uma frase de uma amiga querida, que além de ser minha segunda mãe, é um ser humano exemplar à beira dos seus 70 anos: “Quando ficar velha não quero parecer mais jovem. Quero parecer mais feliz.” O Google credita a colocação à Anna Magnani, atriz italiana de grande sucesso, que morreu em 1973, aos 65 anos.

Foi assim, inspirada por elas, que decidi deixar de lado teorias e estatísticas para contar um pouco mais da minha própria experiência ao estudar a ciência do envelhecimento. Até porque a proposta desta Casa é buscar soluções para o Brasil Sênior a partir de vivências reais. Não que os estudos teóricos não sejam importantes. Não é isso.

Tanto que atualmente estou matriculada em dois cursos: Direito da Pessoa Idosa, pelo IBAM; e Gerontologia, pelo SENAC. Já fiz também Envelhecimento da População, pela Fiocruz. Posso dizer, contudo, que nunca aprendi tanto quanto na minha primeira hora num lar de idosos. É mesmo na prática que se testa o conhecimento, independentemente da área de atuação.

E, para quem já foi repórter como eu, ficou muito claro que se lugar de jornalista é na rua, o de gerontóloga também é. As ruas me contaram detalhes que não constam nos livros. Por isso, gostaria de compartilhar atitudes inspiradoras não só aos que se encontram na velhice como a quem caminha para ela.

Minha proposta é começar pelas histórias que espero ouvir durante meu trabalho na ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos), o nome politicamente correto que deram para os asilos. Semanalmente me encontrarei com os 19 assistidos por lá. Não será tarefa fácil. Eu bem sei.  

Heterogeneidade respeitada

É um trabalho que envolve compreender essas pessoas para planejar algum tipo de intervenção que leve um pouco mais de bem-estar, alegria e, porque não, felicidade a cada uma delas. Sem, contudo, deixar de lado seu passado, respeitando a heterogeneidade. Confesso que esse desafio estava me afligindo, já que para muitos ali é o ponto final.

Mas como a vida não vem como idealizamos, um produto com itens de fábrica, só nos resta agradecer o que nos foi entregue. E essa aflição não demorou a passar. 

Era por volta de 16h no feriado de 15 de novembro quando recebi a ligação de uma colega de turma do IBAM. Era Marilza, pedagoga, do Rio, 65 anos, diversos cursos na área do Envelhecimento e muita disposição em ajudar voluntariamente idosos que não tiveram as mesmas oportunidades que ela.

Escuta compassiva

O quê aprendi nessa hora de papo, ouvindo a Marilza? Que nem sempre é preciso tanto estudo quando existe disposição para se envolver. Às vezes, um ouvido compassivo basta.

Ouvir sem julgar pode ser a melhor intervenção quando não há mais muito a se fazer. Às vezes, surte muito mais resultado do que esse monte de regras prontas que infligimos principalmente aos nossos familiares que enfrentam essa fase da vida.

Assim, a minha teoria inicial, que seria comprovar o benefício da implantação de uma ação imposta qualquer, caiu por terra. Creio que nada será mais válido do que eles me contarem suas histórias e me mostrarem, por meio delas, o que desejam para si. A mim, cabe simplesmente emprestar meu ouvido.

O que os nossos nonnos e nonnas ensinam sobre a velhice

A gente percebe que está ganhando o mundo quando traz o olhar de uma correspondente internacional sobre a velhice. Yes, we can!  É com muito carinho que compartilho com vocês duas boas notícias.  A primeira delas é a contribuição da minha amiga Rita Bragatto*, com esta Casa. Jornalista, psicanalista e montanhista, ela decidiu viver na Europa, com a cara e a coragem, além de uma mochila, e tem histórias ótimas para dividir depois de uma temporada entre a França e a Itália.

A segunda é o meu ingresso na primeira turma de pós-graduação de Gerontologia do Senac. Somos 50 alunos ao todo, com profissões e vivências muito diversas, o que promete enriquecer muito o diálogo por aqui. Por isso, decidi trazer o texto da Rita para reflexão. Porque o cenário atual é tão crítico e tão nebuloso que, por vezes, esvai nossa esperança de uma velhice feliz. Mas a gente aprende que as mudanças ocorrem de dentro para fora e não se pode levar tudo muito a ferro e fogo.

Assim, que tal deixar de lado a angústia provocada por problemas que não podemos resolver imediatamente, dar um alento para o coração, e aprender com os nossos nonnos?

Nas entrelinhas do envelhecimento saudável

Em 2011, o Departamento das Nações Unidas de Assuntos Econômicos e Sociais, DESA, publicou a pesquisa Perspectivas da População Mundial. Nela, a Itália ocupa a quinta posição na lista de países com maior expectativa de vida, enquanto o Brasil está no 102° lugar. É claro que a Europa, em geral, oferece melhor infraestrutura pública. Isso é um fato indiscutível. Mas como estou morando na Itália, a pergunta que me faço é: quais são as entrelinhas da velhice saudável? O que os nonos e nonas têm a me ensinar?

Tenho observado que esta longevidade também é impactada pelo estilo de vida dos italianos, que é muito diferente da grande maioria dos brasileiros. Em San Vito Romano, a pequena comune onde vivo, fica fácil identificar alguns destes fatores. Observo, por exemplo, que os idosos são muito gregários: fazem as refeições sempre em família.

Transformam as praças em grandes pontos de encontros e histórias. Tudo é motivo para tomar um café. Eles também são muito ativos, fisicamente: limpam a casa. Caminham. Carregam sacolas pesadas. Ocupam postos de trabalho. Ou seja: eles estão em pleno movimento. Inseridos no contexto social. Vivos, no sentido mais amplo da palavra. 

Nesta fase da vida, quem mantém o convívio social conserva a mente em melhor estado do que aqueles que se isolam. Pesquisas apontam que as pessoas que realizam algum tipo de atividade têm mais saúde. Isso significa que a gente pode parar de trabalhar, mas é importante não parar de viver. Temos de manter a curiosidade diante da vida, continuar explorando o mundo. O nosso horizonte não precisa se encolher à medida em que envelhecemos.

Estes pequenos recortes do estilo de vida dos italianos me fazem pensar que quando falamos em envelhecimento saudável não devemos nos restringir às preocupações com exercícios e alimentação. Mas precisamos, principalmente, estar atentos às relações sociais e aos fatores psicológicos. O isolamento e a solidão, muito comuns entre os velhos, podem transformar essa época da vida em algo triste e desencadear doenças físicas. Portanto, manter-se inserido no fluxo é essencial!

Penso que a gente pode contribuir positivamente para a longevidade dos nossos idosos até mesmo com poucas mudanças na rotina: pedindo a eles pequenos favores, como por exemplo, preparar aquela receita de família. Ensinar aos netos uma brincadeira da sua infância. Rever aquele álbum de fotografias. Colocar uma música antiga para tocar. Escutar suas histórias. Dar vida às suas memórias. 

Ou seja, é muito importante fazer com que os idosos se sintam úteis. Incluídos. Vistos. Sentir-se pertencente faz bem para a autoestima e, consequentemente, aumenta a imunidade e melhora a saúde em geral. Já que vamos viver mais, que seja com maior qualidade de vida!

*Rita Bragatto é jornalista e colabora com o Casa de Mãe.

Leia também: Inspiração sim, rótulos não…

Se a morte é natural, porque é tão complicado falar sobre ela?

As últimas semanas foram marcadas pela passagem de muitos conhecidos, parentes e amigos queridos. Mais de três velórios em pouco menos de 30 dias, um ritual que levou-me ao questionamento sobre a finitude da vida e como quero planejar o meu fim. Sim, pois sabemos que ninguém veio aqui ficar para semente, é fato.

Sou estudiosa da filosofia espírita e encontrei nela a didática que mais sentido faz,  pra mim.  Mas está claro que tem algumas coisas que não consigo aceitar bem, como aguentar o sofrimento até o último suspiro para cumprir minha missão. A fé exige raciocínio. E acredito que tenha alguns direitos além de deveres.

A questão vai além de religiosidade. 

Legalmente também é complicado.  Conversei com um advogado que me esclareceu (leia abaixo) todos os obstáculos que posso enfrentar para que respeitem minha vontade, em casos de doença terminal, sem perspectiva de melhora em curto prazo. Ele vai me orientar nessa parte, pois eu quero deixar tudo pronto. Vou dar spoiler do gran finale, por suposto!

Essa decisão não foi tomada de uma hora para a outra. A primeira vez que tive contato com a ortotanásia (boa morte, supostamente sem sofrimento.) foi durante uma palestra sobre cuidados paliativos na Universidade Aberta a Terceira Idade da USP, a UniAti. O tema voltou à tona com a agonia de um grande amigo da família e a decisão pela esposa dele de não deixar que o entubassem.

Também me trouxe questionamento o velório de uma tia. Foi uma ocasião, recente,  em que a família, que não se via há muito,  estava reunida. Isso me fez pensar se não era o caso de celebrarmos reencontros, enquanto estamos vivos e não durante a morte de alguém, ou seja, depois que um ente querido nos deixou…

Nesse ponto, uma amiga querida, que perdeu a mãe num acidente automobilístico de forma chocante, me contou que esse ritual é necessário para aqueles que ficam processar a partida do seu ente.  Porque, embora  esperada,  nunca é fácil lidar com o vazio  que a morte deixa.

Embora cada país tenha suas heranças, a vivência do luto é comum em todas as culturas.  

No Brasil, temos os enterros ou a cremação do corpo, velórios de até 48 horas, orações, flores e velas. Então, faz sentido velar o corpo, mas deixo aqui registrado que quero música alegre e bebida. Se possível, alguns petiscos também. Veganos, de preferência. E nem me venham com aquela musiquinha sinistra… “Segura na mão de Deus e vai…”.

Ficaria feliz de seguir ao som de Miles Davis. Seria uma excelente trilha musical para encerrar a jornada.

Se eu agonizar e precisar ficar ligada à máquinas, peço por favor, que mandem  desligar os aparelhos.  Penso que a perda total  da autonomia é uma das piores coisas que pode acontecer a alguém, na minha modesta opinião. Creio que  enlouqueceria. Em menor escala, já vejo em Casa, como minha mãe sofre, mesmo sendo muito  lúcida e não totalmente dependente.

Dialogar sobre morte tende a ser angustiante, mas precisamos falar sobre a finitude da vida. O cuidado paliativo prioriza a prevenção e alívio de sintomas de sofrimento em doenças terminais. Mas, até que ponto realmente aliviam o sofrimento de quem está doente? E da família? Numa sociedade dita democrática,  e que envelhece a passos largos, acho importante e necessário esse debate.

Esta é a quarta vez que começo a escrever simplesmente porque não conseguia ir adiante. Se a morte é natural porque é tão complicado falar sobre ela?

O mesmo ocorre com a nossa falta de educação financeira. Sou de uma geração marcada pelo consumismo. Talvez, porque não nos tenham ensinado de criança a poupar e a dar o devido valor às coisas que, com certeza, não levaremos no final.

 Assim como ninguém tem a fórmula para enfrentar a morte, como algo do tipo “olha é por ali o caminho menos sofrido”.  Agora, eu acho que deveríamos aprender a lidar e nos preparar para essa fase da vida. Inclusive para poupar aqueles que ficam de tanto sofrimento.  

Por via das dúvidas, já inclui no orçamento mensal meu boleto do juízo final.

Leia a seguir a entrevista de Ricardo Rodrigues Fontes, advogado do Escritório Fontes, Kuntz & Amaral Associados.  

O ortotanásia é permitida no Brasil? 

Sim, desde que atendidas as resoluções do Conselho de Medicina. Trata-se de uma questão muito complexa. No contexto da atual discussão, é muito importante ter presente a distinção entre o direito a uma morte digna e o direito à decisão sobre a morte. O direito de morrer dignamente está relacionado com o desejo de se ter uma morte natural, humanizada, sem o prolongamento da vida e do sofrimento por meio de tratamento comprovadamente ineficaz. Já o direito de morrer é sinônimo de eutanásia ou de auxílio a suicídio, intervenções que causam a morte. Mas o paciente pode optar pela não intervenção, impedindo procedimentos médicos que possam ser considerados invasivos ou artificiais, que prolonguem a vida com sofrimento.

Minha vontade será respeitada se estiver devidamente documentada

Em caso de doenças graves e incuráveis, pode ser elaborado um documento com “diretivas antecipadas de vontade” ou de “termo de consentimento informado”, nos quais se dispõe acerca dos cuidados, tratamentos e procedimentos a que o indivíduo deseja ou não ser submetido quando a morte se aproxima, ocorrendo à ortotanásia. Questão que passou a ser considerada eficaz pelo  Judiciário, após as Resoluções 1.805/2006 e 1995/2012 do Conselho Federal de Medicina (CFM), confirmadas pelo Código de Ética Médica (Resolução CFM 1931/2009) permitem que pacientes em fase terminal optem pela ortotanásia. É preciso destacar que o Ministério Público Federal ingressou com a Ação Civil Pública nº 2007.34.00.014809-3, que atacou a Resolução Conselho Federal de Medicina, nº 1.805/06 para anular a regulamentação da ortotanásia, sendo declarado improcedente o pedido do MPT.

O que a lei diz sobre desligar aparelhos no caso de sobrevida apenas garantida pelas máquinas? Quais as implicações para familiares e profissionais como médicos e gestores de hospitais?

Como o assunto é complexo, apresento a seguir duas decisões judiciais distintas.   A primeira assegura ao paciente o direito à ortotanásia. O primeiro exemplo leva em consideração um paciente com o pé esquerdo necrosado, que se nega à amputação, preferindo, conforme laudo psicológico, morrer para “aliviar o sofrimento”; e, conforme laudo psiquiátrico se encontra em pleno gozo das faculdades mentais. Assim, o Estado não pode invadir seu corpo e realizar a cirurgia mutilatória contra a sua vontade, mesmo que seja pelo motivo nobre de salvar sua vida. No segundo caso, em razão da paciente não sofrer qualquer doença grave, foi declarada a falta de interesse de agir em juízo da paciente. Fica entendido que a manifestação de vontade na elaboração de testamento vital gera efeitos independentemente da chancela judicial. A autora poderá se valer ainda de testemunhas e atestados médicos para uma declaração do direito à ortotanásia. Destaco ainda que o paciente tem o direito à informação assegurada pela Constituição Federal, em seu art. 5º, XIV. A verdade é fundamental para a tomada de decisão. Assim, os artigos 46 e 47 do Código de Ética Médica proíbem o médico de: efetuar qualquer procedimento médico sem o esclarecimento e consentimento prévio do paciente ou de seu responsável legal, salvo em caso de iminente perigo da vida. E de exercer sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar.

Como, juridicamente, devemos nos preparar para morrer sem deixar um ônus para os familiares

Não há transferência de eventuais dívidas do falecido para seus herdeiros. No caso, se houver herança, será realizado o inventário dos bens, existindo a possibilidade de doação em vida dos bens.

Sempre à mão: 15 apps para a gestão do envelhecimento

A inclusão digital do idoso não é essencial apenas para entreter e melhorar as funções cognitivas. Estou testando alguns aplicativos que têm ajudado muito no dia a dia de cuidados com meus pais. Afinal,  coisas como monitoramento a distância e teleassistência já estão disponíveis e são mais acessíveis do que se imagina.

Com mais de 230 milhões de celulares ativos no Brasil, segundo a última Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), aplicativos podem ajudar a resolver problemas de acessibilidade e segurança. 

Não testei todos ainda, mas fiz uma pesquisa do que existe e gostei do que vi. De toda forma, é muito mais fácil gerenciar uma rotina de um idoso com todas as informações necessárias sempre em mãos. 

E, com a maioria dos smartphones funcionando não apenas para um tipo de dispositivo, mas permitindo a integração com diversos aparelhos que vão desde outros smartphones até tablets, ficou muito mais fácil acompanhar os velhinhos de perto.

Confira a seguir minha lista com 15 opções que valem a pena testar:

#Socorro

O aplicativo brasileiro Socorro foi desenvolvido para situações de emergência. Criado para Sistema Operacional iOS, o aplicativo é uma mini ficha médica onde contém informações essenciais como contato para situação de emergência,  tipo sanguíneo e medicamentos usados, entre outros. 

Recomendado para ficar na página inicial do iPhone, caso ele tenha senha, suas informações vitais e a ficha médica ficarão acessíveis para casos de emergência onde os socorristas precisam dessas informações para um atendimento mais eficiente.

Contando com um botão chamado “emergência”, o Socorro acessa, através dele, telefones úteis como Polícia, Bombeiros e Samu ou contatos de emergência, como hospitais de preferência. Você pode configurá-lo ainda para enviar automaticamente um torpedo com pedido de ajuda por SMS para alguém de confiança ou uma mensagem pré-definida via Twitter para seus seguidores.

#Docway

Principal aplicativo médico do Brasil, disponível para sistemas IOS ou Android. Surgiu com o objetivo de facilitar a vida de quem precisa de atendimento médico humanizado, levando o médico até o paciente por meio da tecnologia. Hoje, conta com mais de 55.000 usuários, está presente em mais de 340 cidades, e todas as capitais do país. 

O aplicativo trouxe um conceito inédito para o segmento da saúde, revolucionando o setor desde o seu lançamento em 2015. Graças a esse projeto inovador, hoje é possível chamar o médico para uma visita onde quer que o paciente esteja, facilitando o dia a dia de quem precisa de cuidados médicos com um atendimento exclusivo e diferenciado.

#Einsten Vacinas + Meu Einstein

Esses dois aplicativos foram criados pelo Hospital Israelita Albert Einstein para facilitar na hora de agendamento de exames e manter a caderneta de vacinação em dia e ambos estão disponíveis para Sistema Operacional Android e iOS.

O aplicativo Einstein Vacinas foi idealizado pelo gerente médico da Unidade Ibirapuera ao analisar quantas pessoas não tomavam vacina ou não voltavam para uma segunda dose, comprometendo a imunização, por simplesmente esquecerem.

O Meu Einstein conta com um sistema inteligente que o informa quando seus exames estiverem prontos, enviando-os diretamente ao seu médico, caso você deseje. Além de lhe informar qual o endereço e contato da Unidade Einstein mais próxima, o aplicativo permite que você cheque o seu histórico de exames e pré-agende novos procedimentos, realizando o check- in online e antecipando protocolos necessários.

#Instant Heart Rate

Mede a frequência cardíaca utilizando o celular e está disponível para Sistema Operacional Android e iOS. Para que ele funcione, é preciso apenas pressionar o dedo indicador em cima da lente da câmera por 15 segundos e ele fará a medição do fluxo sanguíneo entre cada batimento cardíaco. É importante que faça isso em ambientes bem iluminados.

O Instant Heart Rate mostra em tempo real gráfico PPG (ECG/Cardiograph) para ver todos os seus batimentos cardíacos e possibilita a monitoração da sua frequência antes, durante e depois de exercícios. Ele permite o armazenamento do seu histórico de utilização e o envio dos resultados através de gráficos para seu e-mail.

#Glico

Utilizado para controle glicêmico, o aplicativo Glico está disponível gratuitamente para Sistemas Operacionais Android e iOS. Criado pela Unit Care Tecnologia, ele auxilia no controle da diabete, controle glicêmico e monitora os sintomas de diabetes.

Esse aplicativo possui quatro funcionalidades principais:utiliza a câmera para fazer a leitura do nível de glicose no sangue; traduzir através da câmera a sua refeição em carboidratos e calorias; manter um registro de atividades físicas; e manter um histórico de administração de medicamentos. Você encontra também no aplicativo uma gestão completa e monitoramento remoto de pacientes crônicos ou em home care.

#IDosos

Enquanto a interface de usuário do iPhone é frequentemente elogiada por ser mais simples, o sistema Android é um pouco mais complicado de lidar. Isso pode ser um problema para pessoas que não estejam acostumadas a usar smartphones ou que possuam problemas relacionados à visão. O aplicativo iDosos tenta resolver esses dilemas provendo tutoriais interativos para explicar as funções básicas de um smartphone. 

Ele utiliza emojis para ensinar a fazer ligações, escrever mensagens, gerenciar os alarmes do celular e também dispõe de narração em áudio para o passo-a-passo.

#Easy Idoso

Além de bater papo, há também quem goste de conhecer pessoas novas e participar de eventos comunitários. O Easy Idoso oferece um catálogo de atividades para a população idosa, associações de terceira idade, eventos e até auxilia a encontrar serviços úteis perto de casa, como centros de beleza.

#Fone Fácil

É um app que, além de promover acessibilidade no uso de celulares para deficientes auditivos e visuais e também idosos, é programado com um botão de pânico configurável para um contato específico. 

Uma vez pressionado o botão, o telefone automaticamente disca o número definido e envia uma mensagem solicitando ajuda. A ferramenta se revela extremamente útil para idosos que vivem sozinhos ou que precisam de acompanhamento frequente.

#Estou Bem

Outro aplicativo simples, que avisa aos familiares o que o usuário está fazendo no momento. Ele requer que, tanto a família como o usuário criem uma conta no aplicativo, e então o “emissor” das mensagens pode começar a usar as funções, que envolvem o registro de diferentes status como “Estou Bem”, “Vou Sair” ou “Ligar Urgente” em um layout colorido e com ícones grandes para facilitar o clique.

#MyTherapy

A perda de memória pode ser algo comum no processo de envelhecimento, e a tecnologia está à disposição para ajudar a reduzir o impacto dos lapsos de memória quando se trata de saúde.

Com mais de um quarto dos medicamentos sendo prescritos para idosos, que representam apenas 10% da população brasileira, MyTherapy é uma ferramenta eficaz em assegurar que comprimidos, tabletes e injeções sejam ingeridos corretamente. 

Lembretes para medicamentos podem ser programados seguindo planos de tratamento específicos e individuais, não importa quão complexos eles sejam. O app imediatamente notifica o usuário quando chega a hora de tomar seus remédios.

 Além de lembrar dos medicamentos, outras funcionalidades como notificações para atividades físicas e gerenciamento de sintomas com emissão de relatórios de saúde fazem deste um excelente instrumento de controle.

#NutraBem

Criado por um grupo brasileiro de nutricionistas, o NutraBem é um aplicativo que tem como objetivo auxiliar na reeducação alimentar. Pensado para agir de acordo com os hábitos alimentares do nosso país ele torna muito mais fácil e consistente na hora de controlar o número de calorias ingeridas, facilitando a escolha de alimentos e até substituindo alguns.

Disponível para Sistema Operacional Android e iOS, o NutraBem não necessita de internet, o que facilita seu uso em qualquer lugar e a qualquer hora. 

Esse aplicativo permite simular as refeições antes do consumo para orientação das decisões, além de calcular a necessidade diária de energia para a meta de peso que se deseja atingir.

#Water your body

Classificado como “Excelente” pela Applause, empresa americana especializada em testes de software que ranqueia os melhores aplicativos de saúde, o aplicativo Water your body calcula a partir do seu peso o quanto você precisa beber de água por dia.

Definindo os horários das notificações e o intervalo entre elas, o Water your body, informa quanto você já consumiu de água. 

Disponível de forma gratuita, e paga, por Sistemas Operacionais Android e iOS, esse aplicativo permite que você crie copos com medidas personalizáveis e visualize o histórico de consumo, além de um relatório em forma de gráfico com o consumo de água diário, a média semanal e a anual.

#Google Fit

Esse aplicativo do Google foi criado para auxiliar quem pratica exercícios, ou quer começar. O Google Fit monitora o quanto você caminha, corre e pedala por dia através do acelerômetro e do GPS do aparelho, mostrando seu desempenho diário e semanal.

Disponível para Sistema Operacional Android, permite que você crie metas e acompanhe a perda de peso. Marcas como Nike e Adidas também desenvolveram aplicativos compatíveis com os dois sistemas: recomendo tanto o Runstatic como o Nike Trainning. Uso os dois para organizar meus treinos de corrida.

#Medite.se

Disponível para baixar em IOS e Android, o app de meditação serve para tirar o máximo de proveito no dia-a-dia. Com apenas alguns minutos por dia, é possível aprender a treinar sua mente e corpo para uma vida mais saudável e tranquila. Os áudios de narração estão disponíveis em português, e podem ser baixados para escutar off-line.

Com Portal Plena e O Estado de S.Paulo.

Estudar para fortalecer a gerontologia no Brasil

Não são poucos os sinais de que até os países mais desenvolvidos enfrentam dificuldades para lidar com o envelhecimento. Reportagem recente da BBC mostra que aposentados japoneses têm cometido pequenos delitos em busca de abrigo nos presídios, onde recebem três refeições por dia e não tem nenhuma conta a pagar. O resultado disso é que quase um terço dos presos agora têm mais de 60 anos. E esse é apenas um aspecto das mudanças que ocorrem a partir da transição demográfica que atravessamos.

O fato é que nossa longevidade, associada à redução das crianças, implica em transformações profundas em todas as frentes. Assim, compreender o impacto global de um Brasil mais idoso será essencial para seu desenvolvimento.

Agora, se não é fácil administrar nem a família, imagina uma população que deve chegar a quase 65 milhões de pessoas em 2050, três vezes mais do que em 2010, segundo o IBGE.

É por isso que resolvi voltar aos bancos escolares para cursar Gerontologia. Mas e o Jornalismo? Calma lá! Dá para conciliar as duas coisas.

E, com certeza, serei bem mais útil para a sociedade adquirindo conhecimento para atender a demanda da população idosa, visto que o fortalecimento da área por aqui é vital para o País.

Você conhece a UNA-SUS?

Bom, tudo isso para contar que enquanto pesquisava as ofertas de cursos encontrei muita informação bacana. Também me matriculei na Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde pra sentir se daria conta dos estudos. Já ouviu falar da UNA-SUS?

Trata-se de uma plataforma que disponibiliza conhecimento e atualização para diversos profissionais gratuitamente. E da qual eu recebi hoje o certificado do curso Envelhecimento da População Brasileira – 2019.  

Espero sinceramente que esse seja apenas o primeiro de muitos!

Embora nesta Casa eu tenha aprendido muito com a convivência de dois maduros – como agora são chamados os idosos -, entender a gestão da longevidade, do ponto de vista teórico, é essencial para tomada de decisões que afetarão minha vida futura. E, de quebra, é uma baita ginástica para minha mente.

Musculação para o cérebro

Porque não é só corpo que precisa se exercitar, não! E estudar, seja lá qual for o assunto, é musculação para o cérebro.

Se você exerce o papel de cuidador na família, super recomendo os cursos a distância da UNA-SUS para entender melhor esse contexto.  O sistema foi criado em 2010 para atender às necessidades de capacitação e educação permanente dos profissionais que atuam no SUS. Mas extrapolaram essa barreira.

E hoje há opções para qualquer profissional. Mesmo os maduros interessados em conhecer melhor esta fase da vida podem acompanhar sem grandes dificuldades alguns programas na plataforma.

É importante pra todo mundo porque a gestão do envelhecimento demanda compreensão das mudanças do corpo; avaliação das condições psicológicas e sociológicas; conhecimento dos direitos humanos; além da percepção do impacto que a arquitetura de um ambiente causa no indivíduo.

Essas e outras questões são da alçada de um gerontólogo, que é bem diferente de um geriatra. A Geriatria, por sua vez, é uma especialidade médica que estuda doenças ligadas ao envelhecimento.  

“Costumam achar que gerontólogo é dentista ou médico, além de confundirem com geriatria”.

Eva Bettine, presidente da Associação Brasileira de Gerontologia

Eva trabalhava com tecnologia da informação (TI) quando decidiu, por volta dos 50 anos, que começaria uma nova carreira.  Assistindo à televisão, viu uma reportagem sobre os novos cursos da USP e se interessou por Gerontologia. “Acredito que a área tem o papel social de atender à demanda da população idosa, que antes não tinha muita qualidade de vida. Era como se a morte fosse ludibriada com as inovações médicas, mas não havia um ganho real”, conta.

Diversas áreas do saber

Sempre esteve claro para o professor Henrique Salmazo, da pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, a necessidade de investir nos estudos para consolidação da carreira como ciência e profissão. “Hoje, não se trata de demanda apenas de profissionais da Saúde”, diz.

Os interessados pelo curso, assim como esta que vos escreve, pertencem a diversas áreas do saber, incluindo economia, direito, psicologia, serviço social, entre outros.

Salmazo decidiu a carreira por uma questão muito afetiva: “Meus avós representam sabedoria, escuta e acolhida. Cuidar deles, para mim, era um privilégio”. Durante a graduação, teve oportunidade de participar da criação da Liga Acadêmica de Gerontologia e da Associação Brasileira de Gerontologia, onde ocupa o cargo de vice-presidente.

Em seu mestrado, realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, teve o desafio de implantar e coordenar a Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) no município de São Paulo. Depois, ajudou na implantação de centros-dia para idosos e nos grupos de trabalho que debatiam a regulamentação do exercício profissional do bacharel em Gerontologia.

“Creio que todos nós somos formadores de opinião para que o envelhecimento seja um processo assistido, orientado e bem cuidado”, afirma Salmazo, que está trabalhando em três projetos científicos na área.

Aprender para empreender

Jullyane Marques fez sua graduação e mestrado na USP. Agora, atua como diretora operacional e co-fundadora de uma empresa de cuidadores e home care, a Onix – Gestão de Cuidado ao Idoso. “Tudo o que o familiar não pode fazer, a gente faz. Desde acompanhar a pessoa idosa em passeios até pensar em como melhorar o ambiente domiciliar para aqueles que são mais dependentes”, conta.

Neste cenário, o gerontólogo cumpre papel de gestor que visualiza, ao menos, três pontos de vista: paciente, família e cuidador. “O papel da empresa também pretende evitar a opressão de um desses em relação ao outro. Para isso, a comunicação é um fator primordial”, explica.

Ela destaca que o gerontólogo sugere o encaminhamento do cuidado e supervisiona a situação, enquanto o cuidador cumpre uma tarefa mais operacional. Um grande desafio para ambos, entretanto, pode ser no entendimento da família com relação ao trabalho que estão exercendo.

“Algumas famílias ficam receosas com a presença de um gerontólogo em meio ao ambiente familiar. Não entendem que, para melhorar a qualidade de vida do paciente, temos que entender a situação por completo”, explica Jullyane.

Uma carreira, muitos caminhos

A cuidadora Tânia Maria Menezes de Oliveira acompanha Nazareth há quatro anos. A rotina de 12 horas compreende banhos, refeições e passeios. “Com 95 anos de idade, por conta da velhice natural, ela está precisando cada vez mais de cuidados. Tem dias em que ela está, assim como hoje, um pouco mais sonolenta, mas em outro está conversando bastante.

Tânia fez um curso de cuidados à saúde do idoso, no qual aprendeu a parte técnica da profissão. A escolha foi feita devido a uma identificação com idosos e de amor ao cuidado com o outro.

Tiago Nascimento Ordonez trabalha como coordenador do Centro de Convivência Municipal da Pessoa Idosa (CCMI) de Diadema. Ele elabora atividades que acontecem no local e pensa em políticas públicas na área. Uma de suas funções preferidas é organizar intervenções que abordam conceitos de intergeracionalidade.

“É importante para romper com estereótipos, por exemplo, o de crianças acharem que só existem idosos lentos e doentes. O intuito é relembrá-las de que uma pessoa idosa já foi uma criança antes”, afirma.

Quanto à gestão de políticas públicas para a pessoa idosa, Ordonez acredita que o Brasil está caminhando para isso. Ele fez uma especialização em Estatística e utiliza esse conhecimento para argumentar e realizar os projetos do equipamento público com base em dados reais: “fornece maior credibilidade”.

Ele estudou na segunda turma do curso de Gerontologia da EACH. Enquanto estava na graduação, teve a oportunidade de ajudar na implantação da Universidade Aberta à Terceira Idade da USP, no campus da zona leste de São Paulo, onde estudava. O convite foi feito pela professora Meire Cachioni, coordenadora do projeto.

De acordo com ele, é um pouco similar ao trabalho que realiza atualmente, no sentido de desenvolver grupos de encontros com temas que “agregassem para o bem-estar da pessoa idosa, além da Universidade servir como um centro de convivência social.” Ordonez se interessou por Gerontologia exatamente por ser uma profissão que permite o contato humano a partir de um papel de gestor.

Função estratégica

Tamiles Mayumi Miyamoto trabalha em uma operadora de saúde com foco em pessoas idosas. Ela é responsável por elaborar um plano de gestão da saúde do idoso. Uma de suas principais ferramentas são os indicadores de especialidade médica. “Faço um trabalho de analista de dados, o intuito é olhar de forma integrada aquilo o que está acontecendo com a pessoa idosa”, conta.

Um gerontólogo não precisa, necessariamente, ter contato direto com o paciente. É uma função mais estratégica. Ela ressalta que a formação compreende o entendimento do processo do envelhecimento e isso pode envolver muitos cargos diferentes dentro de uma mesma profissão.

Antes de fazer parte da operadora de saúde, Tamiles trabalhava em um núcleo de convivência do idoso. “Era uma ONG vinculada ao setor público. Nela, eu realizava um papel de gerenciamento de pessoas idosas e por isso tinha bastante contato com elas. Foi algo que trouxe bastante aprendizado, bem como o que faço agora no mundo corporativo”, conta.

Tamiles decidiu fazer Gerontologia na USP por ter uma preocupação com os idosos tanto no quesito psicológico quanto social. “Muito advém da vivência no dia a dia, como em transporte público, shoppings e mercados. É notável que a população idosa está cada vez maior.”

Informações de cursos pelo portal da UNA-SUS.
Com informações do Portal Plena e do Jornal da USP.

Estou me tornando a minha mãe. E tenho orgulho disso!

Eu não sei ao certo quando isso aconteceu.  O momento em que me tornei a minha mãe. É claro que não foi uma transformação completa, mas quando me olho no espelho vejo muito dela. Não estou falando de aparência não, embora tenha herdado muitos traços também. Falo de atitude, comportamento mesmo. Eu tenho orgulho disso e nem me importo mais.

Sabe por quê?

Pensando bem, se ela não fosse como é eu não seria eu quem eu sou.

Ela me deu bons exemplos nas grandes questões da vida. Naquelas que realmente importam.  Graças aos princípios dela construí meu caráter e minha índole. Minha essência boa foi cultivada e é isso que importa.

Porque as pequenas coisas a gente tira de letra, né?

E a cada dia que passa eu entendo mais minha mãe. Entendo mais as atitudes dela, compreendo melhor cada não e cada sim que ouvi ao longo da minha vida ao seu lado. Era tudo aos moldes dela, dentro de seus limites daquele momento.  

Acho que é mais fácil perceber isso quando se tem filhos.  Eu não tenho, mas essa proximidade com os bons velhinhos me fez me colocar no lugar deles várias e várias vezes.

Eu fico imaginando um filho meu chegar em casa com mais uma tatuagem no braço, por exemplo. Ou me contando que fumou maconha.  Mesmo que eu não retaliasse, faria um drama absurdo…

Olha eu aí sendo igualzinha a minha mãe!

Seria exatamente o que ela faria comigo.  Só que as coisas mudam. Os tempos são outros e hoje talvez ela até tivesse uma atitude diferente. O que requer de mim outra postura também diante da minha mãe.

Vai saber se logo mais ela não me aparece com uma tatuagem ou um piercing por aqui! Vai saber…

Esses velhinhos andam tão modernos!  Porque ela também mudou e está toda diferentona. Pra “frentex”, como ela diz agora de posse de seu aplicativos e fazendo bom uso da internet. Então , o lance é pegar leve.

Mas tem coisas que não mudam mesmo. De jeito nenhum.  Nunquinha. Esses dias me peguei pensando em quais atitudes eu me pareço mais com a minha mãe. Não achei uma só não, mas uma lista de comportamentos que provam que estou igualzinha a ela. Quer ver?

# A louca da localização

Peço pros amigos mandarem mensagem quando chegam em casa. E pros filhos também! Bendito Whatsapp, né gente? Imagina ter de ficar ligando pra todo mundo pra ter algum sinal de vida? Porque era assim na época da mamãe…

# Vai sempre fazer frio

Digo pra todo mundo levar uma blusa pra sair. Todo mundo mesmo! Virou meio mania, sabe? Outro dia o filho de uma amiga ia pra balada e me peguei recomendando ao garoto levar um casaco… Oh my God!

# Ai minhas manias…

Tenho hábitos estranhos como separar duas buchas para lavar louças: uma delas só para os copos. E deixo isso anotado para quem quiser ver. Não ouse misturar as duas. Tenho a impressão de que o copo não ficará bem limpo. TOC? Que seja!

# Gentileza gera gentileza

Não me conformo com falta de gentileza.Taí uma coisa que não faço questão de mudar. Tem de ser gentil sim! Seja homem ou mulher. Minha mãe sempre prezou pelas pequenas gentilezas como abrir a porta do carro pra ela. E eu também.

# Mas quem é mesmo?

Troco nomes. Eu sei que isso é imperdoável, mas não é por mal. E os nomes nem costumam ser parecidos. Chamo Marta de Solange e assim por diante. Não sei de onde tiro isso. Cismo que a pessoa tem cara de Marta mesmo chamando Solange e aí lascou-se.

# Sem memória

Repito a mesma história um monte de vezes. Repito e repito e repito. Sempre como se fosse a primeira vez. E fico surpresa quando o ouvinte não faz cara de surpresa. Por que será, né?

E vocês? Já pararam pra pensar quais são suas semelhanças com as suas respectivas?

Texto originalmente publicado em Dominique.

Qual o limite para a interdição judicial?

O envelhecimento da população impõe mudanças e novas necessidades em todas as áreas, inclusive na jurídica. Diante dessa realidade, a Associação Brasileira Do Cidadão Sênior (Abracs), a ATIVEN, e o Aging 2.0 São Paulo, em parcerias com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e o Programa de Envelhecimento Ativo Universidade de São Paulo (USP), promovem o seminário “Interdição Judicial Da Pessoa Idosa – Proteção Ou Exclusão Social?”.

O número de idosos no Brasil cresceu, em média, 20% nos últimos 5 anos e já ultrapassou a marca de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos em 2017. Segundo o IBGE, a partir de 2039, haverá mais pessoas idosas que crianças vivendo no país.

“É um desafio enorme para a sociedade brasileira, pois estamos envelhecendo rapidamente sem que tenhamos nos preparado adequadamente para viver essa situação”, diz o presidente da Abracs, Mauro Moreira de Oliveira Freitas, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Idosos da OAB do Distrito Federal.

De acordo com ele, os desafios são enormes para os futuros governos e sociedade, pois terão que atender rapidamente demandas de uma importante parcela da população que estará idosa e exigirá serviços e condições especiais de vida que a legislação garante,  mas que ainda hoje não dispomos.

Além disso, o fato da população estar vivendo cada vez mais gera situações desafiadoras na sociedade e na própria família, com as quais não estamos acostumados a lidar. É o caso da probabilidade de ocorrência de doenças típicas de quem vive mais, como a demência.

Com o acelerado envelhecimento da população, cresce exponencialmente a incidência e prevalência de processos demenciais que podem comprometer parcial ou totalmente a função cognitiva global e manutenção das atividades diárias que garantem autonomia e proteção.

A demência, segundo dados de especialistas, pode se apresentar em 5% dos indivíduos acima de 65 nos e em 20% ou mais dos indivíduos acima de 80 anos. É exatamente nesse contexto que entra a necessidade de proteger o idoso com medidas protetivas, como a interdição judicial, que exige uma cuidadosa avaliação clínica e neuropsicológica que autorize embasar medidas judiciais recomendas.

A ideia do seminário é justamente reunir experientes profissionais da área da saúde e jurídica para informar e discutir os requisitos e caminhos necessários para proteger o idoso, em caso de incapacidade parcial ou total para os atos da sua vida civil, por meio da interdição judicial.

“É importante conhecer esse instrumento legal para que não se torne ferramenta de uso inadequado em disputas com outros fins que não o de proteger o idoso”, afirma Freitas.

O evento está marcado para o dia 14 de fevereiro de 2019, das 09:00 às 12:00, no Auditório do Instituto de Energia e Ambiente da USP, na Av. Professor Luciano Gualberto, nº 1289, Vila Universitária.

A abertura será realizada pelo Ministro José Gregori,  ex-Ministro da Justiça e atual Coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo – USP.

Informações e inscrições aqui.