Estudar para fortalecer a gerontologia no Brasil

Não são poucos os sinais de que até os países mais desenvolvidos enfrentam dificuldades para lidar com o envelhecimento. Reportagem recente da BBC mostra que aposentados japoneses têm cometido pequenos delitos em busca de abrigo nos presídios, onde recebem três refeições por dia e não tem nenhuma conta a pagar. O resultado disso é que quase um terço dos presos agora têm mais de 60 anos. E esse é apenas um aspecto das mudanças que ocorrem a partir da transição demográfica que atravessamos.

O fato é que nossa longevidade, associada à redução das crianças, implica em transformações profundas em todas as frentes. Assim, compreender o impacto global de um Brasil mais idoso será essencial para seu desenvolvimento.

Agora, se não é fácil administrar nem a família, imagina uma população que deve chegar a quase 65 milhões de pessoas em 2050, três vezes mais do que em 2010, segundo o IBGE.

É por isso que resolvi voltar aos bancos escolares para cursar Gerontologia. Mas e o Jornalismo? Calma lá! Dá para conciliar as duas coisas.

E, com certeza, serei bem mais útil para a sociedade adquirindo conhecimento para atender a demanda da população idosa, visto que o fortalecimento da área por aqui é vital para o País.

Você conhece a UNA-SUS?

Bom, tudo isso para contar que enquanto pesquisava as ofertas de cursos encontrei muita informação bacana. Também me matriculei na Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde pra sentir se daria conta dos estudos. Já ouviu falar da UNA-SUS?

Trata-se de uma plataforma que disponibiliza conhecimento e atualização para diversos profissionais gratuitamente. E da qual eu recebi hoje o certificado do curso Envelhecimento da População Brasileira – 2019.  

Espero sinceramente que esse seja apenas o primeiro de muitos!

Embora nesta Casa eu tenha aprendido muito com a convivência de dois maduros – como agora são chamados os idosos -, entender a gestão da longevidade, do ponto de vista teórico, é essencial para tomada de decisões que afetarão minha vida futura. E, de quebra, é uma baita ginástica para minha mente.

Musculação para o cérebro

Porque não é só corpo que precisa se exercitar, não! E estudar, seja lá qual for o assunto, é musculação para o cérebro.

Se você exerce o papel de cuidador na família, super recomendo os cursos a distância da UNA-SUS para entender melhor esse contexto.  O sistema foi criado em 2010 para atender às necessidades de capacitação e educação permanente dos profissionais que atuam no SUS. Mas extrapolaram essa barreira.

E hoje há opções para qualquer profissional. Mesmo os maduros interessados em conhecer melhor esta fase da vida podem acompanhar sem grandes dificuldades alguns programas na plataforma.

É importante pra todo mundo porque a gestão do envelhecimento demanda compreensão das mudanças do corpo; avaliação das condições psicológicas e sociológicas; conhecimento dos direitos humanos; além da percepção do impacto que a arquitetura de um ambiente causa no indivíduo.

Essas e outras questões são da alçada de um gerontólogo, que é bem diferente de um geriatra. A Geriatria, por sua vez, é uma especialidade médica que estuda doenças ligadas ao envelhecimento.  

“Costumam achar que gerontólogo é dentista ou médico, além de confundirem com geriatria”.

Eva Bettine, presidente da Associação Brasileira de Gerontologia

Eva trabalhava com tecnologia da informação (TI) quando decidiu, por volta dos 50 anos, que começaria uma nova carreira.  Assistindo à televisão, viu uma reportagem sobre os novos cursos da USP e se interessou por Gerontologia. “Acredito que a área tem o papel social de atender à demanda da população idosa, que antes não tinha muita qualidade de vida. Era como se a morte fosse ludibriada com as inovações médicas, mas não havia um ganho real”, conta.

Diversas áreas do saber

Sempre esteve claro para o professor Henrique Salmazo, da pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, a necessidade de investir nos estudos para consolidação da carreira como ciência e profissão. “Hoje, não se trata de demanda apenas de profissionais da Saúde”, diz.

Os interessados pelo curso, assim como esta que vos escreve, pertencem a diversas áreas do saber, incluindo economia, direito, psicologia, serviço social, entre outros.

Salmazo decidiu a carreira por uma questão muito afetiva: “Meus avós representam sabedoria, escuta e acolhida. Cuidar deles, para mim, era um privilégio”. Durante a graduação, teve oportunidade de participar da criação da Liga Acadêmica de Gerontologia e da Associação Brasileira de Gerontologia, onde ocupa o cargo de vice-presidente.

Em seu mestrado, realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, teve o desafio de implantar e coordenar a Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) no município de São Paulo. Depois, ajudou na implantação de centros-dia para idosos e nos grupos de trabalho que debatiam a regulamentação do exercício profissional do bacharel em Gerontologia.

“Creio que todos nós somos formadores de opinião para que o envelhecimento seja um processo assistido, orientado e bem cuidado”, afirma Salmazo, que está trabalhando em três projetos científicos na área.

Aprender para empreender

Jullyane Marques fez sua graduação e mestrado na USP. Agora, atua como diretora operacional e co-fundadora de uma empresa de cuidadores e home care, a Onix – Gestão de Cuidado ao Idoso. “Tudo o que o familiar não pode fazer, a gente faz. Desde acompanhar a pessoa idosa em passeios até pensar em como melhorar o ambiente domiciliar para aqueles que são mais dependentes”, conta.

Neste cenário, o gerontólogo cumpre papel de gestor que visualiza, ao menos, três pontos de vista: paciente, família e cuidador. “O papel da empresa também pretende evitar a opressão de um desses em relação ao outro. Para isso, a comunicação é um fator primordial”, explica.

Ela destaca que o gerontólogo sugere o encaminhamento do cuidado e supervisiona a situação, enquanto o cuidador cumpre uma tarefa mais operacional. Um grande desafio para ambos, entretanto, pode ser no entendimento da família com relação ao trabalho que estão exercendo.

“Algumas famílias ficam receosas com a presença de um gerontólogo em meio ao ambiente familiar. Não entendem que, para melhorar a qualidade de vida do paciente, temos que entender a situação por completo”, explica Jullyane.

Uma carreira, muitos caminhos

A cuidadora Tânia Maria Menezes de Oliveira acompanha Nazareth há quatro anos. A rotina de 12 horas compreende banhos, refeições e passeios. “Com 95 anos de idade, por conta da velhice natural, ela está precisando cada vez mais de cuidados. Tem dias em que ela está, assim como hoje, um pouco mais sonolenta, mas em outro está conversando bastante.

Tânia fez um curso de cuidados à saúde do idoso, no qual aprendeu a parte técnica da profissão. A escolha foi feita devido a uma identificação com idosos e de amor ao cuidado com o outro.

Tiago Nascimento Ordonez trabalha como coordenador do Centro de Convivência Municipal da Pessoa Idosa (CCMI) de Diadema. Ele elabora atividades que acontecem no local e pensa em políticas públicas na área. Uma de suas funções preferidas é organizar intervenções que abordam conceitos de intergeracionalidade.

“É importante para romper com estereótipos, por exemplo, o de crianças acharem que só existem idosos lentos e doentes. O intuito é relembrá-las de que uma pessoa idosa já foi uma criança antes”, afirma.

Quanto à gestão de políticas públicas para a pessoa idosa, Ordonez acredita que o Brasil está caminhando para isso. Ele fez uma especialização em Estatística e utiliza esse conhecimento para argumentar e realizar os projetos do equipamento público com base em dados reais: “fornece maior credibilidade”.

Ele estudou na segunda turma do curso de Gerontologia da EACH. Enquanto estava na graduação, teve a oportunidade de ajudar na implantação da Universidade Aberta à Terceira Idade da USP, no campus da zona leste de São Paulo, onde estudava. O convite foi feito pela professora Meire Cachioni, coordenadora do projeto.

De acordo com ele, é um pouco similar ao trabalho que realiza atualmente, no sentido de desenvolver grupos de encontros com temas que “agregassem para o bem-estar da pessoa idosa, além da Universidade servir como um centro de convivência social.” Ordonez se interessou por Gerontologia exatamente por ser uma profissão que permite o contato humano a partir de um papel de gestor.

Função estratégica

Tamiles Mayumi Miyamoto trabalha em uma operadora de saúde com foco em pessoas idosas. Ela é responsável por elaborar um plano de gestão da saúde do idoso. Uma de suas principais ferramentas são os indicadores de especialidade médica. “Faço um trabalho de analista de dados, o intuito é olhar de forma integrada aquilo o que está acontecendo com a pessoa idosa”, conta.

Um gerontólogo não precisa, necessariamente, ter contato direto com o paciente. É uma função mais estratégica. Ela ressalta que a formação compreende o entendimento do processo do envelhecimento e isso pode envolver muitos cargos diferentes dentro de uma mesma profissão.

Antes de fazer parte da operadora de saúde, Tamiles trabalhava em um núcleo de convivência do idoso. “Era uma ONG vinculada ao setor público. Nela, eu realizava um papel de gerenciamento de pessoas idosas e por isso tinha bastante contato com elas. Foi algo que trouxe bastante aprendizado, bem como o que faço agora no mundo corporativo”, conta.

Tamiles decidiu fazer Gerontologia na USP por ter uma preocupação com os idosos tanto no quesito psicológico quanto social. “Muito advém da vivência no dia a dia, como em transporte público, shoppings e mercados. É notável que a população idosa está cada vez maior.”

Informações de cursos pelo portal da UNA-SUS.
Com informações do Portal Plena e do Jornal da USP.

Corrida é um baita antídoto contra o ageismo

Conheci o Marião ( como gosta de ser chamado o cara aí da foto), já com mais de 60 anos, na assessoria esportiva Enjoy Running, onde treinei por muito tempo. Foi ali, no Parque do Ibirapuera, que acompanhei sua evolução, saindo do sedentarismo até se tornar maratonista. Sim, 42.195 KMs feitos com uma alegria contagiante. Vou convidá-lo para escrever um depoimento aqui para o Casa de Mãe. Acho sua caminhada algo inspirador.

Claro que ele não é o único a superar limites numa fase da vida até pouco tempo considerada avançada demais para alçar novos voos. Citei o percurso do Mario porque corremos juntos, de igual pra igual, independentemente da idade. E comigo correram outras tantas pessoas mais jovens e com capacidade física completamente diferentes. Mas a corrida, democrática que é, nos uniu. E nos tornamos um grupo de apoio, carinhosamente batizado de Família Enjoy.

Qualquer um de nós que já ultrapassou a barreira dos “enta” sabe que tem muito a ganhar com essa atividade física frente ao envelhecimento. Só precisa se tornar um hábito para que a gente possa promover a saúde e prevenir doenças. Não adianta ser corredor de fim de semana, não!

Agora, está comprovado que correr regularmente ajuda a melhorar o funcionamento do sistema cardiovascular, o que evita doenças como infarto e AVC. Achou pouco? Ao aumentar o condicionamento físico, a corrida fortalece os músculos e os ossos, prevenindo a sarcopenia e a osteoporose, além de auxiliar no controle do colesterol. Todas aquelas coisas que, vamos combinar, a gente sabe que vão aparecer com o tempo.

Mas o melhor de tudo eu ainda não contei! Ela inunda o nosso organismo com endorfina, hormônio que causa sensação de bem-estar. Tem droga melhor?

Li, ainda, que alguns cientistas juram que correr regularmente reduz mudanças na estrutura cerebral relacionadas ao envelhecimento e pode até levar ao surgimento de novos neurônios. Só isso já seria o suficiente pra animar a gente a dar a largada para abraçar esse novo hábito.

Mas antes de dar o primeiro passo é preciso alguns cuidados básicos. Se você nunca correu, comece com um teste ergométrico – aquela avaliação cardiológica para identificar como o organismo reage ao exercício.  E isso não é tudo. Depois de certa idade, é preciso seguir algumas regras para praticar atividade física com segurança.

Veja quais são:

  • Faça check-ups médicos regularmente (a cada seis meses ou um ano).
  • Busque orientação de um profissional de educação física para realizar os treinos. As assessorias de corrida hoje são bem acessíveis e permitem a formação de grupos.
  • Prefira sempre correr acompanhado. Além de ajudar a construir novas amizades, isso é bom para sua segurança.
  • Mantenha uma alimentação equilibrada e adequada para as necessidades do seu organismo. Por isso, é importante se consultar com um nutricionista.
  • Respeite os limites do corpo. A qualquer sinal de dor, tontura ou mal-estar, pare. Procure um médico.
  • Beba água ao longo do dia e também durante o treino, para ficar bem hidratado.
  • Procure correr em percursos que não possuem muitos obstáculos, como buracos, degraus e pedras. É bom prevenir tombos.
  • Evite fazer atividades físicas nas horas mais quentes do dia, entre 10h e 18h.
  • Inclua no seu treino exercícios que contribuam para o ganho de força e equilíbrio, como musculação ou pilates.
  • Escolha o tênis adequado, de acordo com seu tipo de pisada: neutra, pronada ou supinada. Prefira modelos com solado macio para absorver o impacto e, assim, evitar lesões nas articulações, principalmente no joelho.
  • A melhor maneira de se certificar de sua pisada é procurar um médico ortopedista, de preferência especializado em tornozelo e pé. Caso alguma doença seja diagnosticada, é necessário fazer testes com um fisioterapeuta especializado em baropodometria, que é a análise de marcha.
  • Outra dica valiosa é não usar tênis apertado e nem folgado demais. Quando experimentar, verifique se que existe uma folga de cerca de 1,5 cm entre o dedo grande e a ponta do calçado.22
  • E nada de estrear tênis na primeira corrida, hein!

Texto originalmente publicado em Dominique.

Seja você a sua fonte da juventude

Sabemos hoje que a fonte para um envelhecimento saudável está em nós mesmos: nos cuidados com o corpo, a mente e a alma. E essa constatação deve ser vista como evolução da sociedade. É o que afirma a médica Maisa Kairalla, coordenadora do Ambulatório de Transição de Cuidados do Serviço de Geriatria e Gerontologia da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, SBGG.

A fonte da juventude é uma lenda greco-romana que foi apropriada pelo Renascimento Europeu no século 16. Na mitologia, é um rio que saía do Monte Olimpo e passava pela Terra. Como vinha de deuses, seria capaz de dar a imortalidade a quem bebesse de sua água. Sabemos hoje que a fonte para um envelhecimento saudável está em nós mesmos: nos cuidados com o corpo, a mente e a alma. E essa constatação deve ser vista como evolução da sociedade. É o que afirma a médica Maisa Kairalla, coordenadora do Ambulatório de Transição de Cuidados do Serviço de Geriatria e Gerontologia da Unifesp e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo, SBGG.

Em entrevista ao Portal Plena*, ela destaca que envelhecimento e  longevidade são processos que devem ser compreendidos como grandes avanços. A falta de preparo para este momento, porém, cria um sentimento negativo. “É preciso maior educação e conhecimento sobre o tema”, diz a especialista, para quem é preciso se cuidar desde cedo para garantir um amadurecimento saudável e qualidade de vida, com produtividade e independência.  “É preciso mostrar aos jovens que eles não serão jovens para sempre e que a maneira como se leva a vida fará toda diferença ao longo dos anos.” Confira os principais trechos dessa conversa:

A senhora  acredita que o tema envelhecimento tem sido discutido da forma que deveria no Brasil?

Não. Estamos aquém do que deveríamos falar e aprender. O tema tem um impacto social e econômico decisivo para o país.

O que poderia ser feito para começarmos já esse debate?

Há políticas públicas bem desenhadas que devem ser implementadas. Mas, precisamos discutir mais, ensinar sobre o envelhecimento desde a escola infantil. Educar para envelhecer.

A longevidade deveria ser algo a se comemorar, mas acaba se tornando um problema. A senhora não acha que o a velocidade do envelhecimento populacional  criará um quadro de caos social?

Sim, se nada for feito para lidar com o fenômeno.

Como a senhora vê o envelhecimento brasileiro contextualizado em um país que não consegue resolver problemas básicos de educação e saúde?

Um problema socioeconômico de grande impacto.

De maneira geral, a velhice é tida como uma época de desencanto e inatividade, poucos conseguem vivê-la de forma ativa e saudável. O que poderia ser feito para mudarmos essa ideia de que ser velho é estar ‘acabado’ para a vida?

Praticar atividade física, manter uma alimentação saudável, pensar na saúde desde cedo. Mudar a cultura.

A partir de que idade seria importante começarmos a pensar em uma velhice saudável?

Desde a infância e, principalmente, após os 30 anos.

Como mostrar aos jovens que não será jovem para sempre?

Basta entender que a tecnologia e a ciência trouxeram muita longevidade e que vivemos um momento em que a vida é prolongada pela tecnologia. Precisamos nos preparar.

Sobre a necessidade de ter atenção com a população que já atingiu a senioridade, o que poderia ser feito para melhorar a qualidade de vida desta faixa etária?

Promover a prevenção, como o controle da dislipidemia (aumento dos níveis de gordura no sangue) e do diabetes e adotar práticas como a vacinação.

A senhora disse que o médico geriatra tem uma visão muito importante sobre todo o processo de envelhecimento,  mas há outros profissionais envolvidos nesse trabalho de prevenção e educação. A geriatria é uma área da medicina que atrai estudantes ou falta profissional no Brasil?

Ainda somos carentes. Com o grande aumento da população idosa, não conseguimos suprir o mercado e não há uma grande procura por esta especialidade.

Maisa Kairalla/Divulgação

Maisa Kairalla/Divulgação

*O Casa de Mãe é parceiro do Portal Plena.

Longev Week: acesso fácil a conteúdo popular

Um evento democrático sobre Saúde, voltado para a população leiga e não somente para profissionais. É assim que define a Longev Week, seu criador  Edgar Werblowsky, para quem conhecimento é poder: “O conhecimento é a chave de tudo”.

E o acesso à informação que possa garantir saúde, autonomia e independência é a base para o planejamento da vida para a longevidade. “Conhecer o nosso corpo é essencial. Com o transcorrer dos anos ficamos mais vulneráveis às doenças. Ter consciência do que podemos fazer para evitá-las, adiá-las ou tratá-las é um dos objetivos da Longev”, diz Werblowsky.

A Longev Week está marcado para 8 a 14 de dezembro, no teatro da Faculdade de Medicinada Universidade de São Paulo (USP). As inscrições são gratuitas, pelo site, e o participante escolhe até 3 palestras e 3 atividades.

Durante a semana de promoção da saúde e da prevenção de doenças para a longevidade ocorrerão 49 palestras temáticas e 49 atividades de bem-estar. Entre os temas estão o Alzheimer, o Parkinson, as doenças do coração, a diabetes, a depressão e as possibilidades e alternativas para combatê-la, entre dezenas de outros.

Entre os palestrantes estarão a psiquiatra especializada em sexo, Carmita Abdo; o médico especialista em sono, Geraldo Lorenzi Filho; a oncogeriatra Marina Sahade; o médico geriatra especializado em musicoterapia, Thiago Mônaco; e a especialista em aromacologia, Sonia Corazza; entre muitos outros.

Paralelamente às palestras acontecerão atividades que estimulam hábitos saudáveis, como, por exemplo, a dança circular, a cargo de Vaneri de Oliveira; a pintura em aquarela, com a terapeuta artística Mary Porto; o canto, com a maestrina Sonia Marx, entre outras.

SERVIÇOS

Inscrições: http://twixar.me/5Tb3

Quando: 8 a 14 de dezembro

Onde: Av. Dr. Arnaldo, 455 – Cerqueira César, São Paulo – SP, 01246-903

Telefone: (11) 5088-0990

Confira a programação no site :http://longevweek.com.br

O poder da economia prateada digital

Retrato do consumidor sênior realizado pela Hype60+ em parceria com a Mind Miners  mostra que nossos idosos estão cada vez mais digitais, comportamento esse que já influencia na decisão de compra. Hoje 85% desse público tem no Google a principal ferramenta de pesquisa na hora da aquisição de um produto. E as compras pela internet já somam 47%.

A pesquisa Hábitos de Consumo dos 50+, porém, revela que a maioria dos entrevistados (57%) se sente invisível para o mercado. Trata-se de uma parcela de quase 15% da população brasileira – o Brasil possui quase 30 milhões de pessoas acima dos 60 anos – que buscam atendimento específico.

“As marcas perceberam essa onda, mas não tiveram tempo de se planejar ainda e não sabem como incluir essa parcela da população nos seus negócios”, diz a coordenadora da pesquisa e co-fundadora do Hype60+, Layla Vallias. “Há grandes oportunidades para as empresas entenderem e atenderem melhor esse segmento que só cresce no País”.

O Hype60+ é um núcleo formado por um grupo de profissionais de marketing especializados no consumidor sênior e que juntos, ajudam empresas e organizações a desenvolverem melhores produtos, serviços e experiências para o público maduro.

Sem estereótipos

Layla destaca que os 50+ estão longe do estereótipo do velhinho de bengala ou tricotando sentado numa cadeira de balanço que fazem parte do imaginário popular. “Em meados século passado chegar a maturidade parecia um milagre, hoje ela é um novo ciclo cheio de oportunidades e isso se reflete nos hábitos de consumo”, afirma.

Daí o termo Economia Prateada, que surgiu no Japão – país com maior número de idosos no mundo – na década de 1970, e se espalhou pela Europa, a começar pela França. “Hoje se houve muito falar sobre ‘silver economy’ e ‘gray dollar’ nos Estados Unidos também”, conta Layla. Na prática, é a economia alimentada pelos consumidores com 60 anos de idades ou mais. Os grisalhos, em bom português.

Em 2010, a quantia gasta por essa faixa etária foi de 8 US$ trilhões. A previsão é de que alcance US$ 15 trilhões até 2020. Um imenso mercado, de acordo com o Movimento Mundo Prateado.

Um sinal dessa tendência é indicado pelo artigo publicado pelo The Fiscal Times de 2015 que chama atenção para o fato de a famosa Selfridges londrina  lançar uma campanha orientada aos consumidores grisalhos, pela primeira vez naquele ano. Suas vitrines, antes sempre ocupadas por jovens, abriram espaço para os sonhos de consumo bancados pela economia prateada. “É o reconhecimento de que eles agora são protagonistas no mercado”, avalia Layla.

Conectados ao mundo digital

Os consumidores brasileiros desta faixa são igualmente ávidos por bens e serviços que aumentem sua qualidade de vida e sejam desenhados levando em consideração suas necessidades.  De acordo com a pesquisa, que analisou o que os maduros mais consomem e do que sentem falta, os sites de notícias (85%) e redes sociais (83%) são os principais meios utilizados pelos 50+ para se manter informados. Veículos tradicionais como o jornal e televisão tem perdido espaço na busca por informação.

O serviço mais consumido, no geral, é a TV paga, mas isso pode mudar por faixa etária. Para quem tem entre 50 e 59 anos, serviços de entretenimento, como Netflix e Spotify são os mais acessados, enquanto para quem tem mais de 60 anos mobilidade e saúde figuram nos serviços mais procurados.

Apontou ainda que Educação está entre as prioridades: 55% dos 50+ sentem falta de cursos no geral (fora línguas), seguido de vestuário e roupas adequados a sua idade (47%). Para 42% faltam alimentos que atendam necessidades específicas, enquanto serviços de turismo e cursos de idiomas/ intercâmbio aparecem com (37%) e (34%), respectivamente. As soluções para adaptação/ acessibilidade da casa foram apontados por 32% dos entrevistados e produtos de beleza por 30%.

De acordo com o estudo, alimentação (46%) e plano de saúde (39%) são as principais despesas pessoais citadas pelos entrevistados. Os gastos com a casa representam 67% da renda e 19% são destinados aos gastos pessoais.

Das 863 pessoas de todo o país entrevistadas, 73% afirmaram ter casa própria, 14% moram em casa alugada. Outros 7% moram em casa própria em pagamento e 6% em moradia emprestada ou cedida. Os 50+ estão vivendo cada vez mais sozinhos, seja por viuvez, ninho vazio ou separação. No entanto, 33% moram em duas pessoas, em geral o cônjuge e são responsáveis pelas próprias compras.

É um retrato que revela o tamanho do desafio das empresas para incluir esse público na sua estratégia de negócio.

Sapato velho também pode percorrer uma nova estrada

Em vez de falar de problemas (e, acreditem, não são poucos) vamos falar de soluções? Ao longo do tempo em que tenho me dedicado a escrever sobre a longevidade, descobri inúmeras iniciativas que não só propõem respostas positivas ao envelhecimento como ressignificam essa fase da vida.  O Lab 60+ é uma delas. E acabo de me associar ao movimento. Não, eu não tenho 60 anos. Mas vou chegar lá. Espero! E, afinal, trata-se de uma conversa da qual todos nós devemos fazer parte.

No decorrer do tempo pretendo apresentar a vocês todas essas iniciativas que tenho tido o prazer de conhecer e que me abriram os olhos para enxergar que um par de sapato velho pode sim percorrer uma nova estrada.  Hoje eu trago o Lab 60+ para falar do que tem sido feito em prol da revolução da longevidade porque sempre admirei e valorizei o empreendedorismo. Mais do que isso: sempre sonhei empreender e nesse movimento há diversas pessoas que fizeram da aposentadoria o pontapé inicial para finalmente realizar seus sonhos.

Além do dominó e do bingo

Novamente trago o exemplo de Casa. Meu pai, embora não tenha se capacitado tanto, ilustra perfeitamente como se manter ativo é vital para o bem-estar físico e emocional, além de contribuir para melhorar a qualidade de vida da família quando a aposentadoria reduziu seu poder aquisitivo. Só parou para cuidar da minha mãe quando a vida assim o exigiu. E estava pronto.

Como ele, hoje no Brasil, cerca de 650 mil idosos estão atuando estrategicamente, além do dominó e do bingo. Calcula-se que por volta de 3,1% dos empreendedores brasileiros têm mais de 60 anos e, com o aumento na qualidade de vida, o número de empresários nesta faixa etária não vai parar de crescer.

Empreender depois dos 50 anos é um caminho sem volta para milhares de pessoas ao redor do planeta. Os fatores que contribuem para isso são muitos: aumento da longevidade, desemprego, aposentadoria ou mesmo realização pessoal estão entre os principais.

Os números impressionam. A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2015 registrou que 30% dos empreendedores em estágio inicial têm entre 45 e 64 anos. No caso de negócios já estabelecidos, esse número sobe para 59%.

De acordo com o Sebrae, depois dos 60 anos pode ser, literalmente, a melhor idade para iniciar um novo negócio. Isso porque os idosos esbanjam mais saúde e disposição do que muitos jovens e, se eles tiverem atualizando-se ao longo do tempo, a experiência e a maturidade vão garantir muitos pontos positivos para o empreendedorismo.

Ferramentas naturais

Questões relacionadas à aposentadoria, como “O que eu vou fazer durante o dia?” podem se transformar em poderosos estimulantes. É possível encontrar na maturidade e na experiência de vida características essenciais ao empreendedorismo, como conhecimento (ter o saber), habilidade (saber fazer) e atitude (querer fazer), o famoso CHA.

Se você ainda tem dúvidas ou não sabe por onde começar a ajudar seu idoso, o Lab 60+ pode ser o primeiro passo. O movimento realiza anualmente um encontro entre pessoas e instituições para debater as possibilidades de viver e contribuir de forma ativa para a sociedade após os 60.

Protagonismo do idoso

“O protagonismo é fundamental no desenvolvimento de um mundo que respeite a todos; um mundo de cuidado recíproco. Devemos agir como indivíduos que pensam como coletivo, construindo uma realidade que traduza os ganhos e benefícios de envelhecer.”, diz o Manifesto do Lab 60+.Há ainda muitos cursos dedicados para essa faixa etária e literatura que podem ajudar nesse caminho. Separei aqui duas opções: o curso Empreendedorismo na Maturidade e o livro O Empreendedorismo na Maturidade. Mas as possibilidades são infinitas e vale lembrar que sempre é possível iniciar qualquer curso independentemente da idade. E trilhar qualquer caminho.

Um jovem país de cabelos grisalhos

O rótulo de país de jovens não cabe mais ao Brasil, que vem se transformando num jovem país de cabelos grisalhos. Segundo as estatísticas, caminhamos rapidamente rumo a um perfil demográfico cada vez mais envelhecido.  A mudança se dá em razão da queda da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida e uma redução da taxa de fecundidade. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) dão conta que em 2025 o Brasil será o sexto do mundo com o maior número de pessoas mais velhas. E falta menos de uma década para 2025. Diante dessa realidade, será que estamos preparados para lidar com as questões da longevidade?

Reeducação

Quando os problemas ambientais vieram à tona, toda a sociedade teve de passar por uma reeducação que a levou a rever seu comportamento. De lá para cá, o entendimento do ciclo de vida de um produto faz parte do cotidiano das mais diversas gerações, que entenderam a preservação do meio ambiente como algo essencial para o futuro do planeta. O desafio agora é modificar a compreensão sobre o ciclo da vida humana para ressignificar a longevidade, um fenômeno inédito para os brasileiros.

“Tudo é muito novo e demanda uma mudança cultural até do próprio idoso. É preciso não só entender, mas viver o envelhecimento com naturalidade”, diz Simone Jardim, embaixadora da Aging 2.0.

A Aging 2.0 é uma organização global, com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, que promove o fortalecimento de startups focadas em produtos e serviços inovadores para o público 50+. No Brasil, há duas representações desse ecossistema de negócios, chamados capítulos: o de São Paulo e o do Rio de Janeiro.

Aceitação

Simone destaca que o Brasil é um país que ainda não aceita rugas e segue um padrão de beleza juvenil. Não à toa, chegou a liderar o ranking de cirurgias plásticas, à frente dos Estados Unidos, puxado pelas intervenções estéticas.  “O preconceito tem de acabar e a sociedade precisa entender quais questionamentos devem ser feitos diante da diversidade cultural da população para desenvolver políticas públicas eficientes”, avalia. “A velhice não é homogênea”.

Sinal disso vem do empreendedor Antônio Vilmar Stachuk. Dono de um café numa badalada academia de São Paulo, Tony, como é conhecido, tem 56 anos, é homossexual e mora sozinho. Gosta de ir ao teatro, de beber cerveja e tem muitos sonhos, entre os quais viajar pelo mundo.  Os planos, porém, são sempre adiados, pois o trabalho consome tempo integral, das 6h às 22h, inclusive aos sábados. Nem por isso pensa em se aposentar. “É graças a esse corre-corre que mantenho a alegria de viver”, conta.

Pensamento semelhante tem o engenheiro Mário Solari. Aos 60 anos e recém-aposentado, nem sonha em parar. E é justamente para atender pessoas como Tony que vem se dedicando ao projeto Idade Livre, uma startup voltada para o turismo na maturidade. A decisão conta com apoio de toda a família e a animação não passa despercebida quando ele conta os planos para os próximos 30 anos.

“O turismo é uma consequência da busca pelo bem estar”, explica o novo empreendedor, que cursa pós-graduação em Marketing Digital. “Quem se considera idoso aos 60 vive em outra época”.

Não é o que sentiu na pele a jornalista Denise Ribeiro. Embora não revele a idade, ela experimentou o preconceito no mercado de trabalho ao passar dos 50 e se ver descartada pelas empresas de comunicação, que costumam priorizar os jovens. “Eu tenho um excelente histórico profissional, mas ele não é levado em conta”, avalia. “Tenho a sensação de estar numa arca de Noé de humanos, cercada de clichês por todos os lados”, reclama.

Individualidade

Essas histórias de vida indicam que é preciso levar em conta que nem todos os idosos querem pular de paraquedas. E nem todos os idosos desejam se aposentar ou passar o restante de suas vidas tricotando ou jogando dominó numa praça. “Há de se chegar a alternativas para todos os anseios”, diz a gerontóloga Marília Berzins, doutora em Saúde Pública e presidente do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE).

Para ela, o Brasil ainda não dá a devida atenção à questão do envelhecimento. “Não há políticas públicas estabelecidas, o mercado não leva em conta as reais necessidades da maturidade e os idosos não protagonizam a própria causa, que é o envelhecimento, uma das maiores conquistas da história recente da humanidade”.

Mercado em expansão

Trata-se, destaca Marília, de um segmento expressivo, representando hoje  algo em torno de 13% do total da população brasileira e 17,9% do eleitorado. Entretanto, as questões que envolvem o envelhecimento e suas implicações não estão pautadas nas agendais eleitorais de nenhuma esfera.  “Temos um marco legal bastante avançado, mas na prática temos a escassez e ausência dos serviços garantidos por esses instrumentos. É um Brasil legal distante do Brasil real”.

Essa ausência do compromisso político com as questões da maturidade reflete o pensamento social em relação ao envelhecimento, ainda fundamentado em mitos e preconceitos.  “O jovem sempre é prioridade e enquanto não se romper esses padrões dominantes não haverá avanços na construção de uma sociedade para todas as idades”.

Apesar de algumas conquistas como o Estatuto do Idoso, a complexidade de lidar com a maturidade ainda padece de males crônicos como abandono, violência e preconceito. Não é preciso procurar muito para encontrar idosos em situação vulnerável, como seu Aurélio Mei, de 81 anos, hoje morador do Lar dos Velhinhos de Campinas (SP).

Ele morou com a irmã até sua morte, quando a sobrinha o convidou para continuar com a família. Ao completar 80 anos, sendo 60 deles trabalhando, decidiu vender sua banca de frutas no centro da cidade e buscar outra ocupação. Foi quando teve todo seu dinheiro roubado pela sobrinha, com quem mantinha uma conta conjunta. “Estou há um ano aqui no Lar, cuido da horta e estou muito feliz”, conta. “O importante é ocupar a cabeça com algum tipo de atividade”.

Etarismo

Algo nem sempre permitido por pura discriminação. E discriminar pessoas como seu Aurélio ou qualquer grupo etário tem um nome: etarismo. Um problema muito frequente no mercado de trabalho.

Experiência da seguradora Mondial Assistance mostra que há preconceito evidente até mesmo entre os idosos.  A empresa contratou 40 pessoas mais velhas e passou por uma saia justa para resolver conflitos entre mulheres que nunca tinham trabalhado dentro do próprio grupo.

Para amenizar questões desse naipe o empresário Nilton Molina idealizou o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon. O objetivo é contribuir com ações concretas, especialmente na área do trabalho, de cidades e mobilização social, para colocar a questão da longevidade na agenda de desenvolvimento da sociedade brasileira e propor soluções em torno dos seus impactos sociais e econômicos.

Muito além da Previdência

“Trata-se de uma parcela da população vista ainda como um fardo para a economia. Foi o déficit na Previdência Social que despertou o Brasil para questões relacionadas ao envelhecimento”, diz Molina.

Foi a partir do instituto que surgiu o Movimento Real Idade, que reúne apoiadores de todos os segmentos da sociedade e do governo, em torno do tema, a fim de discutir a rápida mudança demográfica no Brasil e aprofundar a percepção das oportunidades e desafios provocados por esse processo.

São duas as propostas encabeçadas pelo movimento. A primeira é a requalificação e reinserção dos profissionais com mais de 50 anos no mercado de trabalho, por meio da implantação do Regime Especial de Trabalho do Aposentado (RETA), que prevê incentivos fiscais e tributários a empresas que contratarem pessoas nessa faixa etária.

O RETA é comparado à Lei de Estágio, prevendo relações trabalhistas mais flexíveis e incentivos para empresas que contratarem profissionais aposentados e com mais de 60 anos, projeto que está em linha com o Estatuto do Idoso. A redação do projeto de lei é dos professores Hélio Zylberstajn, da FEA, e Nelson Mannrich, da Faculdade de Direito da USP.

Outra medida é a criação do Índice Real Idade de Longevidade, projeto que destacará anualmente as cidades brasileiras mais bem preparadas para atender as necessidades de suas comunidades, cada vez mais longevas. A iniciativa tem assinatura do pesquisador Wesley Mendes da Silva, do Instituto de Finanças da FGV/SP.  “Reunimos mais de 80 indicadores de 500 cidades brasileiras”, conta Molina.

Ele destaca que o grande vetor para a largada do instituto foi uma pesquisa do Data Popular sobre a renda média dos brasileiros com 50 anos ou mais, que está 40% acima da renda média nacional. É um público que movimenta em torno de R$ 1,58 trilhão, equivalente ao consumo de duas Holandas.  “Mesmo assim, além da indústria da doença, não se vê nenhuma outra investindo em produtos específicos”, diz.

O Movimento Real Idade se assemelha à plataforma da Associação Americana dos Aposentados (AARP), uma organização sem fins lucrativos, apartidária, composta por sócios, que ajuda pessoas acima de 50 anos ou mais a melhorar sua qualidade de vida.

A AARP atua com serviços comunitários via Fundação e por meio de doações. Atua ainda em publicações, pesquisas, eventos, produtos e serviços, em que se arrecadam os recursos para sua sustentabilidade, além de anúncios em seu portal. Cada sócio paga cerca de US$ 20 ao ano e tem direito aos benefícios que a associação oferece, como cartões de crédito.

Empreendedor na maturidade

Mas o Movimento Real Idade não é o único que surge nesse caminho. A Rede Lab 60+ é outra que propõe respostas positivas e inovadoras para a longevidade.

Trata-se de um ecossistema de negócios inovadores com foco em produtos e serviços pensados especialmente para atender às expectativas dos consumidores de idade mais avançada. A proposta é transformar as visões estereotipadas que a sociedade brasileira ainda tem sobre as pessoas mais maduras, como considerá-las “velhas” demais para atuar no mercado de trabalho ou iniciar um negócio próprio, praticar esportes radicais ou voltar á sala de aula.

“É um espaço que fomenta a conexão da diversidade, seja intergeracional ou setorial, na busca de soluções coletivas para as questões trazidas pelo envelhecimento”, define o empreendedor Sérgio Serapião, idealizador do coletivo. “Dessa forma também cidadãos vivenciam e ressignificam essa etapa da vida”.

Pensamento disruptivo

Com a mesma pegada nasceu o Maturity Now. Um movimento em rede aberta para conectar agentes transformadores da maturidade, empoderada, empreendedora e com propósito de gerar mudanças na sociedade, conforme descreve Max Nolan Shen, idealizador do Maturity Now. “A ideia é criar novas soluções de produtos e serviços por meio do empreendedorismo na maturidade”.

Além do foco na maturidade, iniciativas como o Maturity Now, o Lab 60+ e o Aging 2.0 têm em comum a aposta no pensamento disruptivo e na atuação por meio de parcerias estratégicas. Seus protagonistas perceberam que fazer mais com mais idade, permite não só rever conceitos, mas colocar em prática alternativas mais eficazes para lidar com o crescimento exponencial e as necessidades complexas da população idosa que hoje alcança países ricos e emergentes.

Sinal de que iniciativas como essas são bem vindas, bem vistas e têm contribuído para a sociedade vêm da Virada da Maturidade, que chega a sua quarta edição depois de público 10 mil pessoas em 2015.  O evento contará com uma agenda de atividades que acontecem simultaneamente em vários pontos de São Paulo, e que trazem discussões especialmente planejadas para destacar os desafios e as oportunidades da longevidade.

Idealizada pelos psicólogos Fernanda Gouveia e Fernando Seacero, a expectativa agora é dobrar o número de participantes para 20 mil pessoas. “O objetivo é que a Virada se torne um movimento de valorização da pessoa idosa e que mobilize, a cada ano, mais pessoas e instituições para refletirem sobre a preparação da nossa sociedade para o envelhecimento”, diz Fernanda, que busca parceiros que compartilhem dos mesmos pressupostos e que queiram integrar o movimento.

Segundo Fernanda, em 2015, inicialmente, foi um desafio promover ações em que as pessoas ‘50+’ aparecessem de forma ativa, porém, em seguida, o  desenvolvimento do projeto foi inspirador. “Mostramos que o idoso pode ser protagonista de sua vida e divulgamos alternativas que oferecem oportunidades variadas”.

Ao ouvir um depoimento de um idoso ou uma história de vida, por exemplo, o público – seja lá de qual geração for – é tocado de maneira direta.  Apresentar as atividades nesse modelo traz um efeito muito mais significativo do que apenas falar sobre o potencial e a sabedoria dos idosos. A Virada da Maturidade quer mobilizar e gerar reflexão, causar impacto e surpreender. “Está funcionando”, afirma Fernanda.

Texto originalmente publicado na Revista Problemas Brasileiros.