Longev Week: acesso fácil a conteúdo popular

Um evento democrático sobre Saúde, voltado para a população leiga e não somente para profissionais. É assim que define a Longev Week, seu criador  Edgar Werblowsky, para quem conhecimento é poder: “O conhecimento é a chave de tudo”.

E o acesso à informação que possa garantir saúde, autonomia e independência é a base para o planejamento da vida para a longevidade. “Conhecer o nosso corpo é essencial. Com o transcorrer dos anos ficamos mais vulneráveis às doenças. Ter consciência do que podemos fazer para evitá-las, adiá-las ou tratá-las é um dos objetivos da Longev”, diz Werblowsky.

A Longev Week está marcado para 8 a 14 de dezembro, no teatro da Faculdade de Medicinada Universidade de São Paulo (USP). As inscrições são gratuitas, pelo site, e o participante escolhe até 3 palestras e 3 atividades.

Durante a semana de promoção da saúde e da prevenção de doenças para a longevidade ocorrerão 49 palestras temáticas e 49 atividades de bem-estar. Entre os temas estão o Alzheimer, o Parkinson, as doenças do coração, a diabetes, a depressão e as possibilidades e alternativas para combatê-la, entre dezenas de outros.

Entre os palestrantes estarão a psiquiatra especializada em sexo, Carmita Abdo; o médico especialista em sono, Geraldo Lorenzi Filho; a oncogeriatra Marina Sahade; o médico geriatra especializado em musicoterapia, Thiago Mônaco; e a especialista em aromacologia, Sonia Corazza; entre muitos outros.

Paralelamente às palestras acontecerão atividades que estimulam hábitos saudáveis, como, por exemplo, a dança circular, a cargo de Vaneri de Oliveira; a pintura em aquarela, com a terapeuta artística Mary Porto; o canto, com a maestrina Sonia Marx, entre outras.

SERVIÇOS

Inscrições: http://twixar.me/5Tb3

Quando: 8 a 14 de dezembro

Onde: Av. Dr. Arnaldo, 455 – Cerqueira César, São Paulo – SP, 01246-903

Telefone: (11) 5088-0990

Confira a programação no site :http://longevweek.com.br

Informação à moda antiga

Cebes lança radionovela para ampliar conhecimento sobre o SUS. E a Rádio 60.0, quem diria, é tocada pelos velhinhos mais animados do litoral santista.

Quais são seus hábitos matinais? O que você costuma fazer logo que sai da cama? Bem, eu vou te contar um segredinho! Antes mesmo de escovar os dentes, eu ligo o rádio. E quando não tem um aparelho perto, escuto o noticiário – do rádio – pela televisão ou pela internet.

O rádio foi o maior companheiro de todos os brasileiros até a chegada da televisão, internet e a popularização do cinema. Era o grande veículo de comunicação que levava às casas das pessoas músicas, notícias e entretenimento.

No anos 1930 era comum se ouvir no rádio grandes textos teatrais. No entanto, o grande marco deu-se no início dos anos 1940, quando estrearam as radionovelas no Rio e em São Paulo. O gênero logo caiu no gosto do público e foi sucesso de audiência por duas décadas.

Segundo contou a jornalista Rose Saconi, no acervo de  O Estado de S. Paulo, as radionovelas estimulavam a imaginação dos ouvintes. “Era a magia do rádio que permitia se acompanhar uma boa história apenas por meio de vozes e som ambiente”, escreveu.

Os recursos eram poucos, apenas os chamados radioatores protagonizando as tramas com a utilização da voz e os criativos efeitos de sonoplastia. Uma terrível tempestade, por exemplo, não passava de uma folha de zinco balançando. Cavalos em galope eram apenas cascas de coco batendo numa mesa.

Um clima agora resgatado pelo Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (Cebes), com o projeto ComunicaSUS.

Serão dez episódios de radionovelas curtas para ajudar a levar informações sobre o Sistema Único de Saúde. A ideia é conscientizar a sociedade sobre seus direitos, além de valorizar o trabalhador da área, de modo a consolidar o sistema.

Nas radionovelas, SUSete, uma jovem agente de Saúde, vai dividir grandes questões com suas companheiras Ângela e Norma, entre tantos outros personagens, sobre a missão de democratizar a comunicação e a informação no SUS.

Sobre o Cebes

O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde é uma entidade nacional criada em 1976, cuja missão histórica é a luta pela democratização da sociedade e a defesa dos direitos sociais, em particular o direito universal à saúde.

Como espaço plural suprapartidário, reúne ativistas, lideranças, pesquisadores, professores, profissionais e estudantes. Mais do que isso, articula e participa de frentes e alianças com diversos movimentos sociais, grupos e entidades da sociedade civil.

Rádio 60.0

E por falar em rádio, já ouviu a 60.0? Projetada para “dar voz” aos cerca de 80 mil idosos de Santos, em São Paulo, a Rádio 60.0 é iniciativa da prefeitura, tocada pelos velhinhos mais animados do litoral. A programação do veículo transmite, via internet, músicas dos anos 60 a 2000: de Agostinho dos Santos a Clara Nunes e Wanderléa.

O projeto oferece workshop de capacitação em técnicas de rádio aos idosos.  O treinamento tem duração de uma semana e os alunos podem, após a formação, integrar o grupo de voluntários que participam da produção, edição e locução da 60.0.

As aulas ministradas incluem temas como cidadania, internet, redes sociais e aplicativos de celular, história do meio de comunicação e técnicas de locução.

Dia do Idoso é alerta para a sociedade aprender a ressignificar a velhice

Quando os problemas ambientais vieram à tona, toda a sociedade teve de passar por uma reeducação que a levou a rever seu comportamento. De lá para cá, o entendimento do ciclo de vida de um produto faz parte do cotidiano das mais diversas gerações, que entenderam a preservação do meio ambiente como algo essencial para o futuro do planeta. O desafio agora é modificar a compreensão sobre o ciclo da vida humana para ressignificar a longevidade, um fenômeno inédito para os brasileiros.

O Dia Internacional do Idoso, comemorado nesta segunda-feira, 1 de Outubro, foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1991 para sensibilizar a sociedade sobre as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar da população mais idosa. Algo que só se conquista com educação. É a base de tudo. De todo o resto.

Quando os problemas ambientais vieram à tona, toda a sociedade teve de passar por uma reeducação que a levou a rever seu comportamento. De lá para cá, o entendimento do ciclo de vida de um produto faz parte do cotidiano das mais diversas gerações, que entenderam a preservação do meio ambiente como algo essencial para o futuro do planeta. Não é diferente com o envelhecimento. O desafio agora é modificar a compreensão sobre o ciclo da vida humana para ressignificar a longevidade, um fenômeno inédito para os brasileiros.

E, consciente disso, o Portal Plena faz sua parte com o Plena na Escola. Trata-se de um projeto recém-lançado, que debate os reflexos da transição demográfica com os alunos do ensino médio.

De acordo com Ana Cláudia Vargas, o retorno tem sido positivo. “Estudantes interessados, perguntas estimulantes, um cenário que favorece a discussão,  assim têm sido os debates do Plena na Escola, uma iniciativa que se propõe a ser uma conversa franca e aberta sobre a velhice”, conta em seu texto.

Na prática, são conversas  nas quais o economista Wanderley Parizotto fundador do portal, fala aos estudantes sobre o rápido envelhecimento da população brasileira, sobre suas consequências e da importância de se envelhecer de forma autônoma em todos os aspectos. Ou seja, de ressignificar a longevidade.

Segundo Parizotto, a ideia é inserir  o tema do envelhecimento em alguma atividade acadêmica do dia a dia. A discussão demora, em média, uma hora. E todos os assuntos abordados são ilustrados e respaldados em dados do IBGE.

“Procuramos sempre fazer um paralelo com a leitura e o conhecimento matemático, histórico, sociológico, filosófico e assim por diante”, diz. “A intenção é levar este debate para escolas do Brasil inteiro”.

plena nas escolas

Interessados em saber mais sobre o Projeto Plena Na Escola devem entrar em contato com ana.vargas@portalplena.com (11) 99843-9381 ou  wanderley@portalplena.com (11) 994153-7528.

A primavera chegou, mas outubro continua amarelo

A cada 40 segundos, uma pessoa se mata no mundo. Isso é mais do que guerra e homicídios juntos. No Brasil, a taxa de homicídios é maior, mas o número não deixa de ser assustador: são 32 casos por dia. Apesar de ser chamada de “epidemia silenciosa”, há informações disponíveis que são muito úteis para prevenção. Precisam ser divulgadas e colocadas em prática.

Já escrevi aqui sobre o aumento alarmante de suicídio, principalmente entre idosos. E não custa retornar ao tema quando se dedica um mês inteiro, e um tantinho a mais, voltado a sua prevenção. A Universidade de São Paulo está com várias atividades abertas ao público até outubro.  O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) promove simpósios para ajudar os profissionais da Saúde a lidarem com a situação, tratada como epidemia silenciosa. E eu aproveito para recomendar a leitura de um livro incrível, que muito me ajudou durante a fase mais aguda da depressão que tive, há pouco mais de 15 anos. Chama-se “Demônio do meio-dia: Uma anatomia da depressão”, de Andrew Salomon.

Leitura para ser feita a qualquer tempo e em qualquer estação. Afinal, a Primavera está aí para florescer é dentro da gente! Eu gosto muito de uma letra do Ney Matogrosso (ele de novo, sim!!!!) – da época do Secos & Molhados. É uma poesia maravilhosa sobre resistência em qualquer circunstância:

“Quem tem consciência para ter coragem

Quem tem a força de saber que existe

E no centro da própria engrenagem

Inventa a contra-mola que resiste

Quem não vacila mesmo derrotado

Quem já perdido nunca desespera

E envolto em tempestade decepado

Entre os dentes segura a primavera”

Primavera Nos Dentes

E para resistir, o primeiro passo é reconhecer a doença. E admitir que se é portador de algo que precisa ser tão controlado como diabetes ou hipertensão. Precisamos de um novo olhar para os transtornos mentais, que nada mais são que disfunções no funcionamento da mente. E sim, podem afetar qualquer pessoa e em qualquer idade e, geralmente, são provocados por complexas alterações do sistema nervoso central.

Existem diversos tipos de transtornos, que são classificados em tipos, e alguns dos mais comuns incluem aqueles relacionados à ansiedade, depressão, compulsão e alimentação, para citar alguns dos meus velhos conhecidos. E quanto mais informação divulgada maior a chance de prestar assistência a quem precisa. Então, vamos lá!

Debates e assistência psicológica

Até o dia 10 de outubro, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo promove atividades do Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Desde 11 de setembro tem sido realizadas palestras, mesas-redondas, oficinas e atividades culturais, voltadas ao debate e ao acolhimento sobre saúde mental.

Professores da FFLCH e de outras unidades da USP e especialistas de instituições de ensino e saúde vão discutir o assunto de uma forma interdisciplinar. Todas as atividades são gratuitas, mas é preciso inscrição para as oficinas. Interessados devem acessar a  página Setembro Amarelo FFLCHpara se cadastrar.

Plantão de atendimento

No Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), serão oferecidos plantões de atendimento psicológico, sob coordenação da psicóloga Margareth Labate. Eles são promovidos pela Comissão de Apoio à Comunidade (CAC) do instituto. Os atendimentos são gratuitos e acontecem nas salas 205 e 206 do prédio ICB IV, das 10 às 18 horas, às terças e quintas-feiras do mês de setembro.

São Carlos

Em São Carlos, a programação começou no dia 13 de setembro e foi desenvolvida conjuntamente entre a Prefeitura do Campus USP de São Carlos (Serviço Social, Centro Cultural e Cefer), Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Teatro da USP (Tusp), Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (Caaso) e Sanca Social.

Os eventos são destinados a toda a comunidade (alunos, professores e funcionários técnico-administrativos). Não é necessário realizar inscrição prévia. Informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3373-9111.

Ribeirão Preto

Serviços de rotina em saúde mental são oferecidos para todas as unidades do campus pela equipe do Centro de Orientação Psicológica (COPi) – setor especializado no atendimento clínico a alunos e funcionários, mantido pela Prefeitura do Campus da USP em Ribeirão Preto (PUSP-RP). A sede do COPi fica na Rua Clóvis Vieira, casa 32, no campus. Medicina, Direito, Administração e Educação Física também programaram atividades.

Rio Preto

Setembro RP

Em Rio Preto, o Centro de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria Estadual de Saúde, promove, no dia 27 de setembro, o 1º Simpósio Regional de Prevenção ao Suicídio, com diversas palestras voltadas aos profissionais da área. Confira.

Com Portal Plena.

Leia também Depressão é a principal causa de suicídio entre idosos

Compartilhar moradia melhora qualidade de vida

As tradicionais repúblicas deixaram de ser alternativas apenas para estudantes. A população madura tem adotado novas formas de compartilhar residência. Saiba quais são.

O custo de viver sozinho é alto e ainda há o componente da solidão diante do envelhecimento, um quadro que tem levado a população madura a optar pelas chamadas repúblicas. Aquelas mesmas tradicionalmente criadas por estudantes sem recursos para bancar uma moradia individual.  “A tendência é que as pessoas comecem a se agrupar e compartilhar habitação”, diz a gerontóloga Marília Berzins, presidente do Observatório da Longevidade Humana e do Envelhecimento (OLHE).

Desde que exista autonomia para isso pode ser uma alternativa extremamente benéfica, segundo Marília. Tanto é assim que há movimento crescente no mundo para adotar o formato como política pública. Na Espanha, por exemplo, o conceito de cohousing ganhou campanha da Confederação Espanhola de Organizações de Idosos (Ceoma) e da Living Cohousing, empresa social especializada em construir comunidades criadas e dirigidas pelos moradores.

Neste tipo de habitação cada um vive com privacidade em sua casa e compartilha com pessoas de estilo de vida similar ambientes coletivos, como cozinhas e lavanderias, entre outros.  “É uma nova estratégia de moradia que permite criar um ambiente comunitário que se adapte às necessidades atuais e futuras dos moradores”, avalia Marília.

Primeiros passos

No Brasil, o modelo dá seus primeiros passos, como mostra Boletim de Tendência da Construção Civil do Sebrae.  Mas há um longo caminho a ser percorrido. Por aqui, temos dois casos conhecidos, sendo um em Piracicaba, interior de São Paulo. Outro fica em Búzios, região do Lagos, no Rio de Janeiro.  Uma iniciativa que tem à frente a arquiteta Luisa Regina Pessoa, pesquisadora em Saúde Pública.

Não se trata, porém, de uma experiência clássica do sistema. Lá, as casas podem ser privativas (cohousing) ou compartilhadas (coliving), de acordo com as necessidades de cada um. E a própria área onde estão localizadas as dez residências não é um espaço exclusivo para a iniciativa, mas terrenos comprados dentro de um condomínio comum.  “A construção buscou inspiração nos cohousings, ao garantir espaços particulares para os proprietários”, explica.

Luisa conta que a experiência é resultado do seu tempo de trabalho no Abrigo Cristo Redentor, no Rio. Foi quando percebeu que muitos dos 500 atendidos que lá viviam recebiam aposentadoria, mas não tinha como se manter.  “Na idade mais avançada sobem os gastos com remédios e isso, muitas vezes, impossibilita arcar também com alimentação e moradia”, diz. “Esse quadro me fez buscar uma solução”.

Desde 2009, então, Luisa reuniu um grupo de amigos, profissionais liberais, dispostos a planejar o próprio envelhecimento com autonomia.  Com 63 anos, ela conta que a iniciativa aceita pessoas desde a faixa dos 40, interessadas em morar Búzios. Quem tiver interesse é só entrar em contato pelo e-mail luisareginapessoa@hotmail.com.  As fotos que ilustram esse texto é de uma das casas.

Moradores de Búzios

“O próximo passo é encontrar um caminho para aqueles que começam a perder autonomia, com a criação de serviços de cuidadores que atuem coletivamente nesses condomínios”.

República em Santos é exemplo

Embora a privacidade seja menor no formato de república, exemplos como os de Santos mostram que mesmo dividindo o mesmo teto é possível melhorar a qualidade de vida da população idosa.  Lá, a prefeitura criou um serviço por meio da Secretaria de Assistência Social (Seas) para homens e mulheres com mais de 60 anos que vivem em situação de vulnerabilidade social.

Para habitar a República de Idosos, criada em 1995, é necessário que o interessado tenha autonomia e renda fixa até dois salários mínimos (R$ 1.760,00) para pagar um aluguel simbólico, hoje de R$ 150,00. São 29 vagas distribuídas entre três repúblicas.

Também é preciso triagem feita pela equipe técnica da Seção Repúblicas, explica Celiana Nunes, coordenadora da área. “Um dos pré-requisitos é ter independência física e psíquica, não residir com familiares e ser morador de Santos”.

Como se vê, a ideia não é nova, mas tem ganhado corpo o longo dos anos, inclusive no cinema.  O filme “E se vivêssemos todos juntos?”, de 2012, relata a história de um grupo de amigos de longa data que, cansados das regras do asilo, decide empreender uma aventura do tipo.

Se a opção for criar um espaço independente, como no filme, é recomendável planejamento e análise profundos pelo grupo.  Depois das regras estabelecidas é fundamental eleger um líder, alguém que coloque o combinado em prática e ordem na casa. Se não houver liderança o projeto pode estar fadado ao fracasso.

Deu match!

Para facilitar o encontro entre as pessoas certas, nasceu a Morar.com.vc, startup que é uma espécie de Tinder da moradia.  A plataforma conecta pessoas de qualquer idade, com base  em suas características, demandas e afinidades pessoais. A ideia é encontrar parceiros para morar em cohousing ou coliving.

A empresa nasceu da necessidade das empreendedoras Marta Monteiro, de 64, e Veronique Forat, de 61, de se reinventarem profissionalmente.  Aliás, elas se conheceram num workshop destinado a isso. A dupla percebeu, então, algo em comum: energia de sobra e a vontade de continuar trabalhando.

Como contam no site, o projeto identificou uma demanda da própria geração baby boomer, já que a reinvenção da moradia, junto com a do trabalho, será necessária diante dos muitos anos de vida pela frente.

CONFIRA ALGUMAS VANTAGENS DA MORADIA COMPARTILHADA

Convivência entre iguais

Estimula atividades sociais como passeios e cursos. Também possibilita viagens em grupos e conversas no ambiente da casa.

Redução dos custos

Numa república os custos de aluguel, água, luz, internet, faxineira ou empregada podem ser divididos entre as pessoas moradoras no local. A alimentação também pode ser custeada em grupo. Uma pessoa sozinha gasta mais do que duas juntas. E isto não é impossível. Basta planejar todas as compras e solicitar entrega. Com certeza a economia seria surpreendente e evitaria o desconforto de algumas de comer algo na frente de outras sem oferecer.

Apoio médico

Companhias para exames de laboratório e outras necessidades de saída, quando o idoso de fato não pode ir sozinho ou levar acompanhante da família.

Sociabilidade

Se socializar é fundamental para evitar a depressão, problema recorrente da maioria dos idosos que vivem sozinhos, longe de filhos, netos, irmãos e que perderam os amigos por morte.

A força do eleitorado idoso

Ao pesquisar a representatividade do idoso nas urnas, encontrei excelente artigo do demógrafo José Eustáquio Diniz Alves*, doutor e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE. No texto, ele aborda o poder dessa faixa etária nas eleições de 2018. Falei com ele não só para pedir autorização de uso dos dados, mas para entender um pouco melhor esse cenário. Ouvi ainda o consultor político Eduardo Negrão **, que corrobora a tendência do poder prateado, e fala do posicionamento dos candidatos  diante desse Brasil Sênior.

Diálogos produtivos provocam reflexões necessárias. E a conversa com José Alves abriu minha mente para uma situação ainda pouco discutida por aqueles que, como eu, atuam em prol da Economia Prateada.  “Não é somente as pessoas que envelhecem, a estrutura etária da população no mundo também fica envelhecida. A diferença é que, enquanto as pessoas morrem, a população continua viva e com uma estrutura permanentemente envelhecida”, esclarece o pesquisador.

Os desafios são imensos quando se percebe a velocidade desse processo num Brasil que sequer tem projeto para garantir emprego aos jovens em idade economicamente ativa.  “Na França, o envelhecimento foi gradativo e levou ao menos 200 anos para mudar a estrutura etária. Aqui isso não levará 50 anos”, explica Alves.

Para ele, antes de mais nada, é preciso a inclusão de mais de 27 milhões de pessoas desempregadas  – e em idade de trabalhar – no mercado, quando se pensa em políticas públicas focadas em qualidade de vida para a longevidade. “Embora a proporção de idosos no Congresso seja representativa, o cobertor é curto e requer um grande ajuste fiscal, o que não se vê em nenhum programa de governo.”

Liderança grisalha

A mudança em curso no Brasil é tão rápida que pela primeira vez na história, o montante de idosos de 60 anos e mais de idade, aptos a votar, será, significativamente, maior do que o de jovens de 16 a 24 anos e pode ser o fiel da balança nas eleições presidenciais, assim como nas eleições para governadores, senadores e deputados federais e estaduais.

Alves destaca ainda que nas primeiras eleições presidenciais do século XXI, em 2002, havia 24,5 milhões de jovens (16-24 anos) aptos a votar, o que representava 21,2% do eleitorado, contra 15,2 milhões de idosos (60 anos e mais), o que representava 13,2% do eleitorado. Portanto, os eleitores jovens superavam os idosos em quase 10 milhões de indivíduos.

Nas eleições seguintes, o número de jovens foi caindo e o de idosos foi aumentando gradualmente. Nas últimas eleições presidenciais, em 2014, houve um empate técnico (com uma ligeira vantagem dos idosos). O número de jovens caiu para 23 milhões, o que representava 16,1% do eleitorado, enquanto o número dos idosos subiu para 24,3 milhões, representando 17% do eleitorado. Os números são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

A liderança grisalha fica cada vez mais evidente. Os dados do TSE, de março deste ano, indicam 22,3 milhões de jovens aptos a votar (representando 15,3% do eleitorado) e 27,3 milhões de idosos (representando 18,6% do eleitorado).

O número de idosos aptos a votar superará em 5 milhões o número de jovens, em outubro de 2018. Mas isto é só o começo, pois a força eleitoral dos idosos vai crescer muito ao longo do século XXI.

Poder prateado

O eleitorado idoso (60 anos e mais) se igualou com o eleitorado jovem (16 a 24 anos) em 2013. Fazendo uma projeção para as próximas décadas, estima-se que os idosos com 42 milhões de eleitores serão o dobro dos jovens com 21 milhões de eleitores em 2030. Os idosos, com 60 milhões de eleitores serão o triplo dos 20 milhões de jovens em 2043.

A vantagem da população grisalha continuará se ampliando ao longo do século e os idosos com 72 milhões de pessoas, em 2058, devem ter um montante 4 vezes maior do que os 18 milhões de jovens aptos a votar.

O poderio eleitoral do total de idosos vai ser acompanhado pelo poderio das mulheres idosas, pois estas serão entre 55% e 56% do eleitorado em meados do atual século. Portanto, só as mulheres idosas da década de 2050 serão duas vezes maior do que todo o eleitorado jovem de 16 a 24 anos. Assim, as mulheres com mais de 60 anos terão uma força extraordinária na medida em que o processo de envelhecimento populacional se aprofundar.

Na população brasileira, em 2018, os idosos (com 60 anos e mais de idade) representam 13% do total. Porém, entre o eleitorado, o percentual de idosos é de 18,6% do total de eleitores. Os jovens de 16 a 24 anos são 14,7% da população total do Brasil, em 2018, e são 15,3% do total de eleitores. Portanto, proporcionalmente, os idosos estão mais sobre-representados no eleitorado.

Isto configura um poder político significativo no presente. “Caberá aos candidatos apresentar propostas para colocar o país no eixo e para revelar soluções criativas que garantam o bem-estar geral do povo brasileiro, levando em conta as necessidades de todas as gerações”, diz Alves.

Na disputa, porém, os candidatos não parecem dispostos a debater a longevidade de forma mais ampla, por simples questão cultural. “Embora a maioria seja 60+ nenhum assume a idade e faz questão de sempre se mostrar jovem”, diz o jornalista Eduardo Negrão, consultor político. “Ainda existe uma ojeriza de ser identificado como velho.”

Mas numa eleição acirrada como essa, o voto do idoso pode ser decisivo e o debate precisa ir além da reforma da Previdência. “Evidentemente, a população idosa precisa se organizar para participar do processo e fazer valer sua força numérica, apresentando suas demandas na área de saúde, trabalho, moradia e lazer”, completa Alves.

Algo que ainda não ocorre. “Não existe uma bancada organizada da terceira idade. Os representantes dessa parcela não atuam como grupo e não sabem a força que tem”, avalia Negrão. Essa união, ele acredita, poderia significar um poder espetacular de representatividade. Inclusive se houvesse participação dos 70+,  para quem o voto não é obrigatório.

*José Eustáoqui Diniz Alves* escreve para o Portal do Envelhecimento

**Eduardo Negrão é autor do livro México, pecado ao Sul do Rio Grande

Com 15 anos, Estatuto do Idoso ainda é ineficiente

Perdi a conta de quantas ligações da Caixa Econômica Federal meu pai, de 76 anos, recebeu com a oferta de um empréstimo consignado de R$ 10 mil. Um assédio a insistência. Importante contar isso porque nem sempre um idoso compreende o que de fato está acontecendo. E nem sempre haverá um cuidador para colocar os pingos nos is, como tive de fazer com a atendente ao telefone, diante da contundência da oferta.

Prestes a completar 15 anos em primeiro de outubro, o Estatuto do Idoso apresenta falhas e tem muito a ser atualizado, principalmente se for levado em conta esse novo consumidor idoso. Por isso, as alterações recentes sancionadas pelo presidente Michel Temer são positivas, mas insuficientes diante do Brasil Sênior que se desenha.

Basta levar em conta que apesar de ainda jovem, essa legislação não previu quando nasceu que os cidadãos fossem alcançar, e ultrapassar, os 80 anos. Com isso se fez necessário mudanças para priorizar as necessidades dos 80+ em relação aos demais idosos.

“Os idosos 80+ são muito diferentes dos idosos 60+. São mais sensíveis, mais vulneráveis, têm mais problemas físicos, têm (ou não) mobilidade reduzida. Em troca, têm mais conhecimentos acumulados e mais pressa em compartilhar esses conhecimentos”, escreve Vovô Neusa, do alto de seus 85 anos.

Favorável à alteração,  Neuza Guerreiro de Carvalho é um dos Talentos da Maturidade, e a responsável pelo Blog  Vovó Neuza. Professora aposentada, memorialista e pesquisadora, ela tem uma incrível agilidade para conduzir esse trabalho. “Estou saudável, integra o quanto se pode ser nessa idade, ativa, ainda entusiasmada e motivada a procurar projetos e atividades”.

As novas regras definidas representam, sem dúvida, um marco legal na proteção de uma parcela da sociedade brasileira representada por Vovó Neusa e cada vez mais numerosa. Mas isso não significa que os direitos definidos são, na prática, respeitados, conforme apurado por Ana Vargas, gestora do Portal Plena. O canal é o mais novo parceiro do Casa de Mãe. O objetivo  ao unir forças é ampliar e melhorar a cobertura sobre o tema proposto.

“O que se percebe é que o Estatuto do Idoso não tem sido eficiente na proteção dos interesses individuais e coletivos dos idosos brasileiros”, diz o advogado Everson Prado, especialista em Direito Contratual e Consumerista da Barbero Advogados.

Para ele, ainda que a legislação atual detenha instrumentos que impeçam os abusos cometidos contra as pessoas mais velhas, é comum o surgimento de casos de infração contra idosos que necessitam da intervenção do Poder Judiciário para que a legalidade se estabeleça. As políticas abusivas de cobrança de planos de saúde para idosos, bem como situações nas quais ocorre o endividamento destes devido a políticas agressivas de concessão de crédito consignado, são alguns exemplos.

Prado destaca que a oferta ‘facilitada’ de crédito aliada à omissão das reais condições do negócio e do fato de que o desconto das parcelas é feito diretamente na folha de benefício previdenciário, são os principais instrumentos usados pelas empresas deste setor para agir de forma abusiva. Não é razoável exigir que o consumidor idoso, dentro de suas limitações, detenha condições mínimas para compreender todas as informações do crédito ofertado, bem como domine os canais de atendimento, cada vez mais dinâmicos e digitais”.

Não à toa, o Estatuto do Idoso se comunica diretamente com as normas protecionistas do Código de Defesa do Consumidor. E é a grande vulnerabilidade dos idosos diante das investidas cada vez mais abusivas das empresas, combinada com a falta de fiscalização,  que contribuem, segundo Prado, para a judicialização dos casos.

Ele cita, como o exemplo, o julgamento decorrido de uma Ação Civil Coletiva que tramitou perante a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e  que resultou no impedimento de uma prática bastante conhecida por todos nós: a promoção de cartões de crédito via telefone.

Nesta prática muito comum, atendentes ligam para os idosos oferecendo cartões de crédito e estes, munidos de boa fé e ingenuidade, aceitam as propostas feitas e, a partir daí, costumam ficar endividados a ponto de não poderem manter o próprio sustento.

“A ação civil coletiva adveio de denúncia sobre abusividade na concessão de crédito para aposentados e pensionistas com limites superiores em até duas vezes o valor do benefício e com desconto direto em folha de pagamento. Caso flagrante de política agressiva que contribui para o descontrole financeiro dessa fatia da população que demanda atenção especial”, conta Prado.

Por esses e outros motivos, o especialista afirma que o Estatuto doIdoso ainda não alcançou a efetividade esperada.  Veja abaixo os principais pontos desta entrevista:

O Estatuto do Idoso funciona de forma efetiva ou se trata de mais um documento bem intencionado que, na prática, deixa a desejar?

O Estatuto do Idoso, desde sua criação, trouxe importantes avanços na proteção dos interesses individuais e coletivos dos idosos. Acesso ao transporte público gratuito, vagas de estacionamento marcadas, a implementação do benefício assistencial do LOAS [Lei Orgânica de Assistência Social] e a tramitação privilegiada em processos judiciais são exemplos práticos em que o documento alcança alguma efetividade. Todavia, em alguns segmentos específicos, o documento não tem a efetividade esperada, como no caso da exposição exacerbada dos idosos ao crédito facilitado e seus reflexos no cotidiano dessa fatia da população.

Poderia citar algum caso em que sua atuação como advogado beneficiou um idoso que o tenha procurado por ser vítima de algum abuso previsto no Estatuto?

Estamos atuando em um caso em que um casal de idosos teve a contratação de plano de saúde negado em razão da chamada “sinistralidade” e em razão de sua idade avançada.

Quais são os principais abusos cometidos contra os idosos?

Reajuste desproporcional em mensalidades de planos de saúde, cancelamentos de planos de saúde empresarias compulsoriamente após a aposentadoria do idoso e superendividamento do idoso são ocorrências que sempre se repetem.

Em relação ao endividamento, é comum vermos que algumas empresas chegam a ligar insistentemente para idosos/aposentados oferecendo ‘facilidades’ relativas à oferta de crédito e muitos continuam caindo nesse golpe. Não haveria uma maneira legal de impedir isto?

Apesar de um projeto de lei visando beneficiar o consumidor exposto ao assédio típico das empresas desse segmento ter sido aprovado na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara de Deputados, efetivamente não há uma maneira legal de impedir essa prática. O que ocorre é que os benefícios são pagos por meio dos bancos, que tem acesso a esse tipo de informação e a partir disso passam a classificar o idoso como potencial usuário destes serviços de crédito, sem se preocupar, muitas vezes, com a forma que as condições e a contratação do negócio é disponibilizada.

Em relação aos reajustes abusivos dos planos de saúde: como o idoso deve proceder diante disso. O que ele pode fazer, de forma prática e legal, para não aceitar esse tipo de abuso ?

O idoso tem que verificar se o reajuste encontra-se em acordo com a previsão do órgão regulador, que no caso é a ANS. O reajuste do usuário que superou a faixa dos 59 anos não pode ser superior a seis vezes o valor do usuário enquadrado na primeira faixa do plano de saúde, que é aquele que tem idade de 0-18 anos. Caso se verifique o reajuste desproporcional, o idoso pode fazer reclamação junto ao Procon, procurar a Defensoria Pública ou advogado, bem como realizar denúncia ao Ministério Público para averiguar as irregularidades que detém as prerrogativas necessárias para apurar e levar o caso adiante.

A maior parte dos idosos brasileiros é formada por pessoas de classe média/baixa que, em caso de abusos, não teria como arcar com despesas legais. O que pode ser feito?

Não só em relação aos idosos, mas toda a população hipossuficiente economicamente pode valer-se dos benefícios da assistência judiciária gratuita, antes regulada pela Lei 1.060/50 e atualmente enraizada no Código de Processo Civil, o qual garante à parte a isenção de custas e despesas legais aos cidadãos que fizerem prova dessa condição.

Qual sua opinião sobre alteração realizada no Estatuto ano passado?

A alteração traz entendimento que, dentre a população idosa, também há diferenciação em razão do agravamento do risco de saúde pelo avanço de sua idade e diante disso adotou critério objetivo para tratar as urgências em uma camada da população que já deveria ter, em tese, prioridade de atendimento. Do ponto de vista técnico, apesar de não existir ilegalidade na alteração, o que se demonstra é a ineficiência das instituições em garantir uma prioridade que já deveria estar sendo observada.

Com Portal Plena.

Contesto Meryl, mas não quero parecer a Marta

Minha amiga Rosa Bapstistella* deu um depoimento incrível sobre nossas escolhas no processo de envelhecimento. Ou a falta delas. Fazia todo sentido trazê-lo para reflexão nessa Casa.  O que ela nos conta é que não há fórmula contra a idade; um dia, inevitavelmente ela chega. Alguns estão dispostos a fazer qualquer coisa para retardar o relógio, enquanto outros não temem as rugas e entendem que as fases da vida podem ser bacana do seu jeito. Sem perder o humor. Confira!

“À beira dos 70 anos, preciso contar verdades sobre o processo de envelhecimento da pele, para que não se iludam. (E só vou falar da pele, sosseguem.) Está rolando nas redes sociais depoimento atribuído à Meryl Streep do tipo “Que ninguém tire as rugas da minha testa, obtidas pelo assombro diante da beleza da vida; ou da minha boca, blá, blá, blá…, ou a bolsa sob meus olhos, formadas pelas lágrimas…”

Tudo bobagem.

A esta altura da vida, digo pra vocês que não é nada confortável descobrir novas rugas, olheiras pesadas, manchas amareladas a cada olhada no espelho. Se eu soubesse de procedimento e/ou intervenção que melhorasse tudo isso sem esticar minha cara feito papel filme, deixando-me tão artificial como a Barbie ou tão bicuda como Marta Suplicy, mas claro que eu toparia.

Marta Suplicy

Já pensou apagar o bigode chinês? Eliminar todas aquelas malditas ruguinhas em torno dos olhos? E levantar minhas bochechas sem deixar com aquele aspecto de bolinhas de pingue-pongue em cada lado do rosto (vide foto de Meryl)? A testa lisinha? Desde que não fosse um dr. Bumbum, lógico, faria na boa.

Alguns aspectos da “melhor” idade (aliás, melhor para quem, cara pálida?) são de chatice ímpar, mesmo para uma pessoa ativa como eu. Já não chega aposentadoria, banco azul, cartão obrigatório para ocupar vagas em estacionamento – onde tem aquela figurinha simpática, arcada com bengala, estampada no chão????

Imagina se vou olhar no espelho e me conformar: ah,tudo bem, é tão gratificante olhar esta ruguinha bonitinha aqui neste canto que adquiri quando meu ex-marido me botou chifres deste tamanho; ou ah, como é bom ver minha testa franzidinha desde que a simpática Iris Walquiria me demitiu do Estadão; ah, como é bom notar a multiplicação destas manchinhas enferrujadas no meu rosto e colo porque tive tantos dissabores com “amigos” e subordinados!!! As olheiras, ah, gente, as olheiras devo às dolorosas perdas que sofri…

Tá doido? Pirou? Marcas da vida, dores e delícias que vivi estão aqui, bem dentro do meu coração, são minha história. Na realidade, a pele mostra que envelhecemos, pronto, não tem jeito! Pode esticar, NÃO TEM JEITO…

Pode usar cremes riquíssimos em vitamina C, D, H, I, J, L. NÃO TEM JEITO… Um botox aqui, um preenchimento ali, laser na cara toda, plástica, colágeno, fio de ouro, Nefertiti. NÃO TEM JEITO…

Melhora, mas daí a pouco, volta tudo. Envelhecemos, sem volta, está na cara, LITERALMENTE. Nada tenho contra procedimentos dermatológicos, ao contrário. Sabe como é, dar aquele tapinha mais ou menos pra ficar mais alegrinha por alguns dias, vá lá. Mesmo porque, vocês já entenderam que não tem jeito. Agora, dizer que aceito tudo na boa, que cada ruga é um troféu … Tô fora. Sorry, Meryl!”

*Rosa Baptistella é jornalista

Decifra-me ou te devoro

AEstou hospedada na casa da amiga Patrícia Oliveira que é nutricionista e com quem sempre aprendo muito. Essa estada trouxe à tona um assunto bastante importante, que não depende da idade, mas que pode ficar mais complicado à medida que os anos passam. É que a leitura do rótulo dos alimentos não exige somente uma lupa para enxergar as letrinhas miúdas. Requer também sabedoria para decifrar as entrelinhas.

Como sempre a pauta veio de Casa. Depois de anos de insistência, meus pais se convenceram de que alimentos integrais merecem destaque à mesa. Mas ainda pecam por achar que são  totalmente livres numa dieta para perda de peso. Falta-lhes compreensão sobre o que estão ingerindo. Não são os únicos, por certo, diante da crescente preocupação com a saúde e da busca por hábitos mais saudáveis.

Assim, se ler os rótulos dos alimentos deve ser regra, por trás dessa mudança de comportamento existe outro problema significativo: nem todo mundo compreende o que está escrito.

Estudo feito pelo Disque Saúde, do Ministério da Saúde, aponta que apenas 38% das pessoas que fazem leitura das embalagens entendem as informações. A pesquisa não é recente, mas ainda reflete a realidade, segundo Patrícia, à frente da Nutripon Clínica e Consultoria. “O que as pessoas mais olham é a quantidade de calorias”, diz.

Isso, porém, não é nem de longe o mais preocupante. Para uma alimentação saudável, é preciso observar as informações nutricionais e a relação de ingredientes presentes no produto, ou seja, o que cada um deles faz pelo organismo – de bom e de ruim. “O rótulo é uma forma de comunicação da indústria com o consumidor”, explica.

De acordo com ela, esses dados não são equivalentes ao produto como um todo, e sim de uma porção. E aí é que mora o perigo. Na soma, pode estar oculta uma quantidade prejudicial de substâncias como os açúcares acrescentados, considerados ruins, e os açúcares presentes naturalmente, que não são ruins, mas em excesso comprometem a dieta.

“O grande problema é que o açúcar pode estar com outros nomes, como invertido, mascavo, orgânico, demerara. Além disso, sua forma molecular composta por glicose e frutose aparece em outros componentes, como o xarope de glicose, o xarope de milho, a maltodextrina, a dextrina e o mel”, diz Patrícia.

Ela destaca ainda que se o açúcar aparece em primeiro lugar na lista, o produto certamente conterá porções elevadas desse composto. Explica-se: a ordem em que os ingredientes são apresentados obedece ao seu peso no alimento.

As gorduras trans e a interesterificada – mistura de gordura hidrogenada e óleos vegetais – também são ingredientes que costumam ser camuflados. Isso porque a legislação brasileira abre essa brecha.

No caso da trans, encontrada em gorduras hidrogenadas, em frituras e em alimentos de origem animal, se o produto tiver até 0,2 grama, pode ser declarado como isento. Logo, se o consumidor consumir mais que uma única porção ou mesmo consumir outros produtos declarados como isentos, pode passar da quantidade de 2 gramas diárias permitida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (órgão regulador de medicamentos e alimentos) deu prazo até 2018 para retirar essa gordura dos alimentos. A Europa também trabalha nessa questão por causa da Síndrome Metabólica (conjunto de doenças que aumenta o risco de problemas cardiovasculares), da diabetes e da hipertensão.

A gordura na forma interesterificada não é declarada apesar de trazer enormes prejuízos, como diminuição do HDL (o “colesterol bom”, que retira gordura dos vasos e artérias) e aumento do LDL (o “colesterol ruim”, que deposita gordura nos vasos e artérias).

Outro ponto de observação é que o sódio declarado no rótulo é apenas o presente nos alimentos. O que está embutido em aditivos como corantes, por exemplo, não é discriminado no rótulo.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que adultos consumam até 5 gramas por dia de sal e de cerca de 50 gramas por dia no caso dos açúcares. No entanto, um estudo do Ministério da Saúde mostra que 70% dos brasileiros estão extrapolando esses limites e consomem ao redor de 12 gramas de sal, mais do que o dobro do recomendado.

Patrícia ainda destaca que os alimentos processados receberam sal e açúcar para durar mais. Os ultraprocessados – como refeições prontas, feitas com extratos dos produtos naturais – são abundantes em conservantes.

O que é importante observar na hora de comprar um produto?

– Veja a proporção de nutrientes nos ingredientes, como farinha integral, açúcar e sódio, principalmente em dietas que têm restrição destes alimentos ou nutriente;

– Evite alimentos com corantes artificiais ou muitos aditivos;

– Atente a alimentos light: há uma redução de no mínimo 25% em alguns dos seus ingredientes –gordura, açúcar ou calorias –, mas preste atenção, pois ao reduzir a gordura, por exemplo, pode-se aumentar a quantidade de carboidratos;

– Avalie alimentos diet: destinados para uma população com controle específico de algum alimento ou nutriente, como açúcar, mas que podem ter alto teor de gordura ou outro tipo de carboidrato;

– Pacientes com pressão alta devem observar outros ingredientes que contêm sódio, como ciclamato de sódio, bicarbonato de sódio.

– Pessoas em situações de restrição de glúten, lactose ou alérgenos, como castanhas, devem observar se há informação adicional deles da composição do produto.

Fonte: Nutripon Clínica e Consultoria

O que você tem que saber para comprar sem erro

  • Lista de ingredientes

Devem constar em ordem decrescente, conforme a proporção no produto.

  • Aditivos

Estão listados logo após os ingredientes. São substâncias adicionadas aos alimentos com o propósito de manter ou modificar o seu sabor ou de melhorar a sua aparência.

  • Origem do produto

Deve especificar o fabricante e o local de produção.

  • Prazo de validade.

Deve ter dia, mês e ano.

  • Conteúdo líquido

É expresso em unidades como gramas e mililitros.

  • Lote

Deve estar impresso para que o produto seja rastreado e analisado rapidamente em caso de problema.

  • Informações nutricionais:

Elas devem trazer:

a) Porção do alimento: quantidade que deve ser ingerida, considerando uma dieta saudável. Refere-se à porção indicada na embalagem, não ao peso total do produto.

b) % VD: Percentual de valores diários, indicando o quanto o produto apresenta de energia e nutrientes em uma dieta de 2.000 calorias. As calorias, os carboidratos, as proteínas, as gorduras totais e saturadas, a fibra alimentar e o sódio devem ser obrigatoriamente declarados, exceto quando o produto não tiver algum desses nutrientes. Informações complementares como colesterol, cálcio e ferro, além de vitaminas e outros minerais são opcionais.

  • Instruções sobre o modo apropriado

A embalagem deve trazer como fazer reconstituição, descongelamento ou outro tratamento adequado para consumo do produto.

Políticas públicas têm de levar em conta diferentes modos de envelhecer

O interesse sobre longevidade veio com o processo de envelhecimento dos meus pais, fonte inesgotável de pautas. Muito do que escrevo é por causa deles. E sempre fui crítica em relação ao modo como eles enfrentavam as dificuldades de envelhecer. Nesse processo, muitos preconceitos sobre como o velho tem de se comportar diante da velhice caíram por terra.

Nunca se tratou de preconceito no sentido conservador da coisa, mas de cultivar autoestima e de ter coragem para se transformar diante das mudanças inevitáveis. Acontece que duas leituras desta semana me fizeram refletir sobre como é complicado lidar com a diversidade na velhice. E como é difícil manter a liberdade de se envelhecer como se bem entender, pois nem todo mundo envelhece da mesma maneira.

Entre as inúmeras notícias que têm sido divulgadas sobre a Economia Prateada – aquela movimentada pelos grisalhos –, a mídia dá ênfase aos idosos ativos e com autonomia.  Mas embora estejamos vivendo mais, isso não significa que seja com saúde e qualidade de vida.

É o que mostra pesquisa da Organização Pan-Americana de Saúde, realizada desde 2000: a Sabe (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento). A ideia é avaliar como os idosos estão lidando com os desafios da idade em sete centros urbanos, entre os quais Bridgetown (Barbados); Buenos Aires (Argentina); São Paulo (Brasil); Santiago (Chile); Havana (Cuba); Cidade do México (México) e Montevidéu (Uruguai).

O resultado no País reforça a necessidade de uma agenda nacional de saúde pública voltada para o envelhecimento, conforme defende a professora Yeda Aparecida de Oliveira Duarte, do Departamento de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora da Sabe, na coluna de Mariza Tavares, para o G1.

As estatísticas foram apresentadas no XXI Congresso Brasileiro de Geriatria e  Gerontologia, realizado entre 6 e 8 de junho, no Rio de Janeiro. E mostram crescimento do número de idosos com doenças crônicas, assim como aumento do grupo daqueles que não conseguem desempenhar uma ou mais atividade física básica, como alimentar-se ou tomar banho.

Outra grande parcela não consegue realizar ações instrumentais como cozinhar,  usar transporte público ou privado, cuidar de animais de estimação e das próprias finanças.

O que esse estudo desenha é que nem todos envelhecem da mesma maneira. A longevidade não é homogênea. As necessidades vão além do direito à saúde e envolvem a educação de cuidadores e familiares para lidar com isso.

“Não estamos envelhecendo, mas rejuvenescendo”,  contrapõe a pesquisadora do Instituto de Pesquisas Econômicas (IPEA), Ana Amélia Camarano, especialista em envelhecimento populacional, em entrevista para a Folha de S. Paulo.  Para ela,  o conceito de idoso ficou velho.

Sob esse ângulo, os 60+ de hoje não são idosos como os de antigamente. E, mesmo com as rugas e os joelhos doloridos, continuam a ser na velhice quem sempre foram no decorrer de suas vidas. Respeitar essa individualidade faz parte de uma cultura que ainda precisa ser construída.

Universo diverso em Gracie and Frankie

Para quem deseja entender um pouco melhor desse universo diverso, recomendo a série Gracie and Frankie, de Marta Kauffman (a mesma de Friends) e Howard J. Morris.  E fica aqui meu obrigada à Netflix, que detém os direitos autorais da imagem usada acima, pois se aventurar pela narrativa é  o mesmo que receber um abraço.

“Grace and Frankie exalta a fortaleza destas mulheres que encontraram o próprio conforto por meio da adversidade. O que de fora soa como teimosia para elas é na verdade um ato de resistência, no melhor sentido da palavra”, avalia o AdoroCinema.

A trama gira em torno da questão do envelhecimento,  de forma dramática mas com muito humor. Tudo começa quando Grace (Jane Fonda) e Frankie (Lily Tomlin) se veem obrigadas a dividir moradia após seus respectivos maridos Robert (Martin Sheen) e Sol (Sam Waterston) se declararem gays e amantes há 20 anos.

Diga-se de passagem, que todos estão na faixa dos 70, mas as mulheres – sempre tidas como seres mais frágeis – protagonizam a trama. Sem dar spoiler e ainda entretida com a terceira temporada – a estreia da quinta está prevista para 2019 – gostaria apenas de destacar o quão didática ela pode ser para lidarmos com o ageismo.

Muito além da reforma da Previdência

No trato com o envelhecimento, uma questão fundamental, de acordo com a especialista do IPEA, é pensar na velhice desde já e garantir que os idosos do futuro, os novos idosos, envelheçam bem até 2050, quando o número de 60+ mais deve triplicar. Algo só possível com políticas públicas na área de educação, trabalho e renda, além de saúde.

Por isso, conhecer o universo tão bem retratado em Gracie and Frankie pode ajudar a refletir sobre as diferenças na hora de elaborar um projeto para o futuro, que não é linear. Quem me garante que em vez do cartão de estacionamento para idoso eu não vou precisar é de uma boa calçada para circular com uma possante cadeira de rodas?

Reflexões como essas precisam pautar o diálogo da sociedade agora para construção de um caminho que todos nós vamos inevitavelmente trilhar.  Não é o rótulo em relação a essa fase da vida que importa, mas como nos educamos em relação a esse processo para o amanhã, e de que maneira atuamos hoje. É isso que fará a diferença.

Então seja lá qual for o termo adotado – velhice, terceira idade, melhor idade, longevidade, maturidade –, o que importa é que somos seres únicos e precisamos batalhar pelo direito de envelhecer ao nosso modo.  Afinal, como diz a canção Noite Severina, lindamente interpretada por Ney Matogrosso, um ícone da longevidade e da diversidade: “Cada ser tem sonhos a sua maneira”.